São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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CBF pode excluir Rio e SP da rota da seleção

Público decepcionante no Engenhão e custo do Morumbi preocupam entidade

Partidas restantes pelas eliminatórias podem ser distribuídas pelo Nordeste, de acordo com interesse de atender a seus filiados


DO ENVIADO AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

O custo de jogar no Morumbi é um obstáculo para São Paulo voltar a receber a seleção num jogo pelas eliminatórias. E, no caso do Rio, o péssimo público de ontem no Engenhão também pode fazer com que a CBF mude os planos para a cidade.
Concorrendo com estádios públicos, cujos governos abrem mão de aluguel e cobram taxas camaradas, a arena são-paulina é dispendiosa, o que desanima a CBF a marcar outro jogo lá, assim como pode acontecer no caso carioca, que já tinha tudo certo para abrigar, no Maracanã, o jogo contra a Colômbia, no próximo mês.
"Ainda não está fechado. Faltam alguns detalhes", disse o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, na contramão do negócio consumado pelo governo do Rio e de outros funcionários da entidade que dirige.
O Morumbi careiro fica evidente na comparação dos borderôs dos três primeiros jogos em casa do time nacional no qualificatório para a Copa do Mundo de 2010, que será realizada na África do Sul.
No jogo entre Brasil e Uruguai, no Morumbi, houve cobrança de aluguel. E ele foi bastante caro -R$ 432 mil, equivalente a 10% da renda bruta.
Além do aluguel, o São Paulo, o dono do Morumbi, ainda cobrou várias taxas. Foram, por exemplo, R$ 4.100 para "material de limpeza para sanitários", quase R$ 8.000 para o pagamento da água e da luz, R$ 33 mil para "despesas do Cícero Pompeu de Toledo" e outros R$ 80 mil de "despesas diversas".
Valores que superam por larga margem as despesas de um confronto da seleção realizado em estádios públicos. A CBF nada pagou de aluguel para usar o Mineirão no jogo contra a Argentina, por exemplo.
Somando todas as despesas, como pagamento de funcionários, monitoramento e itens menores, foram descontados pouco mais de R$ 80 mil, ou menos de 20% do que foi necessário na partida contra os uruguaios no Morumbi.
Até o Maracanã, que tem fama de careiro, é mais barato para a seleção do que o estádio são-paulino. No jogo contra o Equador, no ano passado, o aluguel ficou em menos de R$ 6.000. As demais despesas não chegaram a R$ 70 mil.
Contra o Uruguai, a CBF ainda precisou pagar pelo policiamento e outros gastos do poder público fora do estádio, como o gerenciamento do trânsito. Já foi feito um acordo para que isso não aconteça de novo, o que ainda é considerado pouco para a CBF optar novamente pelo Morumbi para um confronto do atual qualificatório.
Com esse cenário, dos três primeiros jogos do Brasil nas eliminatórias, o realizado no Morumbi foi o que teve, proporcionalmente, a menor renda líquida. Dos R$ 4,3 milhões arrecadados, 69% sobraram para a CBF. No jogo contra o Mineirão, esse valor foi de 78%.
Além de despesas maiores, o Morumbi dá menos chance de a CBF faturar na bilheteria.
Isso porque o clube não entrega todos os setores do estádio para que a confederação os comercialize, já que muitos camarotes foram vendidos para uma série de empresas que não abrem mão de levar seus convidados nos jogos importantes.
No jogo contra os argentinos no Mineirão, foram arrecadados R$ 2,6 milhões com a venda de camarotes. Puxado por esse valor, a renda foi de R$ 6,5 milhões, a maior da história do futebol brasileiro e cerca de R$ 2,3 milhões maior do que a verificada no jogo no Morumbi.
Além do confronto com a Colômbia, o Brasil tem mais quatro partidas como mandante pelo qualificatório para o Mundial. Um, provavelmente contra o Peru, no primeiro semestre de 2009, deve acontecer em Porto Alegre. As outras partidas podem ser distribuídas pelo Nordeste, de acordo com o interesse da CBF de atender a seus filiados ou políticos mais próximos de seu presidente, Ricardo Teixeira. (PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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