|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Quem vai ganhar a Copa?Economistas de
consultoria
brasileira criam
fórmula, fazem
simulação e
veem Espanha
campeã,com o
Brasil como vice
em confronto
decidido apenas
nos pênaltis
MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO
A Espanha ganhará a Copa
do Mundo. Chute? Não. A
previsão é matemática.
A mesma que dizia que o
Fluminense tinha só 1% de
probabilidade de não ser rebaixado no Campeonato Brasileiro de 2009 (escapou) ou
que o São Paulo tinha 1% de
chance de ganhar a competição em 2008 (foi campeão).
Mas eram chances, declaram os especialistas. Para
chegar a elas, economistas
criaram até uma fórmula para calcular quem tem a maior
probabilidade de levar o título na África do Sul. Deu Espanha, com o Brasil como vice.
Se o máximo de matemática que você consegue ver no
futebol é que 4-4-2 + 3-5-2 = 11
(jogadores) de cada lado, sinta-se um gênio. E chute à
vontade o resultado final da
Copa sul-africana.
A conclusão pode ser tão
certa quanto a dos economistas que usaram o tempo livre
e a experiência com números
para criar o modelo matemático que prevê o campeão.
Não espere, entretanto,
uma bola de cristal em campo. A tal fórmula-padrão de
probabilidade já ajudou a
prever até a recessão nos Estados Unidos. Ajudou?
Enfim, foi com base nessa
fórmula que economistas da
LCA, uma das maiores e mais
respeitadas consultorias do
Brasil, criaram a tal equação
matemática, e não mágica,
para a Copa deste ano.
"Para nós, é uma brincadeira. Afinal, futebol é número, porcentagem de vitória,
gols pró, gols contra. Qualquer pessoa, quando aposta
em um resultado, tem um
modelo na cabeça, nem que
seja apenas saber o histórico
dos times", diz Márcio Pages.
"O que fizemos foi o que
um consultor em economia
precisa fazer sempre: criar
um modelo simples para explicar algo que parece complexo", acrescenta o diretor
da LCA, Celso Toledo.
"EM ALTA", "EM BAIXA"
Equação pra lá, simulação
pra cá, entre o atendimento a
uma grande empresa e outra,
os economistas descobriram
que a seleção que tem mais
chance de vencer a Copa é a
da Espanha, atual campeã
europeia, com 15,7%.
A matemática deixou o
Brasil em segundo (12,9%) e
a Holanda com a terceira
maior chance (9,4%).
Na sequência, Alemanha
(6,5%), Itália (6,4%), Portugal (6,1%), Argentina (4,6%),
França (3,9%), Inglaterra e
Sérvia (ambos 3,8%) completam os dez favoritos.
"O resultado ficou próximo do que aparece nos sites
de apostas pelo mundo. A
única distorção que percebemos é o favoritismo que alguns atribuem à Inglaterra e
à Argentina", diz Toledo.
"Se fosse apresentar o resultado a um apostador ou
investidor, diríamos para
"vender" esses dois países,
pois "os preços de mercado"
nos parecem excessivamente
elevados", afirma.
"Melhor seria apostar na
Holanda, ou até na França e
na Sérvia, que estão "em baixa" ainda", emenda o economista, que aplicará a fórmula, ao menos, em seu bolão.
Outros modelos como esse
feito pela LCA foram desenvolvidos fora do Brasil.
O banco de investimentos
americano JP Morgan prevê a
Inglaterra campeã. E diz que
a final diante da Espanha será decidida nos pênaltis. Loteria? Não. Retrospecto, de
acordo com os consultores.
O Brasil, de acordo com o
JP Morgan, deve ser eliminado nas quartas de final, pela
Holanda. Confronto bastante
provável de ocorrer, aliás.
Já os especialistas em investimentos do banco Goldman Sachs também dão o vice-campeonato aos espanhóis. Mas, para eles, o vencedor será o time de Dunga.
"Também ficamos surpresos com alguns resultados
que apontam chance de 50%
de vitória para cada um dos
times em confrontos muito
equilibrados", afirma Pages.
"Não consideramos disputas por pênaltis como outros
modelos, pois é questão de
cara ou coroa. É a tal caixinha de surpresas do futebol.
Acreditamos que previsões
econômicas são mais fáceis."
Além de economistas e casas de apostas, também o videogame tem favoritos. A
empresa EA Sports, fabricante do jogo oficial Fifa 2010,
fez a simulação e chegou à final: Espanha 3 x 1 Brasil.
De acordo com o modelo
brasileiro, a final mais provável é mesmo Brasil x Espanha. E os espanhóis teriam
55% de probabilidade de saírem campeões. Mas a maior
chance é de empate no jogo,
com a decisão nos pênaltis.
CONTA "SIMPLES"
Pegue os jogos entre seleções desde a última Copa.
Subtraia as partidas dos primeiros seis meses pós-Alemanha-06 e dos últimos seis
pré-África do Sul-10, para
evitar distorções. A soma entre amistosos e torneios oficiais deve ser de 4.651 jogos.
Separe esses resultados,
atribuindo um peso elevado
ao ranking da Fifa. Compute
a diferença entre os rivais na
lista de melhores do mundo.
Some as chances de vitória
de cada um dos times à probabilidade maior de triunfo
de certas seleções em relação
às outras participantes.
Pronto! Quase lá.
Agora basta pegar as chaves e os critérios de desempate da Fifa, simular 5.000, 10
mil vezes o Mundial e... você
já sabe qual seleção tem mais
chance de erguer a taça.
Contudo, se quiser apostar
na Coreia do Norte, primeira
rival do Brasil, saiba que ela
tem menos de 1% de chance.
De ser campeã? Não, de passar para as oitavas de final.
Texto Anterior: Um Mundo que torce Próximo Texto: Copa pode ter campeão que faça gols só em disputas de pênaltis Índice
|