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No Brasil, judocas vivem fuso japonês
Horários de Mundial foram definidos
para atender à televisão japonesa
Grande quantidade de competidores contribui para que atletas tenham de passar até 16 horas por
jornada dentro de ginásio
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de o Mundial de judô,
que começa na quinta, acontecer no Rio, os brasileiros têm
uma preocupação com o fuso
horário da competição.
A grande quantidade de inscritos -as chaves serão maiores que as dos torneios olímpicos, por exemplo- somada à
exigência da Federação Internacional de Judô de que as finais comecem só às 20h30
obrigarão os lutadores a passarem até 16 horas no ginásio em
uma jornada de competição.
A maratona dos atletas começará às 6h, quando tem início a pesagem não-oficial, evento a que alguns judocas não
comparecem. Mas nem eles poderão acordar mais tarde, já
que às 7h começa a pesagem
oficial, que é obrigatória.
As lutas eliminatórias estão
marcadas para ter início às 11h,
ou nove horas e meia antes do
início das finais, cujo horário
serve os interesses da TV japonesa. A previsão é que os campeões sejam conhecidos diariamente por volta das 22h.
O incomum intervalo entre o
início das eliminatórias e o término do bloco final desagradou
a comissão técnica brasileira,
que foi obrigada a armar uma
estratégia para que isso não
prejudique os judocas.
"Particularmente, não gosto
de um intervalo muito longo na
competição, mas é uma questão da organização e teremos
que respeitá-la, até porque afeta a todos os inscritos no Mundial. Os atletas também não
gostam muito", aponta o treinador da seleção brasileira
masculina, Luís Shinohara.
"A reposição de líqüidos entre as lutas exigirá cuidado especial. É nesse ponto que entra
bastante o trabalho de nossa
nutricionista", completa ele.
Rosicléia Campos, técnica da
equipe feminina, narra os cuidados tomados para que os brasileiros não sejam afetados pelos prolongados dias de competição que se anunciam na Arena
Multidesportiva.
"Mudamos um pouco o planejamento pensando nisso. É
importante colocar o corpo dos
judocas na realidade da competição. Então, na reta final da
preparação, criamos um ritual
que esperamos repetir no Rio:
pesagem pela manhã e duas
sessões de treinos, nos mesmos
horários das eliminatórias e finais do Mundial", explica ela.
Tanto ela quanto Shinohara
avaliam que não há só aspectos
negativos na espera pelas finais. Ambos acreditam que, entre a conclusão das eliminatórias e o início das finais, é possível rever o desempenho do adversário do brasileiro no dia,
para estudar melhor o adversário pelas medalhas -no bloco
de lutas da noite acontecem as
finais e também os combates
pelos dois bronzes.
Além da preocupação com a
hidratação, uma questão que
afeta os atletas é se devem ou
não comer entre as lutas da manhã e as da noite.
"É difícil sentir fome em um
dia de competição, ainda mais
num Campeonato Mundial.
Imagino que vou tomar um café da manhã normal, mas não
sei se vai dar para comer durante o dia", argumenta Daniel
Hernandes, representante do
país na categoria absoluta (sem
limite de peso).
""Já passei por outras competições longas antes e fiquei até o
último combate somente com a
primeira refeição do dia na barriga", completa Hernandes.
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