São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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FUTEBOL

Equilíbrio

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Um dos "mantras" repetidos pelo técnico Carlos Alberto Parreira é a idéia de que uma equipe de futebol precisa ser "equilibrada". Na voz do treinador da seleção, esse sábio lugar-comum pode às vezes parecer uma tática conservadora para rejeitar pressões por uma escalação mais ofensiva. É óbvio, porém, que mesmo com variações de grau, um bom time deve procurar manter equilíbrio entre as funções de defesa, armação e ataque.
Em grande medida foi isso o que faltou ao Real Madrid tanto na Liga dos Campeões como no Campeonato Espanhol, que acaba de ser conquistado pelo Valencia. Os "galáticos", que pareciam formar, de fato, um time de outro planeta, naufragaram de maneira retumbante por não conseguir aliar o talento ao desempenho de algumas funções básicas.
Chega a ser divertido (quando pensamos nas freqüentes críticas aos "brucutus" feitas no Brasil), que os fãs do Real Madrid torçam desesperadamente para que seu time contrate o volante Emerson ou outro meio-campista do gênero para tentar melhorar a marcação e o desarme.
É evidente que o desequilíbrio é um defeito importante da equipe, mas não creio que seja só essa a explicação. O que me pergunto é até que ponto essa superconstelação constitui de fato um time. Até que ponto falamos de um grupo minimamente unido e empenhado em defender uma camisa?
Os sinais são de que isso não existe. Os caras são profissionais milionários, que procuram cumprir seus deveres contratuais, mas que não parecem dispostos a ir muito além disso. Não se sente uma vontade coletiva, aquele compromisso com a conquista que faz a diferença.
O Real Madrid joga como se a vitória devesse surgir naturalmente, em sinal de admiração à "genialidade" daqueles senhores de branco. A conquista, no entanto, mesmo se gentil com os talentosos, exige também unidade, determinação e concentração.
São virtudes que o Valencia exibiu. Foi inegavelmente a melhor equipe do campeonato (mesmo porque nesse tipo de competição sempre ganha o melhor). Mostrou talento e muito equilíbrio do gol ao ataque.
 
Equilíbrio é também o que vem faltando ao Santos, tanto do ponto de vista tático quanto emocional. No primeiro caso, o principal problema era mais do que conhecido: faltava um centroavante -algo que chega a ser ridículo, tratando-se de um clube desse porte. Mas isso diz bastante sobre as carências de nossos clubes de futebol. Com a chegada de Deivid, a coisa melhora.
Quanto ao aspecto emocional, os sinais são preocupantes. Algum desequilíbrio importante deve haver num time que acaba perdendo de 4 x 2 depois de estar vencendo de 2 x 0...
Resta saber o que Vanderlei Luxemburgo irá fazer nessa sua volta à Vila Belmiro. Pelo seu conhecido histórico, devemos esperar ótimos resultados seguidos de grande confusão.

Acorda, Rio!
Rubro-negro que sou, quase que aproveitei a semelhança de uniformes para torcer pelo Vitória no domingo. A derrota do campeão carioca por 5 a 1 foi um alerta. Soou um alarme. E um alarme que vale para todos os times do Rio. O Nacional não é aquele mamão com açúcar que se disputa no verão carioca, não. Acorda, comunidade!

Tricolor
E o meu querido São Paulo vai mostrando que evolui. Afora o golaço de Gustavo Nery, exibiu virtudes contra o Coritiba.
Troca no Timão A idéia de trocar Oliveira por Leão é uma típica demonstração de falta de percepção dos problemas. Mas não surpreende nem no Corinthians nem em clube nenhum do Brasil.

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