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Transmissões eram ruins ou nem chegavam
DA REPORTAGEM LOCAL
As dificuldades para as transmissões dos jogos da Copa-58
não eram poucas. E o sucesso
não era garantia de qualidade.
""O maior problema é que não
se trabalhava com satélite, que
não tinha surgido. As transmissões de longa distância eram
por meio meio de transmissores enormes, SSB (Single Side
Band). Na realidade, eram duas
bandas, uma chegava mais ou
menos e a outra muito pior. Havia muita trapalhada nesse tipo
de coisa", conta Braga Júnior.
A situação para o narrador
era bem pior do que a vista nos
dias atuais. ""Era um negócio
meio às cegas. Não tinha retorno na Copa de 1958, era praticamente impossível nesses grandes eventos. Hoje, transmite-se
com uma segurança fantástica,
o cara tem o retorno, o som, às
vezes até o retorno da imagem,
transmite vendo o tempo inteiro o que está fazendo", compara o narrador, que é capixaba.
E olha que a Suécia, país-sede
daquela Copa, estava avançada
já na época, segundo Braga Júnior. ""Era um país rico e dispunha de estrutura muito boa de
comunicação. Era de se supor
que um país avançado como a
Suécia fizesse uma preparação
grande para aquela cobertura.
Queriam fazer uma divulgação
de seu avanço tecnológico."
Porém o ouvinte brasileiro
sofria com a recepção, talvez
mais do que com a seleção.
""Não chegava nenhuma maravilha a transmissão. Era uma
espécie de sanfona, o som aumentava e diminuía. Você não
ouvia como hoje, que não tem
interferência nenhuma", fala o
locutor, que também levou sua
voz para lutas épicas de boxe de
Eder Jofre e corridas de F-1.
O fato de não haver concorrência com a TV dava outro colorido às narrações (as poucas
TVs eram em preto e branco).
""Naquele tempo, não tinha a
televisão para te cobrar. Irradiava gol até um minuto depois
de ele acontecer", conta Braguinha, que não ia com muita
freqüência à concentração da
seleção em Hindas -havia encontros com os atletas menos
restritos do que ocorre hoje.
""Nós não tínhamos muito dinheiro para gastar. A nossa
transmissão foi miserável. O dinheiro era exíguo, o necessário
para a cobertura. Outras emissoras tinham mais recursos: a
Bandeirantes, que tinha dois
extraordinários locutores, Pedro Luiz e Edson Leite, e a Panamericana, que tinha o Geraldo José de Almeida, excelente
locutor", relembra Braguinha.
Sem boletins diários, havia
tempo para curtir a Suécia: ""Ficávamos por Gotemburgo, vendo meninas e tentando desvendar o grande mistério da época:
o sexo livre das suecas."
(RBU)
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