São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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ATENAS 2004

Após 16 anos, Brasil volta a ter uma mulher no time de hipismo, que busca 3ª medalha seguida nos Jogos

Clã Diniz põe amazona em prova de saltos

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pouca gente a conhece no Brasil. Há 14 anos radicada na Alemanha, Luciana Diniz-Knippling irá integrar a equipe brasileira de saltos que buscará nova medalha olímpica em Atenas. O time nacional conquistou o bronze em Atlanta-1996 e Sydney-2000.
Luciana, 50º colocada do ranking da Federação Eqüestre Internacional, integrará a seleção ao lado de Rodrigo Pessoa, terceiro colocado, e de Bernardo Resende Alves, 44º da classificação.
"Nas duas últimas Olimpíadas, vi que não era a minha hora. Mas agora estou bem", conta Luciana, filha de Arnaldo, um dos irmãos de Abílio Diniz, dono da rede de supermercados Pão de Açúcar.
A única dúvida do técnico Nelson Pessoa é o último conjunto que fará parte do grupo. Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, é o favorito à vaga. Ele disputa o posto com Karina Johannpeter e Arthur da Silva, o Tuca.
"Vou observar o desempenho do Doda no Concurso de Falsterbo [na Suécia, que termina hoje]. Ele está com um cavalo novo [Countdown] e precisamos avaliá-lo melhor", analisa Nelson.
O caminho de Luciana até a primeira Olimpíada foi tortuoso. Nas duas últimas edições, ela desistiu de participar. Em 1999, vendeu seu cavalo. E, montando Ralph, Luiz Felipe Azevedo Filho ajudou o Brasil a ganhar o bronze.
"Não tive interesse em ir antes. As coisas vêm no momento certo", resume Luciana, 33, que ficou 18 meses afastada das competições quando teve gêmeos.
Neste ano, a brasileira ganhou o bronze nos concursos de Wiesbaden e Aach (Alemanha), há dois meses, e no GP de Jerez de la Frontera (Espanha), em março.
"Estou com três cavalos em excelente fase. Além disso, amadureci e consegui melhorar meus resultados", diz a brasileira, referindo-se a Meautry's Locarno, Dover e Mariachi. Este último deve ser a montaria que irá para a Grécia.
A vaga de Luciana encerra um longo tabu na equipe brasileira de saltos. Desde os Jogos de Seul, em 1988, o país não contava com uma mulher no time. Na ocasião, Cristina Johannpeter, mãe de Karina, ajudou o Brasil a ficar em oitavo.
"Essa será a Olimpíada das mulheres. Vários países contam com amazonas em seus times, como a França, a Alemanha, a Suécia e os Estados Unidos", destaca Nelson.
Uma das poucas competições mistas na Olimpíada, o hipismo vê a ascensão de várias estrelas.
É o caso de Beezie Madden (EUA), que subiu ao pódio em 12 das 19 competições de que participou neste ano e ocupa a quarta colocação do ranking, e de Malin Baryard, vencedora do Concurso de Gotemburgo, em abril, e melhor atleta da Suécia. "As mulheres pesam menos do que os homens. Isso é vantagem nos saltos mais difíceis", aponta Nelson.
Luciana é um exemplo da ascensão feminina. Seu marido, Andreas Knippling, é o 316º do ranking. "Já falei para ele se naturalizar e tentar uma vaga pelo Brasil", diz Luciana, brincando com o fato de a Alemanha ser uma das potências do esporte -Andreas é apenas o 43º cavaleiro de seu país.


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