São Paulo, domingo, 11 de maio de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Transmissões eram ruins ou nem chegavam

DA REPORTAGEM LOCAL

As dificuldades para as transmissões dos jogos da Copa-58 não eram poucas. E o sucesso não era garantia de qualidade.
""O maior problema é que não se trabalhava com satélite, que não tinha surgido. As transmissões de longa distância eram por meio meio de transmissores enormes, SSB (Single Side Band). Na realidade, eram duas bandas, uma chegava mais ou menos e a outra muito pior. Havia muita trapalhada nesse tipo de coisa", conta Braga Júnior.
A situação para o narrador era bem pior do que a vista nos dias atuais. ""Era um negócio meio às cegas. Não tinha retorno na Copa de 1958, era praticamente impossível nesses grandes eventos. Hoje, transmite-se com uma segurança fantástica, o cara tem o retorno, o som, às vezes até o retorno da imagem, transmite vendo o tempo inteiro o que está fazendo", compara o narrador, que é capixaba.
E olha que a Suécia, país-sede daquela Copa, estava avançada já na época, segundo Braga Júnior. ""Era um país rico e dispunha de estrutura muito boa de comunicação. Era de se supor que um país avançado como a Suécia fizesse uma preparação grande para aquela cobertura. Queriam fazer uma divulgação de seu avanço tecnológico."
Porém o ouvinte brasileiro sofria com a recepção, talvez mais do que com a seleção. ""Não chegava nenhuma maravilha a transmissão. Era uma espécie de sanfona, o som aumentava e diminuía. Você não ouvia como hoje, que não tem interferência nenhuma", fala o locutor, que também levou sua voz para lutas épicas de boxe de Eder Jofre e corridas de F-1.
O fato de não haver concorrência com a TV dava outro colorido às narrações (as poucas TVs eram em preto e branco).
""Naquele tempo, não tinha a televisão para te cobrar. Irradiava gol até um minuto depois de ele acontecer", conta Braguinha, que não ia com muita freqüência à concentração da seleção em Hindas -havia encontros com os atletas menos restritos do que ocorre hoje.
""Nós não tínhamos muito dinheiro para gastar. A nossa transmissão foi miserável. O dinheiro era exíguo, o necessário para a cobertura. Outras emissoras tinham mais recursos: a Bandeirantes, que tinha dois extraordinários locutores, Pedro Luiz e Edson Leite, e a Panamericana, que tinha o Geraldo José de Almeida, excelente locutor", relembra Braguinha.
Sem boletins diários, havia tempo para curtir a Suécia: ""Ficávamos por Gotemburgo, vendo meninas e tentando desvendar o grande mistério da época: o sexo livre das suecas." (RBU)


Texto Anterior: Opinião: Comentarista do Mundial ainda atua no Rio Grande do Sul
Próximo Texto: Há 50 anos: Flamengo bate seleção no Rio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.