São Paulo, quarta, 11 de novembro de 1998

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TÊNIS
Legítimo número um

THALES DE MENEZES

Ser o tenista número um do mundo não é fácil, qualquer um sabe disso. Mas é muito mais difícil ser realmente o número um, o melhor, o líder incontestável do ranking mundial.
Digo isso porque existem exemplos, antigos e recentes, de jogadores que alcançaram o topo da lista sem convencer totalmente. O austríaco Thomas Muster e o chileno Marcelo Ríos são os exemplos mais recentes.
Ambos desbancaram, por períodos fugazes, o norte-americano Pete Sampras. Mas ninguém pode comparar esses dois a Jimmy Connors, Bjorn Borg, Ivan Lendl ou Boris Becker.
No caso de Ríos, a juventude conta pontos favoráveis. O bad boy chileno ainda tem muito chão pela frente e pode mostrar o estofo de um verdadeiro fenômeno do tênis. Já o explosivo Muster deu o que tinha para dar. Chegou ao topo só porque concentrou em poucas semanas uma série de sucessos no saibro.
Os títulos são fáceis de computar, estão todos registrados em inúmeros almanaques. Mas é em ocasiões como no último domingo, por exemplo, que o grande campeão mostra do que é feito.
Pete Sampras entrou na quadra coberta de Bercy para enfrentar o britânico Greg Rusedski na final do Aberto de Paris. Minutos antes, passou por um exame médico, no qual um competente doutor francês recomendou a ele que não jogasse. Uma contusão nas costas comprometia toda a sua movimentação.
Sampras desprezou a orientação e entrou em quadra. O público viu a dificuldade do tenista em flexionar pernas e tronco nas bolas baixas. Rusedski é esperto, percebeu o problema e usou e abusou de bolas jogadas no pé do rival.
Mesmo assim, Sampras resistiu três sets, chegando a levar o segundo para o tie-break. No final, 3 a 0 para o britânico, que tem um canhão no lugar do saque. Sampras elogiou o adversário e não citou seu problema nas costas em nenhuma entrevista.
Coisa de quem é o número um.

NOTAS

Uma vez rainha...
O circuito feminino, que está numa dessas fases em que a melhor tenista foi desbancada do ranking por outra inferior, com Lindsay Davenport superando Martina Hingis, também está repleto de exemplos de legítimas campeãs. E uma delas ressurgiu para a glória no último domingo. Mais do que vencer seu 105º título na carreira, Steffi Graf fez em Leipzig outra exibição do golpe mais demolidor da história do tênis feminino. Aquela direita é simplesmente inacreditável.

² Três em um
Um maluco na Califórnia (tinha de ser lá) está construindo um ginásio para 2.000 pessoas que terá a primeira quadra cambiável do planeta. Em menos de três horas, o piso de grama pode ser coberto por um sintético, que pode ser trocado por saibro em quatro horas. Qual a idéia? Reunir os melhores do mundo no final do próximo ano para um torneio tira-teima, em todos os pisos.



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