São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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FUTEBOL

Altitude e desentrosamento fazem time ir de chuveirinho contra Costa Rica

Seleção espicha 3 cm e faz aposta no "tumulto aéreo"

FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A AREQUIPA

Bola para o alto para driblar a altitude de Arequipa e o desentrosamento da seleção. É essa a fórmula, do "tumulto na área", que Carlos Alberto Parreira vai usar hoje para vencer a Costa Rica, a partir das 17h. Para cumprir a missão, o técnico usará a geração espichada que começou a ser testada durante a semana no Peru.
Embalado pelo gol de cabeça de Luis Fabiano, que salvou o time de um tropeço contra o Chile, o Brasil acredita que o caminho mais fácil para alcançar a segunda fase da Copa América é pelo alto.
Para isso, usará o biótipo do time. Em dois anos, a seleção cresceu bastante -ostenta altura média de 1,83 m, o que matematicamente equivaleria a dizer que cada um dos 11 atletas que fazem o segundo jogo do Brasil no torneio é três centímetros mais alto que os colegas que estrearam contra a Turquia, em Ulsan (Coréia do Sul), na vitoriosa campanha do pentacampeonato mundial.
Do goleiro Júlio César ao atacante Luis Fabiano, nenhum titular no confronto de hoje tem menos que 1,75 m (os mais baixos são Alex e Kleberson). No time de Luiz Felipe Scolari havia dois "baixinhos" -Juninho, com 1,67 m, e Roberto Carlos, com 1,68 m.
Se forem excluídos os goleiros, que por razões óbvias só vão ao ataque tentar o gol de cabeça em situações excepcionais, a diferença entre as equipes aumenta ainda mais -sobe para 3,5 cm. Marcos, com 1,93 m, era o mais alto titular do time na Copa-2002. No Peru, a marca pertence ao zagueiro Luisão, também com 1,93 m.
A jogada aérea também é a arma da seleção contra o desentrosamento, que foi usado como desculpa por todos os jogadores e pelo técnico Parreira para justificar o mau futebol contra o Chile.
"Ninguém em sã consciência pode cobrar desse time que jogue um futebol brilhante. Nunca jogamos juntos e estamos treinando há dez dias. Não existe mágica", declarou o meia Alex.
Caso se repita hoje a dificuldade de trocar bola e a falta de criatividade mostradas contra os chilenos, Parreira já definiu que abusará do "chuveirinho".
"Temos jogadores com ótima estatura, fortes no cabeceio. Temos que aproveitar. Vamos usar a bola aérea em peso, jogar no tumulto", afirmou o técnico.
E não é só discurso. Em todos os treinos táticos o técnico ensaiou jogadas aéreas. "Nossa equipe é grande. Com a habilidade do Alex, que coloca a bola onde quer, fica mais fácil ganhar pelo alto", afirmou o atacante Adriano.
Parreira já escalou os cinco jogadores que em todos os escanteios e faltas devem estar na área costarriquenha para tentar o gol de cabeça: Luisão (1,93 m), Juan (1,83 m), Edu (1,89 m), Adriano (1,89 m) e Luis Fabiano (1,83 m).
Para o técnico, a altitude de Arequipa (2.335 m) ajuda o jogo aéreo do Brasil. "A bola fica mais rápida, o que atrapalha o goleiro."
Pelo alto, o Brasil pretende escapar de um duelo prematuro com a Argentina. Se terminar em segundo no Grupo C, deve enfrentá-la já nas quartas-de-final. Em primeiro, pegaria o arqui-rival apenas em uma eventual semifinal.
Em relação ao time que bateu o Chile, Parreira deve fazer duas alterações: Kleberson, recuperado de contratura muscular, entra no lugar de Dudu Cearense, e Maicon pode ser testado na vaga de Mancini, que foi mal na estréia.


NA TV - Globo, ao vivo, a partir das 17h


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