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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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FUTEBOL

Empresas de telefonia patrocinam times, bancam jogos amistosos, dão nome a ligas inteiras e investem em estrelas

Indústria do alô investe milhões na bola

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o mundo da bola, nada é melhor hoje do que ver as pessoas passarem horas no telefone.
A indústria do alô, principalmente a de celulares, investe milhões de dólares em patrocínios de clubes, competições oficiais, promoções de jogos amistosos e no pagamento de cachês de publicidade para astros do futebol.
Muitos dos clubes mais poderosos da Europa têm como principal investidor companhias do setor. Para estampar sua marca na camisa do Manchester United, por exemplo, a Vodafone, empresa inglesa de telefonia celular, paga US$ 12 milhões anuais.
Para não perder espaço para sua concorrente, a também britânica O2 acertou com o londrino Arsenal, principal rival do Manchester United e que embolsa US$ 8 milhões por ano pelo patrocínio.
O Real Madrid, de Ronaldo, recebe US$ 10 milhões da Siemens Mobile, que ainda patrocina outras 23 equipes européias, incluindo a Lazio e o Bordeaux.
Outro gigante europeu, o Bayern de Munique, também fatura quase uma dezena de milhões de dólares vendendo espaço na sua camisa para uma empresa de telefonia celular -a T-Mobile, subsidiária da Deutsch Telekom.
Até os milionários amistosos da seleção brasileira são viabilizados pelos investimentos do setor. Nas três partidas realizadas pelo time pentacampeão nesta temporada, o principal patrocinador era sempre uma empresa de telefonia.
Contra a China, quando a CBF recebeu US$ 1,25 milhão, uma companhia local bancou a festa. Contra Portugal, em março, foi a vez da Vodafone garantir boa parte da cota de US$ 450 mil.
Por último, em jogo que custou US$ 800 mil só de cota para o México, o braço de celulares da Telefonica viabilizou o confronto.
Existem casos mais extremos, como encampar campeonatos inteiros. Para ganhar espaço no gigantesco mercado chinês (são 200 milhões de usuários de celulares), a Siemens Mobile gastou US$ 11 milhões para batizar com seu nome o campeonato da primeira divisão do país asiático. Além disso, a empresa alemã também investe nas seleções chinesas, tanto no modesto time masculino como na poderosa equipe feminina.
Ainda na Ásia, na última Copa do Mundo compunham a lista de patrocinadores oficiais da Fifa outras duas representantes de um dos ramos mais vigorosos da economia mundial, uma da Coréia do Sul e outra do Japão.

Pessoa física
Mas não é só nas pessoas jurídicas do futebol que os dólares das telefônicas estão interessados.
Para alavancar suas vendas especialmente no Japão, a Vodafone vai pagar, por dois anos de contrato, US$ 3 milhões ao astro do Manchester David Beckham.
"Ele é o esportista mais conhecido na Ásia, está à frente de Tiger Woods e Michael Jordan", explica Peter Harris, diretor de patrocínios e mídia da empresa.
A guerra dos telefones, inclusive, pode afetar o futuro do capitão da seleção inglesa, já que a Vodafone teria problemas em ver seu garoto-propaganda atuar com a camisa do Real Madrid com a marca da Siemens estampada.


Colaborou Marcelo Sakate, da Reportagem Local

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