São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007

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amargo regresso

Corinthians repete final em Goiânia

Há dois anos, time foi campeão brasileiro na cidade; hoje faz jogo decisivo contra o rebaixamento à segunda divisão
Jogadores consideram o confronto de hoje o mais importante do ano, já cartola vai mais longe e fala em "jogo da década"


EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
ENVIADOS ESPECIAIS A GOIÂNIA

O dinheiro minguou, as estrelas se foram, título nem pensar e a corda cada vez mais amarrada ao pescoço.
A volta do Corinthians a Goiânia para uma decisão, hoje, às 16h, no Serra Dourada, contra o Goiás, mostra realidade desoladora ao clube alvinegro, que luta, desesperadamente, para fugir do rebaixamento no Campeonato Brasileiro-2007.
Se a capital goiana foi o cenário do único momento glorioso do malfadado acordo com a MSI, ela também pode deixar mais evidente nesta tarde seqüelas de uma transação suspeita, que teve seus mentores acusados de lavagem de dinheiro, por pouco não virou uma CPI no Congresso e deixou o segundo clube mais popular do país em frangalhos.
Como prenúncio de que as coisas não iam bem, a festa do Brasileiro-05 no vestiário do Serra Dourada mostrou que o casamento estava condenado.
Enquanto Kia Joorabchian, presidente da MSI, estava nos braços dos jogadores, Alberto Dualib, então presidente corintiano e ignorado pelos atletas naquele dia, afirmava que o título fora conquistado no "improviso", na "bacia das almas".
Os dois não são mais protagonistas no Parque São Jorge, mas deixaram legado negativo que deve perdurar por mais alguns anos no Parque São Jorge.
Vice de futebol em 2005 e agora presidente do clube após 14 anos de Dualib, Andrés Sanches, que votou a favor da parceria, tem a missão de reerguer o clube e hoje terá o principal desafio de sua ainda curta gestão. "Acho que agora é hora de enterrar o passado e pensar no futuro", diz o cartola, que promete varredura em todos os departamentos corintianos.
No Parque São Jorge, falar em queda para a segunda divisão é proibido. Tanto o elenco como os dirigentes consideram o duelo de hoje como o mais importante do ano.
Alguns, como o vice de futebol Antoine Gebran, exageram. "É o jogo da década", diz. "Tenho certeza que no dia 2 de dezembro [quando o time pega o Grêmio na última rodada] vamos a Porto Alegre livres dessa ameaça, comer um bom churrasco e outras coisinhas mais."
Da conquista em 2005, sete jogadores compõem o elenco atual -Marcelo, Júlio César, Edson, Betão, Marinho, Bruno Octávio e Gustavo Nery.
Só dois, Betão e Nery, são titulares da equipe que tem 42 pontos, um a mais que o rival, que está na zona de rebaixamento do Nacional.
"É diferente de 2005, estamos pensando agora em sair da situação incômoda. Teremos agora um jogo de seis pontos. Está todo mundo colaborando e querendo sair desta situação o mais rápido possível", afirma o lateral Gustavo Nery, que atribui a má fase aos problemas originados pela parceria.
Ele é o único atleta, contratado pela MSI, a ainda estar no clube. Mas deve deixar o Corinthians ao final do Brasileiro.
Betão concorda. "Aquela foi uma decisão mesmo e ganhamos com méritos. Agora também é, mas não do jeito que gostaríamos. Temos que honrar o clube e tirá-lo dessa situação", falou o capitão corintiano.
Para o técnico Nelsinho Baptista, o primeiro técnico campeão brasileiro pelo Corinthians (1990), a partida de hoje é a mais importante do ano.
"Ficar na primeira divisão não será só bom para o clube, mas para todos nós, independentemente de quem for continuar aqui ou não. Não podemos ficar manchados."


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