São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007

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TOSTÃO

Pequenas e dispersas notas


Se Nelson Rodrigues fosse vivo, ironizaria "entendidos", que queriam prever placares e explicar tudo pela lógica


ESTOU DIANTE do papel da caneta sem encontrar um único e bom assunto para escrever, mesmo com tantos jogos importantes pelo Brasileirão.
Poderia palpitar sobre os classificados para a Libertadores e os rebaixados, mas já falaram demais disso. Não sou também um bom palpiteiro. O jeito é divagar com estas pequenas e dispersas notas. Na semana passada, poucos apostavam no Cruzeiro. O time ganhou do Flamengo e ontem enfrentaria o Inter. Agora é o Grêmio que está fora das listas dos que irão para a Libertadores. Se o cronista Nelson Rodrigues estivesse vivo, ironizaria os "entendidos", como ele chamava os comentaristas esportivos que queriam prever resultados e explicar tudo pela lógica e pela prancheta.
Será que o Corinthians vai para a segunda divisão? Muitos têm certeza de que não, baseados no achismo, na tradição e em uma sensação que não sabem explicar. É o pensamento onipotente. Não tenho nenhuma opinião, mas se Botafogo, Palmeiras, Atlético-MG, Grêmio e Fluminense caíram, por que não o fraco time do Corinthians?
A CPI do Corinthians/MSI foi arquivada por causa da pressão da CBF, do governo federal e dos governadores sobre os parlamentares. Muitos que eram a favor ficaram contra. Assim funcionam as coisas no Brasil. O número de deputados fujões foi maior em Minas Gerais.
Volto aos gramados. Nesta semana vi alguns jogos da Copa dos Campeões da Europa. Kaká é cada dia mais atacante, mais artilheiro e mais decisivo. Como é bom ver o Ronaldinho e o meia Alex jogarem com suas visões privilegiadas. Os dois atuam como se estivessem nas arquibancadas, vendo de cima tudo que acontece em campo. O português Cristiano Ronaldo e o argentino Messi novamente brilharam. Messi parece um desses brinquedos de corda, programado para correr com a bola colada nos pés e para driblar em todas as velocidades, de todos os jeitos e em todos os lados do campo.
Na sua apresentação como técnico das categorias de base do Corinthians, Cilinho disse: "Futebol é toque de bola, aproximação, envolvimento e espetáculo". Depois de ouvir tantas besteiras de vários técnicos, como é bom escutar o Cilinho, mesmo que seus conceitos pouco aconteçam na prática. Há muita gente para atrapalhar e impedir.
Se for confirmado o doping da nadadora Rebeca Gusmão, pelo uso reincidente de testosterona e pelas acusações de fraudes nos seus exames de DNA, não basta suspendê-la ou bani-la do esporte. É preciso também descobrir outras pessoas e outros interesses envolvidos. Como já ocorreu com vários atletas, a nadadora brasileira teria sido seduzida pela glória e iludida pelo pensamento onipotente de que nunca seria flagrada nos exames.
Flamengo e Santos fazem hoje o jogo de maior público no Campeonato Brasileiro. Joel redescobriu Toró, que era uma grande promessa nas categorias de base do Fluminense e estava escondido no Flamengo. Toró me faz lembrar a minha infância. Meu companheiro de ataque no time do bairro se chamava Toró. Eu dava os passes, e ele fazia os gols. Toró fazia até chover.

tostao.folha@uol.com.br


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