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JUCA KFOURI
0 a 0 com cara de goleada
Sim, o São Paulo continua líder e manteve a escrita, mas só os corintianos tem por que comemorar o clássico
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UM CLÁSSICO para o corintiano nunca
mais esquecer e o
são paulino não querer lembrar jamais.
Friamente, até que não aconteceu
nada demais.
Não houve gol, o São Paulo permaneceu na liderança e manteve a invencibilidade diante do rival, agora
de 11 jogos.
E o Corinthians, na tarde em que
estreou três reforços vindos da Europa, continua perto da zona do rebaixamento e, a rigor, teve apenas
duas chances de gol, ambas no fim
de cada tempo de jogo, ambas nos
pés de Rafael Moura.
De resto, só deu São Paulo.
Que explodiu uma bola na trave,
com Danilo, e outra, na parte de cima do travessão, com Tadeu.
E que dominou o jogo.
Completa e inutilmente.
Porque o que fez o empate inesquecível para os alvinegros e humilhante para os tricolores aconteceu
aos 4 e aos 25 minutos do primeiro
tempo, na correta expulsão do estreante César e na rigorosa expulsão
do outro lateral corintiano, Eduardo
Ratinho.
O São Paulo fez tudo errado ao
tentar entrar pelo meio da defesa rival e acertou ao abrir pelos lados,
mas insistiu em chuveirar na área,
para fazer os nomes de Marinho,
Marcelo Mattos, Betão e Magrão.
A rigor, defesa difícil o goleiro
Marcelo, que mostrou segurança
novamente, não precisou fazer.
Ao contrário do são-paulino Rogério Ceni, que teve de se desdobrar
para salvar o gol de Rafael Moura
nos minutos finais do primeiro tempo.
Alguma coisa estranha acontece
no Morumbi.
E o Boca Juniors pode significar
um marco maior até do que o Inter
na temporada tricolor.
Uma vitória que garanta a Recopa
Sul-Americana significará a retomada da confiança.
Se a taça não vier, o jogo diante do
Inter, no domingo, assume ares de
tragédia.
Já para o Corinthians o empate
sem gols teve sabor de goleada. Reviveu uma tarde acontecida no Pacaembu, nos anos 50, quando virou
para cima do mesmo São Paulo uma
partida que parecia perdida e defendeu o resultado com apenas nove jogadores.
Então, o lateral-direito são paulino, o grande De Sordi, campeão
mundial com a seleção na Suécia,
em 1958, cunhou uma frase reproduzida em letras garrafais pela desaparecida "Gazeta Esportiva", o
"Lance!" da época: "Eram nove, mas
pareciam 15 leões feridos".
De fato. E, não tenha dúvida: tanto
o Canindé, nesta quarta-feira, quando o time enfrentará o Vasco em jogo de volta pela Copa Sul-Americana, quanto o Pacaembu, no domingo, quando receberá o Paraná Clube,
estarão lotados, como se o Corinthians tivesse ganhado um título ontem no campo do adversário.
Coisas do futebol.
PROMISCUIDADE
A BBC anuncia, para esta semana, um documentário que deve
abalar as estruturas do futebol inglês. Revelará como se dão as negociações de jogadores entre os súditos de Sua Majestade, a Rainha.
Investigação semelhante no Brasil resultará em escândalo. Basta
ver a informação do "Painel F.C.",
desta Folha, publicada na sexta-feira passada. O dono do supermercado Sonda, e patrocinador de
programas esportivos, é empresário de atletas como Rafael Sobis. O
empresário, é óbvio, está em seu
papel, nada o impede de fazer o que
faz. Mas demonstra, se é que ainda
é preciso, como jornalista não pode
fazer papel de garoto-propaganda.
Porque deixa sob suspeita os elogios a um atleta que pertença a um
seu patrocinador, assim como deixa sob suspeita suas críticas aos
que não pertencem aos seus patrocinadores.
blogdojuca@uol.com.br
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