São Paulo, quarta, 11 de novembro de 1998

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Caparam o Morumbi

ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas

A Prefeitura de São Paulo capou cerca de 30 mil lugares do Morumbi -ou seja, praticamente um estádio inteiro habilitado a receber jogos da fase seguinte do Brasileirão (o limite mínimo é de 25 mil pessoas).
Grosso modo, isso significa que a maior fonte de arrecadação do São Paulo, clube proprietário do Morumbi, que está escapando do rebolo pela tangente, foi reduzida, no mínimo, a pouco mais de um terço, embora o prejuízo maior recaia sobre os demais times da província, que conseguiram a classificação. Como compensação, esses clubes não terão de pagar pelo aluguel de um Morumbi para 50 mil espectadores o mesmo valor que pagariam pelo Morumbi de 80 mil, não é?
Logo, eis o tricolor sendo atingindo fundo no bolso, não bastassem as flechadas no coração da torcida pela humilhante campanha neste Brasileirão.
Pior, o secretário de Obras da prefeitura vem a público e faz a mortificante comparação: enquanto o Palmeiras cumpria todos os acordos feitos com o Contru, na reforma do Parque Antarctica, o São Paulo só fez protelar. E, pior ainda: o presidente tricolor vai à Jovem Pan e informa que realmente não fez o que devia, embora tenha recursos para tal, porque, se o Contru exige amortecedores sob as arquibancadas para amenizar o efeito apavorante do balanço, a torcida clama por jogadores.
Entre um e outro, prefere atender à torcida. E tentar um novo acordo com a prefeitura.
É por essas e outras que o Palmeiras está lá em cima, e o São Paulo, lá embaixo.

Fosse eu técnico da seleção, na primeira oportunidade, faria uma experiência com a dupla de volantes: meteria o lateral-esquerdo Júnior ao lado de Vampeta.
Em primeiro lugar, porque Júnior está jogando demais e merece convocação. Em segundo, porque a lateral esquerda está congestionada de craques, como Serginho, Felipe e o próprio Roberto Carlos.
E, em terceiro, mas talvez o mais importante, porque esse jogador pode ser a pedra de toque naquele setor vital da equipe, conferindo-lhe, a exemplo de Vampeta, o perfeito equilíbrio entre combate, velocidade e técnica.
Aliás, Luxembugo, no Palmeiras, já o colocou por ali, assim como anda fazendo o Felipão nos últimos jogos.
Não custa tentar.

Se já tropeço nessas lusas palavrinhas, que dirá quando me meto com as estrangeiras? Ainda bem que me socorre o leitor David Coles, informando que "falta", em inglês, é "foul" e não "fault", como grafei aqui na segunda-feira.
O pior, David, é que eu achava mesmo que fosse "foul", mas, na correria, ao buscar refúgio no dicionário da Hemus, escapei do "foul", mas fui derrubado pelo "fault".
Traduzindo: fugi da trombada e caí no equívoco, uma falta menor, convenhamos.

O recuo da rodada de amanhã para o período da tarde, segundo o próprio presidente em exercício da CBF, foi fruto de inspiração divina.
Deve ser por isso que Eurico Miranda não gostou da decisão, mas acatou.
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Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas-feiras
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E-mail: helenajr@uol.com.br



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