São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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No Brasil, judocas vivem fuso japonês

Horários de Mundial foram definidos para atender à televisão japonesa

Grande quantidade de competidores contribui para que atletas tenham de passar até 16 horas por jornada dentro de ginásio

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de o Mundial de judô, que começa na quinta, acontecer no Rio, os brasileiros têm uma preocupação com o fuso horário da competição.
A grande quantidade de inscritos -as chaves serão maiores que as dos torneios olímpicos, por exemplo- somada à exigência da Federação Internacional de Judô de que as finais comecem só às 20h30 obrigarão os lutadores a passarem até 16 horas no ginásio em uma jornada de competição.
A maratona dos atletas começará às 6h, quando tem início a pesagem não-oficial, evento a que alguns judocas não comparecem. Mas nem eles poderão acordar mais tarde, já que às 7h começa a pesagem oficial, que é obrigatória.
As lutas eliminatórias estão marcadas para ter início às 11h, ou nove horas e meia antes do início das finais, cujo horário serve os interesses da TV japonesa. A previsão é que os campeões sejam conhecidos diariamente por volta das 22h.
O incomum intervalo entre o início das eliminatórias e o término do bloco final desagradou a comissão técnica brasileira, que foi obrigada a armar uma estratégia para que isso não prejudique os judocas.
"Particularmente, não gosto de um intervalo muito longo na competição, mas é uma questão da organização e teremos que respeitá-la, até porque afeta a todos os inscritos no Mundial. Os atletas também não gostam muito", aponta o treinador da seleção brasileira masculina, Luís Shinohara.
"A reposição de líqüidos entre as lutas exigirá cuidado especial. É nesse ponto que entra bastante o trabalho de nossa nutricionista", completa ele.
Rosicléia Campos, técnica da equipe feminina, narra os cuidados tomados para que os brasileiros não sejam afetados pelos prolongados dias de competição que se anunciam na Arena Multidesportiva.
"Mudamos um pouco o planejamento pensando nisso. É importante colocar o corpo dos judocas na realidade da competição. Então, na reta final da preparação, criamos um ritual que esperamos repetir no Rio: pesagem pela manhã e duas sessões de treinos, nos mesmos horários das eliminatórias e finais do Mundial", explica ela.
Tanto ela quanto Shinohara avaliam que não há só aspectos negativos na espera pelas finais. Ambos acreditam que, entre a conclusão das eliminatórias e o início das finais, é possível rever o desempenho do adversário do brasileiro no dia, para estudar melhor o adversário pelas medalhas -no bloco de lutas da noite acontecem as finais e também os combates pelos dois bronzes.
Além da preocupação com a hidratação, uma questão que afeta os atletas é se devem ou não comer entre as lutas da manhã e as da noite.
"É difícil sentir fome em um dia de competição, ainda mais num Campeonato Mundial. Imagino que vou tomar um café da manhã normal, mas não sei se vai dar para comer durante o dia", argumenta Daniel Hernandes, representante do país na categoria absoluta (sem limite de peso).
""Já passei por outras competições longas antes e fiquei até o último combate somente com a primeira refeição do dia na barriga", completa Hernandes.


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