São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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Bandeira ligada a racismo é vetada

Fifa proíbe nos estádios do Mundial antigo símbolo oficial sul-africano que remete ao período do apartheid

DE JOHANNESBURGO
DO ENVIADO A JOHANNESBURGO

Símbolo maior do apartheid, a antiga bandeira da África do Sul será proibida nos estádios durante a Copa.
A regra foi incluída de forma cifrada pela Fifa numa espécie de "manual do torcedor" divulgado anteontem, com veto a "material racista ou xenófobo, por exemplo, camisetas e bandeiras".
Um porta-voz da entidade afirmou à Folha que a antiga bandeira está incluída na regra e não será autorizada em nenhuma partida. A posição anterior da Fifa era deixar a decisão a cargo das nove cidades-sedes. Apenas a Cidade do Cabo havia se manifestado contrariamente à presença do polêmico objeto.
Mas a Fifa e o governo sul-africano deram forte conotação de luta antirracismo à Copa. "O esporte sempre teve papel importante na nossa história para construir a união, o não racismo e uma África do Sul próspera", disse o presidente Jacob Zuma, ao receber a taça do Mundial.
Joseph Blatter, presidente da Fifa, elencou o combate ao racismo no futebol como prioridade da entidade.
Com listras horizontais nas cores laranja, branca e azul, a antiga bandeira vigorou de 1928 até 1994. Foi instituída para simbolizar a união das colônias britânicas do Cabo e de Natal com as repúblicas africâneres (de descendentes de holandeses) Transvaal e Orange Free State. A fusão originou o país.
Foi a partir de 1947, com a entrada em vigor do apartheid, que a bandeira passou a ser associada mais claramente ao racismo. Ela foi trocada pela atual em 1994, quando Nelson Mandela foi eleito presidente do país.
No entanto, seu uso não é vedado na África do Sul. Nada impede que a proibição nos estádios seja questionada judicialmente, com base na garantia constitucional da liberdade de expressão.
A antiga bandeira sul-africana continua sendo reverenciada por muitos africâneres -alguns por nostalgia do apartheid, outros porque a consideram parte de sua herança cultural.
Ela apareceu muito no início de abril, durante o enterro do líder da extrema-direita africâner Eugene Terreblanche, assassinado por dois empregados negros. (FÁBIO ZANINI E RODRIGO MATTOS)


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