São Paulo, sexta-feira, 11 de setembro de 2009

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Vazia, Vila Belmiro recebe Marta

Santos prepara festa para receber a melhor jogadora do mundo, mas nem Pelé nem torcida aparecem

Meia-atacante ficará no clube por 3 meses e jogará dois torneios, um deles a primeira versão feminina da Libertadores da América

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Marta, eleita pela Fifa a melhor jogadora do mundo e que ficará três meses no Santos, passa por arquibancada vazia durante sua apresentação na Vila Belmiro

RICARDO VIEL
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS

O Santos se esforçou para que a recepção de Marta, eleita pela Fifa a melhor jogadora do mundo nos últimos três anos, fosse uma festa no nível da preparada pelo Real Madrid para Cristiano Ronaldo, o atual melhor do mundo, em julho.
Mas a Vila Belmiro não é o Santiago Bernabéu, o Santos não é o Real Madrid, e ainda falta muito para que o futebol feminino provoque tanto interesse quanto o masculino.
O resultado foi uma festa com muita segurança e pouca torcida, embora o evento tenha sido muito divulgado. Os torcedores não encheram nem 10% da arena, que tem capacidade para cerca de 20 mil pessoas.
A presença de atletas e conselheiros do clube e de colégios da cidade evitou um fiasco.
Pelé, que entregaria a camisa 10 a Marta, alegou de última hora compromissos profissionais e não compareceu. A ausência frustrou as crianças, que antes do início do evento gritavam o nome do Rei do Futebol na expectativa de vê-lo.
Por volta das 12h20, Marta, 23, pisou no gramado da Vila acompanhada do presidente do clube, Marcelo Teixeira. Caminhou pelo tapete vermelho e, no centro do campo, vestiu a camisa do Santos. Após a queima de fogos, a meia-atacante deu uma volta no gramado, acenou e chutou bolas para a torcida. Depois, deu entrevista.
"É uma honra muito grande vestir a camisa que já foi do Pelé. Espero fazer o mesmo sucesso que ele fez aqui no Santos", disse a jogadora, que ficará apenas três meses no clube.
Ela é atleta do Los Angeles Sol, dos EUA. Até dezembro, a melhor do mundo disputará a Copa do Brasil e a primeira Taça Libertadores feminina.
"Quero vencer as duas competições e colher os frutos ajudando o futebol feminino."
Ao falar sobre as dificuldades do início da carreira e a possibilidade de voltar a jogar no país, Marta se emocionou.
"Sei o que essas meninas enfrentam no Brasil. A criação de novas competições serve para que o futebol feminino cresça."
As constantes perguntas sobre o time masculino do Santos e sobre suas condições de jogar contra homens levaram a atleta a fazer um apelo: "Estamos falando muito sobre futebol masculino. Hoje é dia do feminino".
Mas ela própria reconheceu que conhece pouco sobre as rivais da Libertadores. O torneio, criado por iniciativa de Marcelo Teixeira, será em Santos, entre 4 e 18 de outubro. Reunirá dez times de dez países.
A estreia dela será no dia 16, em Campo Grande (MS), em amistoso contra o Comercial.
Além de Marta, o Santos investiu em outras atletas de alto nível. Cristiane, terceira melhor do mundo, é uma delas.
O clube litorâneo não divulga quanto investiu para formar a equipe, mas diz que já recuperou o dinheiro com patrocínios.


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