São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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COPA 2006

"Caixa da ressonância" de torcida e críticos chega a Parreira, e Marcos, Gustavo Nery e Ricardinho correm risco

Exposto, trio nacional vê vaga ameaçada

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Carlos Alberto Parreira não se cansa de dizer que o torcedor da seleção brasileira é uma "caixa da ressonância" da imprensa.
Mas, na reta final para definir os 23 convocados para o Mundial da Alemanha, é o treinador do time nacional que parece fazer eco aos pedidos de fãs e críticos.
As três grandes dúvidas na lista que será anunciada no Rio de Janeiro na próxima segunda-feira passam pelos únicos três jogadores que estavam entre os favoritos do treinador que continuam atuando no futebol brasileiro.
É verdade que o palmeirense Marcos sofre com seguidas lesões e os corintianos Gustavo Nery e Ricardinho passam por fase ruim. Mas outros preferidos de Parreira, que atuam na Europa, têm os mesmos problemas e prosseguem bem cotados com o treinador.
O zagueiro Roque Júnior não disputou nem metade dos jogos do Bayer Leverkusen na temporada 2005/2006. Ronaldo foi um pouco melhor no Real Madrid, mas não joga uma partida oficial desde o começo de abril e só deve voltar aos gramados quando se apresentar à seleção -no dia 22 de maio, quando a preparação em Weggis, na Suíça, terá início.
A lista de brasileiros que vão estar na Copa que freqüentou o banco de reservas nos últimos meses é imensa. Fazem parte dela nomes menos famosos, como Júlio César e Cicinho, e medalhões, como Cafu, Adriano, Robinho e o próprio Ronaldo.
Só que nenhum deles têm tantos jogos exibidos em emissoras de TV aberta no Brasil como Gustavo Nery e Ricardinho. Os dois são assim massacrados pelos críticos e torcedores.
O fracasso da dupla com o Corinthians na Taça Libertadores da América ganha mais peso do que o fiasco do Real Madrid de Robinho, Ronaldo e Roberto Carlos em todas os torneios espanhóis e europeus da temporada.
Nery e Ricardinho estão confiantes que não serão esquecidos. "Tenho defendido a seleção bem há muito tempo. Mas é o Parreira que precisa responder [se ele será convocado]. Vou continuar trabalhando", disse o meia, que não considera estar jogando mal.
O lateral é mais contundente. "Há quase três anos venho sendo convocado e nunca deixei a desejar. Não são só esses três meses, em que tive vários problemas, que vão fazer o Parreira mudar de opinião sobre mim", falou Nery.
Parreira não fala de nomes da lista que vai anunciar na segunda, mas já deu pistas de que suas dúvidas se concentram no gol, na reserva de Roberto Carlos na lateral esquerda e numa vaga de meia ofensivo ou atacante.
Esses são justamente os lugares disputados por Marcos, Gustavo Nery e Ricardinho. "Houve mudança de rumo em situações que estavam perfeitamente equacionadas", disse o treinador na semana passada, em São Paulo, em mais uma indicação de que o trio "nacional" corre risco.
Outros membros da comissão técnica da seleção garantem que o momento atual, independente da procedência dos jogadores, não será decisivo. "Não importa a fase, o que importa é a qualidade", afirma o coordenador Zagallo.
Em baixa, Marcos, Gustavo Nery e Ricardinho têm concorrentes de peso. No gol, o são-paulino Rogério nunca foi o favorito de Parreira, mas hoje bate Gomes, do PSV, na disputa pela reserva de Dida. Gilberto, do Hertha Berlin e que fez parte da seleção titular na Copa das Confederações, melhor momento de Parreira, já dá pinta de favorito na lateral. Em boa fase no Real Madrid, Júlio Baptista corre com fôlego para ganhar a vaga de Ricardinho no meio.
Se realmente rifar o trio sob suspeita e apostar em substitutos que atuam na Europa, a seleção brasileira terá na Alemanha, pela primeira vez na sua história, um grupo só com jogadores que defendem times do exterior.


Colaborou Eduardo Arruda, enviado especial a Curitiba

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