São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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Teixeira volta a Brasília e faz lobby por verba e Copa

Presidente da CBF pisa no Congresso pela primeira vez desde CPIs e leva convites da festa do centenário da Fifa para integrantes dos três Poderes

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Dois anos e meio após ser metralhado em duas CPIs que devassaram sua gestão na CBF e sua vida privada, Ricardo Teixeira voltou a fazer corpo-a-corpo no centro do poder em Brasília.
Longe dos holofotes e munido de convites assinados por Joseph Blatter para viagem a Paris com tudo pago pela Fifa, o presidente da CBF reativou o lobby da entidade na capital federal. Foi a primeira vez que Teixeira pisou no Congresso depois do depoimento aos deputados da CPI da CBF/Nike, em 10 de abril de 2001, apontado por ele mesmo como um dos piores momentos de sua gestão.
Em dois dias, segunda e terça-feira da semana passada, o cartola teve audiência com representantes influentes dos três Poderes.
Começou o périplo pela esfera que foi a principal pedra no sapato dos 15 anos de sua gestão. Almoçou na casa do presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), acompanhado de Fernando Sarney, filho do ex-presidente da República e vice da CBF para a região Norte. Foi recebido pelo presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP).
Do Senado, convidou ainda o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), seu amigo de escola Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o petista Delcídio do Amaral (MS).
A todos, fez o mesmo discurso. Ao entregar a carta em que o presidente da Fifa convida para a festa do centenário da entidade, no jogo França x Brasil, falou sobre a importância da presença da nata política brasileira em Paris. Disse que seria a melhor forma de demonstrar que o país está empenhado na candidatura brasileira a sede da Copa de 2014.
A escolha acontece apenas em 2008. Com o apoio de representantes de todos os partidos importantes, Teixeira quer mostrar a seus pares na Fifa que o compromisso em torno da postulação não é apenas do governo Lula, e sim de toda a sociedade brasileira.
O dirigente também esteve na Esplanada dos Ministérios. Entregou o convite a Agnelo Queiroz (Esporte), Ciro Gomes (Integração Nacional) e Walfrido Mares Guia (Turismo). Gilberto Gil (Cultura) também está na lista.
Do Judiciário, Teixeira encontrou o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal, e o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Vantuil Abdala. A comitiva embarca para Paris, em vôo fretado pela Fifa, na segunda.
A visita a Brasília não teve apenas a Copa-14 como justificativa. O dirigente aproveitou para fazer corpo-a-corpo no DF para defender alterações legislativas que beneficiem o futebol. A última vez que isso ocorreu foi em 2000, quando o senador Maguito Vilela (PMDB-GO) alterou a Lei Pelé.
A João Paulo Cunha, por exemplo, o presidente da CBF pediu empenho na inclusão de regras específicas para o jogador de futebol no Estatuto do Desporto. A demanda do setor é pela vedação de pagamento de adicional noturno e horas extras aos atletas.
"Falei para o presidente da Câmara que ele tem que nos ajudar nesse assunto. Os clubes não podem ficar nessa situação financeira, é preciso mudar a legislação", afirmou ontem o presidente da CBF, que embarcou para Zurique, onde participa da reunião que decidirá a sede da Copa de 2010.
O cartola também pediu aos congressistas que parte do dinheiro da Lei Piva passe ao futebol -hoje, o Comitê Olímpico Brasileiro (85%) e o Comitê Paraolímpico (15%) dividem as verbas advindas das loterias.
Segundo a Folha apurou, essa demanda não foi feita na conversa com o ministro do Esporte. A avaliação na CBF é que Agnelo Queiroz está totalmente alinhado com Carlos Arthur Nuzman (COB), que não aceita perder arrecadação da loteria para o futebol.
Na visita ao presidente do TST, Teixeira levou proposta para fixar um teto para as ações trabalhista. Os clubes e a CBF querem que o TST fixe em 15% das receitas a parcela máxima destinada pelos clubes ao pagamentos dessas dívidas -o que já acontece em Pernambuco e no Rio de Janeiro.


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