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Guerra e diversão embalam Bafanas
Parreira afirma que África do Sul "dará o inferno" aos rivais, mas recomenda que atletas "curtam o jogo"
África do Sul x México O jogo de abertura da Copa do Mundo é hoje, às 11h, com TV
JOSÉ GERALDO COUTO
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO
Poucas vezes uma abertura de Copa teve um significado histórico tão vívido.
O pontapé inicial do primeiro Mundial em solo africano é um momento simbólico especial na saga de um
país e de um continente em
busca da superação de um
doloroso histórico de guerras, fome e iniquidade.
A esperada presença do
mítico líder Nelson Mandela,
bem como os ecos da vibração das dezenas de milhares
de pessoas que foram às ruas
de Johannesburgo anteontem para saudar os Bafana
Bafana, deve eletrizar a atmosfera do Soccer City Stadium no dia de hoje.
O técnico da seleção local,
Carlos Alberto Parreira, tratou de elevar a temperatura
do confronto ao dizer ontem,
na entrevista coletiva concedida ao fim do treino no Soccer City: "Agora é guerra".
Em outro momento, prometeu que sua equipe "dará
o inferno aos adversários".
Falando aos jornalistas
pouco depois, o treinador do
México, Javier Aguirre, tentou baixar a bola: "Essas são
metáforas que a gente usa,
mas somos equilibrados.
Ademais, há um árbitro e
uma bola entre nós".
Se Parreira enfatizou a
energia trazida à sua equipe
pela população sul-africana,
o técnico mexicano chegou a
ser irônico: "Tudo isso fica
fora durante os 90 minutos.
No fim, o que importa é a
qualidade do futebol que se
joga, não quem tem mais incentivo, mais apoio ou mais
amigos", declarou Aguirre.
Quando, na coletiva, um
repórter brasileiro fez uma
comparação entre o desfile
dos jogadores sul-africanos
em carro aberto e a bagunça
que tomou conta da concentração brasileira em Weggis
(Suíça) antes da última Copa,
Parreira respondeu: "Não fomos para a rua fazer parada,
mesmo porque ainda não temos nada para comemorar".
"Fomos com cinco jogadores para mostrar gratidão pelo apoio, pelo calor da população", disse ele, que dirigiu
o Brasil na Alemanha-2006.
Segundo Parreira, a manifestação popular de anteontem em Johannesburgo foi
comparável somente à que
aconteceu quando Mandela
saiu da prisão, em 1990.
Questionado sobre o que
Parreira trouxe de bom ao time sul-africano, o zagueiro e
capitão Mokoena repetiu várias vezes a palavra "experiência". "Tínhamos que obter a confiança, o apoio da
população. O trabalho sério
trouxe isso. Tudo tem a ver
com a experiência."
Parreira elogiou a seleção
do México, que para ele é "a
mais ousada" deste Mundial.
"Mas nós temos também a
nossa cara. Não queremos jogar como o Brasil, mas aplicar os princípios do futebol
brasileiro, de posse de bola e
criatividade", declarou.
Indagado sobre quais seriam suas últimas palavras
aos atletas antes da estreia, o
treinador respondeu: "Enjoy
the game" ("Curtam o jogo").
Algo difícil, convenhamos,
de se fazer numa guerra.
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