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FUTEBOL
Equilíbrio
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Um dos "mantras" repetidos
pelo técnico Carlos Alberto
Parreira é a idéia de que uma
equipe de futebol precisa ser
"equilibrada". Na voz do treinador da seleção, esse sábio lugar-comum pode às vezes parecer
uma tática conservadora para rejeitar pressões por uma escalação
mais ofensiva. É óbvio, porém,
que mesmo com variações de
grau, um bom time deve procurar
manter equilíbrio entre as funções de defesa, armação e ataque.
Em grande medida foi isso o
que faltou ao Real Madrid tanto
na Liga dos Campeões como no
Campeonato Espanhol, que acaba de ser conquistado pelo Valencia. Os "galáticos", que pareciam
formar, de fato, um time de outro
planeta, naufragaram de maneira retumbante por não conseguir
aliar o talento ao desempenho de
algumas funções básicas.
Chega a ser divertido (quando
pensamos nas freqüentes críticas
aos "brucutus" feitas no Brasil),
que os fãs do Real Madrid torçam
desesperadamente para que seu
time contrate o volante Emerson
ou outro meio-campista do gênero para tentar melhorar a marcação e o desarme.
É evidente que o desequilíbrio é
um defeito importante da equipe,
mas não creio que seja só essa a
explicação. O que me pergunto é
até que ponto essa superconstelação constitui de fato um time. Até
que ponto falamos de um grupo
minimamente unido e empenhado em defender uma camisa?
Os sinais são de que isso não
existe. Os caras são profissionais
milionários, que procuram cumprir seus deveres contratuais, mas
que não parecem dispostos a ir
muito além disso. Não se sente
uma vontade coletiva, aquele
compromisso com a conquista
que faz a diferença.
O Real Madrid joga como se a
vitória devesse surgir naturalmente, em sinal de admiração à
"genialidade" daqueles senhores
de branco. A conquista, no entanto, mesmo se gentil com os talentosos, exige também unidade, determinação e concentração.
São virtudes que o Valencia exibiu. Foi inegavelmente a melhor
equipe do campeonato (mesmo
porque nesse tipo de competição
sempre ganha o melhor). Mostrou
talento e muito equilíbrio do gol
ao ataque.
Equilíbrio é também o que vem
faltando ao Santos, tanto do ponto de vista tático quanto emocional. No primeiro caso, o principal
problema era mais do que conhecido: faltava um centroavante
-algo que chega a ser ridículo,
tratando-se de um clube desse
porte. Mas isso diz bastante sobre
as carências de nossos clubes de
futebol. Com a chegada de Deivid, a coisa melhora.
Quanto ao aspecto emocional,
os sinais são preocupantes. Algum desequilíbrio importante deve haver num time que acaba
perdendo de 4 x 2 depois de estar
vencendo de 2 x 0...
Resta saber o que Vanderlei Luxemburgo irá fazer nessa sua volta à Vila Belmiro. Pelo seu conhecido histórico, devemos esperar
ótimos resultados seguidos de
grande confusão.
Acorda, Rio!
Rubro-negro que sou, quase
que aproveitei a semelhança de
uniformes para torcer pelo Vitória no domingo. A derrota do
campeão carioca por 5 a 1 foi
um alerta. Soou um alarme. E
um alarme que vale para todos
os times do Rio. O Nacional não
é aquele mamão com açúcar
que se disputa no verão carioca,
não. Acorda, comunidade!
Tricolor
E o meu querido São Paulo vai
mostrando que evolui. Afora o
golaço de Gustavo Nery, exibiu
virtudes contra o Coritiba.
Troca no Timão
A idéia de trocar Oliveira por
Leão é uma típica demonstração de falta de percepção dos
problemas. Mas não surpreende nem no Corinthians nem em
clube nenhum do Brasil.
E-mail mag@folhasp.com.br
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