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confusão
Lesão de Ronaldo e seu tratamento tumultuam Milan
Time italiano, que avaliou mal a contusão do atacante, vê autoridades do país até investigarem um suposto doping
José Luiz Runco, médico da seleção, diz não ter aplicado "terapia genética" no atleta, que ficará sem jogar pelo menos até o próximo mês
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Itália recebeu Ronaldo de
novo neste ano e experimenta
agora outra grande polêmica
sobre uma contusão do ""Fenômeno" e o seu tratamento.
O jogador está no Brasil com
uma lesão mais grave do que o
Milan detectara inicialmente,
fato que já gerou mal-estar no
clube italiano. Mais que isso,
Ronaldo passou pelas mãos de
José Luiz Runco, médico da seleção brasileira que faz uso de
técnica inovadora e questionada na Itália para tratar lesões.
""Trata-se de uma técnica
ainda embrionária. Poucos sabem a respeito dela e de suas
conseqüências. É ainda experimental, por isso o pessoal tem
dúvidas", diz Bernardino Santi,
especialista em medicina esportiva ligado às confederações
brasileiras de boxe e futebol.
A técnica em questão é chamada Fator de Crescimento.
Segundo Runco, trata-se de
uma ""terapia genética". Uma
certa quantidade de sangue é
extraída de área próxima da lesão do atleta. Alguns componentes, como cálcio, são acrescentados no material extraído.
Depois, esse produto final é injetado na mesma área lesionada do atleta com fins curativos.
Ettore Torri, procurador-chefe do Coni (Comitê Olímpico Italiano), falou sobre a possibilidade de esse tipo de tratamento ser visto como doping
mesmo sem saber ao certo se
Ronaldo fizera o tratamento
-segundo Runco, não fez.
""Quero saber com certeza do
que se trata, se era preciso uma
autorização [para o tratamento] e se essa foi pedida. Vou pedir um parecer ao departamento médico do Coni sobre isso",
afirmou Torri na Itália.
Runco, porém, diz não ter
tratado Ronaldo dessa forma.
""Ele não precisava [do Fator de
Crescimento]. Fiz isso no Maxi
[jogador do Flamengo]. O Ronaldo fez uma ecografia. Tem
um estiramento de grau um para grau dois. Precisa de uns 15
dias para se recuperar. Quando
ele volta para a Itália, não é problema meu", falou ele à Folha.
Luigi Frati, presidente da
Comissão Antidoping do Coni,
considera a tal técnica doping.
""O tratamento com fatores
de crescimento também é doping. Essa prática é considerada ilícita na Itália porque a Wada [Agência Mundial Antidoping] entende que tudo aquilo
que possibilite obter uma vantagem esportiva é doping", disse ele ontem, segundo a Ansa,
agência italiana de notícias.
Runco não concorda com ele.
""Isso nunca será doping."
O Milan esperava ter Ronaldo já no dia 18, contra o Benfica, pela Copa dos Campeões.
Porém deverá ficar sem ele por
pelo menos um mês -o Milan
falava inicialmente em estiramento de grau um e esperava
por ele em treinos na última
segunda. O brasileiro sofre com
o problema desde 31 de julho.
O clube italiano, porém, admitiu o erro de avaliação médica e espera pelo brasileiro só na
outra semana -ele até voltaria
à Itália antes, mas para ficar em
repouso. ""Confio no corpo médico do Milan", disse Adriano
Galliani, dirigente do Milan.
Jean Pierre Meersseman, do
departamento médico do clube, acompanhou Ronaldo fora
da Itália nos últimos dias.
Antes de viajar para o Brasil
para se tratar com Runco, Ronaldo já havia passado pelo cirurgião Marc Martens na Bélgica. O Milan destacou também
outro médico, Massimiliano
Sala, para ver Ronaldo no Rio.
Runco tem mantido contatos
com o departamento médico
do Milan. A imprensa italiana
destacou que ele teria sugerido
a técnica do Fator de Crescimento para Ronaldo, o que ele
negou. O jogador vem trabalhando com seu fisioterapeuta
pessoal, Bruno Mazziotti.
A técnica que Runco usa só é
possível na Itália com autorização e para fins curativos. O esgrimista Aldo Montano, ouro
em Atenas-04, se curou de pubalgia com tal técnica, que reduziria em até 70% o tempo de
recuperação do atleta e não seria doping por lidar com substância do próprio paciente.
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