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Bandeira ligada a racismo é vetada
Fifa proíbe nos estádios do Mundial antigo símbolo oficial sul-africano que remete ao período do apartheid
DE JOHANNESBURGO
DO ENVIADO A JOHANNESBURGO
Símbolo maior do apartheid, a antiga bandeira da
África do Sul será proibida
nos estádios durante a Copa.
A regra foi incluída de forma cifrada pela Fifa numa espécie de "manual do torcedor" divulgado anteontem,
com veto a "material racista
ou xenófobo, por exemplo,
camisetas e bandeiras".
Um porta-voz da entidade
afirmou à Folha que a antiga
bandeira está incluída na regra e não será autorizada em
nenhuma partida. A posição
anterior da Fifa era deixar a
decisão a cargo das nove cidades-sedes. Apenas a Cidade do Cabo havia se manifestado contrariamente à presença do polêmico objeto.
Mas a Fifa e o governo sul-africano deram forte conotação de luta antirracismo à Copa. "O esporte sempre teve
papel importante na nossa
história para construir a
união, o não racismo e uma
África do Sul próspera", disse o presidente Jacob Zuma,
ao receber a taça do Mundial.
Joseph Blatter, presidente
da Fifa, elencou o combate
ao racismo no futebol como
prioridade da entidade.
Com listras horizontais
nas cores laranja, branca e
azul, a antiga bandeira vigorou de 1928 até 1994. Foi instituída para simbolizar a
união das colônias britânicas
do Cabo e de Natal com as repúblicas africâneres (de descendentes de holandeses)
Transvaal e Orange Free State. A fusão originou o país.
Foi a partir de 1947, com a
entrada em vigor do apartheid, que a bandeira passou
a ser associada mais claramente ao racismo. Ela foi trocada pela atual em 1994,
quando Nelson Mandela foi
eleito presidente do país.
No entanto, seu uso não é
vedado na África do Sul. Nada impede que a proibição
nos estádios seja questionada judicialmente, com base
na garantia constitucional da
liberdade de expressão.
A antiga bandeira sul-africana continua sendo reverenciada por muitos africâneres -alguns por nostalgia
do apartheid, outros porque
a consideram parte de sua
herança cultural.
Ela apareceu muito no início de abril, durante o enterro do líder da extrema-direita
africâner Eugene Terreblanche, assassinado por dois
empregados negros.
(FÁBIO ZANINI E RODRIGO MATTOS)
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