São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2010

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RITA SIZA

US Open não desilude


É possível ver nos Estados Unidos, além de Federer e Wozniacki, o "hooliganismo" nos jogos de tênis

COMO É O TIMBRE de um torneio de Grand Slam, este US Open, que se disputa em Nova York, tem tido quanto baste de drama, tensão, surpresa e entretenimento. É um evento que nunca desilude.
O menino da casa e malcriado de serviço Andy Roddick saiu eliminado logo na primeira ronda. Também o promissor Andy Murray falhou de novo na sua missão de ressuscitar o tênis britânico da obscuridade: o escocês venceu com facilidade os dois primeiros jogos e inexplicavelmente claudicou na terceira ronda, irritadiço e desanimado.
O supercampeão Roger Federer, que veio buscar vingança pela derrota na final de 2009, brindou a público com algumas pancadas impossíveis. Além disso, o suíço providenciou o momento "C.S.I." do Open: depois de afastar Robin Soderling, Federer falava numa entrevista quando o seu microfone falhou, silenciando um momento crucial do seu discurso. Falhou ou será que o campeão foi sabotado?
A competição feminina esteve animada com o nascimento de uma estrela, a dinamarquesa Caroline Wozniacki, capaz de derreter a plateia com simpatia e coloridas combinações entre vestido e esmalte das unhas e de aniquilar rivais com implacável frieza e astúcia. A jovem de 20 anos está a revelar-se uma estratega de competência comparável à de Carl von Clausewitz, que postulou a teoria militar moderna.
E, nos pares, há o "Indo-Pak Express", a dupla formada pelo indiano Rohan Bopanna e pelo paquistanês Aisam- -Ul-Haq Qureshi e que alcançou a primeira final da sua carreira, perante os aplausos dos embaixadores dos respetivos países na ONU. No tênis, pelos vistos, não existem inimigos figadais.
Mas nada disso tem a ver com a verdadeira inovação deste torneio, e que é a primeira manifestação de "hooliganismo" nos courts de tênis. Aconteceu no jogo do Novak Djokovic contra Philipp Petzchner. No primeiro set, o uso repetido da chamada "f-word" por um dos espectadores estava a incomodar uma senhora sentada ao lado dele. Quando ela se queixou, ele respondeu: "Tem algum problema? Vai-me bater?", desafiou.
Sem se intimidar, a senhora ofendida com a linguagem pespegou-lhe um bofardo na cara. Ele retornou o movimento e logo se juntou mais uma pessoa no barulho, e depois outra e depois outra. Incrédulos no court, os tenistas olhavam para a porrada sem saber se continuariam a bater a bola. O árbitro interrompeu o jogo até chegarem os seguranças, que escoltaram os desordeiros para fora do estádio.
No final do jogo, Djokovic não deixou passar o fato: "Espero que as pessoas tenham gostado mais do tênis do que da luta".


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