São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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Guerra e diversão embalam Bafanas

Parreira afirma que África do Sul "dará o inferno" aos rivais, mas recomenda que atletas "curtam o jogo"

África do Sul x México O jogo de abertura da Copa do Mundo é hoje, às 11h, com TV

JOSÉ GERALDO COUTO
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO

Poucas vezes uma abertura de Copa teve um significado histórico tão vívido.
O pontapé inicial do primeiro Mundial em solo africano é um momento simbólico especial na saga de um país e de um continente em busca da superação de um doloroso histórico de guerras, fome e iniquidade.
A esperada presença do mítico líder Nelson Mandela, bem como os ecos da vibração das dezenas de milhares de pessoas que foram às ruas de Johannesburgo anteontem para saudar os Bafana Bafana, deve eletrizar a atmosfera do Soccer City Stadium no dia de hoje.
O técnico da seleção local, Carlos Alberto Parreira, tratou de elevar a temperatura do confronto ao dizer ontem, na entrevista coletiva concedida ao fim do treino no Soccer City: "Agora é guerra".
Em outro momento, prometeu que sua equipe "dará o inferno aos adversários".
Falando aos jornalistas pouco depois, o treinador do México, Javier Aguirre, tentou baixar a bola: "Essas são metáforas que a gente usa, mas somos equilibrados. Ademais, há um árbitro e uma bola entre nós".
Se Parreira enfatizou a energia trazida à sua equipe pela população sul-africana, o técnico mexicano chegou a ser irônico: "Tudo isso fica fora durante os 90 minutos. No fim, o que importa é a qualidade do futebol que se joga, não quem tem mais incentivo, mais apoio ou mais amigos", declarou Aguirre.
Quando, na coletiva, um repórter brasileiro fez uma comparação entre o desfile dos jogadores sul-africanos em carro aberto e a bagunça que tomou conta da concentração brasileira em Weggis (Suíça) antes da última Copa, Parreira respondeu: "Não fomos para a rua fazer parada, mesmo porque ainda não temos nada para comemorar".
"Fomos com cinco jogadores para mostrar gratidão pelo apoio, pelo calor da população", disse ele, que dirigiu o Brasil na Alemanha-2006.
Segundo Parreira, a manifestação popular de anteontem em Johannesburgo foi comparável somente à que aconteceu quando Mandela saiu da prisão, em 1990.
Questionado sobre o que Parreira trouxe de bom ao time sul-africano, o zagueiro e capitão Mokoena repetiu várias vezes a palavra "experiência". "Tínhamos que obter a confiança, o apoio da população. O trabalho sério trouxe isso. Tudo tem a ver com a experiência."
Parreira elogiou a seleção do México, que para ele é "a mais ousada" deste Mundial.
"Mas nós temos também a nossa cara. Não queremos jogar como o Brasil, mas aplicar os princípios do futebol brasileiro, de posse de bola e criatividade", declarou.
Indagado sobre quais seriam suas últimas palavras aos atletas antes da estreia, o treinador respondeu: "Enjoy the game" ("Curtam o jogo"). Algo difícil, convenhamos, de se fazer numa guerra.


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