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"Adotados" por treinador, dopados se defendem à CBAt
Em depoimento, envolvidos no maior esquema de doping do atletismo nacional aliviam Jayme Netto Jr., que, além de gerenciar suas carreiras, segue na ativa
JOSÉ EDUARDO MARTINS
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A promessa de uma nova
equipe, com patrocinadores e a
supervisão de Jayme Netto Jr.,
pode alterar o futuro dos envolvidos no maior escândalo de
doping do atletismo brasileiro.
Recém-desempregados após
a extinção da equipe de velocidade da Rede Atletismo, os
atletas já traçam seus planos
para o futuro com o técnico,
que vem se movimentando nos
bastidores para manter seus
pupilos em atividade.
Apesar de ter afirmado logo
após o estouro do escândalo
que abandonaria o atletismo e
de estar preventivamente suspenso por dois anos, Jayme
ainda orienta seus atletas, tanto nas pistas quanto fora delas.
"Seria muita burrice um treinador consagrado, como o Netto, querer encerrar a carreira
dele assim. Tudo precisa ser
bem investigado", afirmou
Bruno Lins, um dos cinco atletas que depuseram ontem em
São Paulo para a comissão de
inquérito da Confederação
Brasileira de Atletismo (CBAt).
Flagrados no exame antidoping com EPO (eritropoietina),
todos cumprem suspensão preventiva por dois anos.
Lucimara Silvestre segue os
conselhos do treinador. Atualmente sem outro empresário,
foi indicada por Jayme para fazer fotos para uma agência que
gerencia a carreira de celebridades, com o objetivo de tentar
diversificar seus recursos.
"Ele é como um pai para nós.
Já conseguiu um patrocinador
[empresa de suplemento alimentar] e sei que pode arranjar
mais coisas para a gente. Vou
seguir com ele", disse Lucimara, que recebe R$ 1.000 mensais do novo patrocinador.
Após o depoimento, ela tentou minimizar a culpa do técnico. "Ele [Jayme] sabia que a
substância era doping, mas tinha a garantia do [Pedro] Balikian [fisiologista] de que não
seríamos flagrados no exame."
A atleta afirmou que não foi
informada de que as quatro injeções que recebeu eram de
substância proibida. Disse que
só fez o antidoping porque não
sabia que estava dopada.
Ela ainda disse, sem revelar
nomes, que outros atletas que
disputaram o Mundial de Berlim, no mês passado, e eram
treinados por Jayme também
receberam a mesma injeção.
De acordo com a primeira
versão apresentada por Jayme
e pelo outro técnico envolvido,
Inaldo Sena, a utilização de
EPO foi indicada por Balikian.
Bruno Lins, que também vai
treinar sob a coordenação de
Jayme e é patrocinado pela empresa de suplemento alimentar, fez coro com Lucimara e
eximiu o treinador de culpa.
"Falei para ele [Jayme] que a
gente vai voltar e provar para o
Brasil inteiro que nunca fizemos nada ilícito", afirmou Lins.
Apesar das possíveis punições, independentemente do
veredicto da comissão, pouca
coisa pode mudar na vida dos
principais envolvidos.
"Se não houver punição do
Conselho [Regional de Educação Física e de Fisioterapia],
não podemos impedi-los de
trabalhar", disse Thomaz Paiva, presidente da comissão.
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