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BASQUETE
Pelas barbas do Barbosa
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Antonio Carlos Barbosa,
59, não ocupará em 2005 o
cargo de técnico da seleção feminina. Paulo Bassul, 36, assistente
dele e vice-campeão mundial com
as juvenis, será o substituto.
O plano da Confederação Brasileira de Basquete não foi divulgado -nem deve ser. Mas está traçado. "Ninguém é eterno", já confidenciou aos mais próximos o
presidente Gerasime Bozikis.
O resultado nos Jogos de Atenas
definirá os termos da mudança.
Se o time ficar longe do pódio,
ela levará o rótulo de "correção de
rumo". Bassul será exaltado por
oferecer ao mesmo tempo o vigor
da juventude e a vivência de anos
de serviços prestados à seleção.
Exatamente como ocorreu no
masculino em 2002, na troca de
Hélio Rubens pelo auxiliar Lula.
Se o Brasil beliscar um bronze
ou uma prata, o pacote será
anunciado como uma "passagem
natural" de bastão entre gerações. Barbosa fechará por cima,
condecorado, o ciclo de oito anos.
O dominó seguirá curso mesmo
que um milagre adorne o peito
das meninas com o ouro olímpico. Será apenas retardado um
pouco, para não atrapalhar a sucessão de justas homenagens.
Em todos os cenários, Barbosa
não ficará na mão. A confederação resolveu criar para ele o posto
de coordenador de seleções.
De certa forma, a estratégia da
CBB explica a repentina aspiração política do treinador. Para
quem não sabe, há algumas semanas ele deu sinal verde a amigos para que trabalhem sua candidatura à Prefeitura de Bauru.
O técnico afirmou não ver problemas em conciliar a extenuante
rotina de treinos e partidas de um
ano olímpico com os numerosos
compromissos eleitorais (plataforma de campanha, plano de governo, alianças partidárias, programas de rádio e TV etc).
A declaração, estapafúrdia, arranha o currículo de uma pessoa
habitualmente sensata. Os bauruenses devem ter se assustado
com o pára-quedismo. Os basqueteiros, com a prova de desapego.
Por um lado, ótimo!, o projeto
pessoal de Barbosa desautoriza a
febre nacionalista, essa bienal
conversa fiada de que somente a
"amarelinha" importa. Legitima,
por exemplo, a hesitação da ala
Iziane, titular no Pré-Olímpico,
que cogita perder até cinco semanas de treinamentos da seleção a
fim de não correr o risco de fechar
seu mercado na WNBA.
Por outro, péssimo!, desmoraliza a CBB, que hoje anuncia a lista
de convocadas. Fica difícil os dirigentes falarem na melhor preparação da história se o próprio técnico admite não mergulhar de
corpo e alma na empreitada.
O leitor fiel (você está aí?) sabe.
Sempre defendi que Barbosa tivesse a oportunidade de ser "julgado" em Atenas-04. Afinal, vários fatores extraquadra determinaram a desastrosa sétima colocação no Mundial da China-02.
Mas talvez seja o caso de a CBB
adiantar a agenda e lançar o "cover" de Zagallo antes da Olimpíada. Não haveria crueldade, dada
a "crise existencial" de Barbosa.
O gesto poria fogo nas garotas. E
o basquete aprendeu, chamuscado pelo tropeço do novo masculino, que pode ser mais proveitoso
testar o sucessor logo na fogueira.
Navalha 1
Na semana passada, a CBB tirou Bassul da seleção juvenil, o primeiro
lance do xadrez come-come. Só o pbf.blogspot.com atentou para a
fumaça. Parabéns ao Bert, que não perde a forma na direção do blog.
Navalha 2
Outro site guerrilheiro -e obrigatório para o basqueteiro-, o
www.diariodobasquete.com passa por reconstrução, depois de ter
sido atacado por piratas laranjas do ciberespaço. Força ao Bruno.
Navalha 3
O www.basketbrasil.com.br tem proposta diferente, menos incendiária. Mas também merece a visita do internauta. Em português, é o
melhor compêndio das notícias da NBA. Boa sorte ao Paulo Roberto.
E-mail melk@uol.com.br
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