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COPA 2006
"Caixa da ressonância" de torcida e críticos chega a Parreira, e Marcos, Gustavo Nery e Ricardinho correm risco
Exposto, trio nacional vê vaga ameaçada
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Carlos Alberto Parreira não se
cansa de dizer que o torcedor da
seleção brasileira é uma "caixa da
ressonância" da imprensa.
Mas, na reta final para definir os
23 convocados para o Mundial da
Alemanha, é o treinador do time
nacional que parece fazer eco aos
pedidos de fãs e críticos.
As três grandes dúvidas na lista
que será anunciada no Rio de Janeiro na próxima segunda-feira
passam pelos únicos três jogadores que estavam entre os favoritos
do treinador que continuam
atuando no futebol brasileiro.
É verdade que o palmeirense
Marcos sofre com seguidas lesões
e os corintianos Gustavo Nery e
Ricardinho passam por fase ruim.
Mas outros preferidos de Parreira, que atuam na Europa, têm os
mesmos problemas e prosseguem
bem cotados com o treinador.
O zagueiro Roque Júnior não
disputou nem metade dos jogos
do Bayer Leverkusen na temporada 2005/2006. Ronaldo foi um
pouco melhor no Real Madrid,
mas não joga uma partida oficial
desde o começo de abril e só deve
voltar aos gramados quando se
apresentar à seleção -no dia 22
de maio, quando a preparação em
Weggis, na Suíça, terá início.
A lista de brasileiros que vão estar na Copa que freqüentou o
banco de reservas nos últimos
meses é imensa. Fazem parte dela
nomes menos famosos, como Júlio César e Cicinho, e medalhões,
como Cafu, Adriano, Robinho e o
próprio Ronaldo.
Só que nenhum deles têm tantos jogos exibidos em emissoras
de TV aberta no Brasil como Gustavo Nery e Ricardinho. Os dois
são assim massacrados pelos críticos e torcedores.
O fracasso da dupla com o Corinthians na Taça Libertadores da
América ganha mais peso do que
o fiasco do Real Madrid de Robinho, Ronaldo e Roberto Carlos
em todas os torneios espanhóis e
europeus da temporada.
Nery e Ricardinho estão confiantes que não serão esquecidos.
"Tenho defendido a seleção bem
há muito tempo. Mas é o Parreira
que precisa responder [se ele será
convocado]. Vou continuar trabalhando", disse o meia, que não
considera estar jogando mal.
O lateral é mais contundente.
"Há quase três anos venho sendo
convocado e nunca deixei a desejar. Não são só esses três meses,
em que tive vários problemas, que
vão fazer o Parreira mudar de opinião sobre mim", falou Nery.
Parreira não fala de nomes da
lista que vai anunciar na segunda,
mas já deu pistas de que suas dúvidas se concentram no gol, na reserva de Roberto Carlos na lateral
esquerda e numa vaga de meia
ofensivo ou atacante.
Esses são justamente os lugares
disputados por Marcos, Gustavo
Nery e Ricardinho. "Houve mudança de rumo em situações que
estavam perfeitamente equacionadas", disse o treinador na semana passada, em São Paulo, em
mais uma indicação de que o trio
"nacional" corre risco.
Outros membros da comissão
técnica da seleção garantem que o
momento atual, independente da
procedência dos jogadores, não
será decisivo. "Não importa a fase, o que importa é a qualidade",
afirma o coordenador Zagallo.
Em baixa, Marcos, Gustavo
Nery e Ricardinho têm concorrentes de peso. No gol, o são-paulino Rogério nunca foi o favorito
de Parreira, mas hoje bate Gomes,
do PSV, na disputa pela reserva de
Dida. Gilberto, do Hertha Berlin e
que fez parte da seleção titular na
Copa das Confederações, melhor
momento de Parreira, já dá pinta
de favorito na lateral. Em boa fase
no Real Madrid, Júlio Baptista
corre com fôlego para ganhar a
vaga de Ricardinho no meio.
Se realmente rifar o trio sob suspeita e apostar em substitutos que
atuam na Europa, a seleção brasileira terá na Alemanha, pela primeira vez na sua história, um grupo só com jogadores que defendem times do exterior.
Colaborou Eduardo Arruda,
enviado especial a Curitiba
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