São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 2002

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CBF, Clube dos 13 e Globo afirmam que grandes rebaixados irão disputar a Série B do Nacional

Cúpula da bola descarta tapetão para o Palmeiras

Ari Ferreira/Lancepress
O goleiro Sérgio, do Palmeiras, que usou esparadrapo para cobrir ferimento após o confronto com policiais depois do jogo com o Goiás


FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Os barões do futebol brasileiro dizem que, desta vez, palmeirenses, vascaínos e botafoguenses terão que fugir com suas próprias pernas do rebaixamento para a segunda divisão. Mais uma virada de mesa, afirmam, nem pensar.
"Agora chega. Não há hipótese de o regulamento ser rasgado. Os quatro últimos, quaisquer que sejam, serão rebaixados. Não importa se o clube é grande ou não. As regras vão ser seguidas até o fim", declarou à Folha Ricardo Teixeira, presidente da CBF.
Para o dirigente, uma nova virada de mesa no Nacional seria um retrocesso e agravaria ainda mais a situação financeira dos clubes.
"Nenhuma empresa vai querer colocar dinheiro no futebol. Das outras vezes, cedi aos clubes, que pressionaram pela mudança no regulamento. Mas agora não tem jeito", completou o dirigente, que teve, na sua administração, três grandes viradas de mesa no Campeonato Brasileiro.
Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, vai na mesma linha.
"Está na hora de as regras serem seguidas. Se houver nova virada de mesa, o prestígio do futebol brasileiro, que vem se recuperando, acaba de vez. Os clubes precisam aprender que esse tipo de coisa só traz prejuízo ao esporte", disse o cartola gaúcho, líder dos 20 maiores clubes do país.
Publicamente, Koff afirma que os afiliados do C13 têm todas as possibilidades de fugir em campo da Série B. Mas, a interlocutores, o dirigente diz apostar que pelo menos dois dos quatro rebaixados serão times da elite -e isso em um torneio que está previsto com a inédita duração de oito meses.
Maior investidora do futebol brasileiro e empresa com grande influência nas decisões da CBF e do C13, a Globo Esportes afirma não admitir em hipótese alguma uma virada de mesa.
"No que depender da Globo, as regras do jogo serão seguidas à risca. Não se pode mais conviver com casuísmos porque isso desvaloriza o nosso maior torneio. A recuperação da credibilidade é fundamental para a revitalização do futebol brasileiro", disse Marcelo Campos Pintos, diretor-executivo da Globo Esportes, que é o braço esportivo da emissora.
Oficialmente, até os clubes ameaçados dizem que não buscarão o tapetão caso sejam rebaixados em campo. "Sou absolutamente contra isso. Se o time cair, o que espero que não aconteça, vai disputar a segunda divisão", declarou Mustafá Contursi, presidente do Palmeiras e vice do C13.
Até Eurico Miranda, que defendeu a virada de mesa que beneficiou Fluminense e Bahia, em 2000, diz que as regras serão mantidas. "Nem estou preocupado porque sei que o Vasco não viverá essa situação. Quem cair vai ter que disputar a Série B", declarou o presidente vascaíno.
Se o Brasileiro já estivesse encerrado, dois dos fundadores do C13, que já tem o Sport, um de seus sócios, na segunda divisão, estariam rebaixados. O Palmeiras é o penúltimo colocado, e o Bahia ocupa a 24ª posição. As outras duas equipes hoje na zona de rebaixamento são Paysandu e Paraná.

Prejuízo
Esse mesmo discurso dos cartolas, entretanto, aconteceu nas últimas três vezes que o Brasileiro teve uma virada de mesa. Nessas ocasiões, a falta de respeito às regras custou caro aos cofres dos clubes. Todas as edições do Nacional ocorridas após viradas de mesa tiveram queda no número de ingressos vendidos.
O tombo mais grave aconteceu em 2000, na famigerada Copa João Havelange, quando a média de público ficou em 11,5 mil pagantes por partida. Em 1999, com as regras respeitadas, o campeonato teve, em média, 17 mil torcedores presentes a cada partida.

Colaborou a Reportagem Local


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