São Paulo, quinta, 11 de dezembro de 1997.



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FUTEBOL
Membros da organizada palmeirense, extinta pela Justiça no anos passado, criam nova torcida em cartório
Mancha vira 'Alviverde' para torcer no RJ

FÁBIO VICTOR
da Reportagem Local


Os integrantes da organizada Mancha Verde, a maior do Palmeiras até ser extinta por decisão judicial, no ano passado, estão formando uma nova torcida para acompanhar a decisão do Campeonato Brasileiro.
Capitaneados por Paulo Serdan, presidente da Mancha à época da extinção, os palmeirenses foram ao cartório e registraram a "Mancha Alviverde", com o objetivo de seguir, sem problemas com a Justiça, o time paulista no segundo jogo da decisão com o Vasco, programada para o dia 21, no Maracanã.
Como em São Paulo a entrada de torcidas organizadas nos estádios está proibida por portaria da Federação Paulista de Futebol, a intenção é poder torcer no Rio, onde as organizadas são liberadas.
"É uma entidade nova que está nascendo. A Mancha Alviverde não será apenas para o jogo do Rio, mas principalmente para ele", diz Serdan, que, apesar de um dos mentores da nova torcida, garante que será apenas um "assessor".
"Estou fora. Quero só passar segurança para eles. Meu período à frente da torcida do Palmeiras está se encerrando."
Quem assumirá, ao menos de direito, a função de presidente da Mancha Alviverde será Fernando Fagiani, 37, o "Nandão", membro da Mancha Verde desde a fundação da organizada, em 83.
"Queremos tirar a imagem de violência que as organizadas têm. Vamos formar uma diretoria forte, para ter controle sobre os associados", afirma "Nandão".
Ele nega que a mudança quase imperceptível no nome da torcida seja uma provocação à Justiça.
"Foi para não perder a essência. Não queremos perder o vínculo com os associados antigos."
Serdan diz não acreditar que surjam problemas com o Ministério Público, que solicitou a extinção da Mancha Verde.
"Estamos num país democrático, ninguém pode proibir a reunião de pessoas. Aí já caracterizaria perseguição."
Apesar de, segundo Serdan, o registro em cartório ficar pronto apenas hoje, a Mancha Alviverde já iniciou as atividades.
Na loja do bloco de carnaval Mancha Verde, criado após a decisão judicial para não desgarrar os membros da torcida, quem atende o telefone já pronuncia o nome da nova torcida.
Para o jogo do Rio, 70 bandeiras já foram cortadas, devendo ser pintadas a partir de hoje -provavelmente com o mesmo símbolo da Mancha Verde, um clone esverdeado do Mancha Negra, criminoso das histórias de Walt Disney.
"Amanhã (hoje vamos ter um papo para ver se vamos manter o desenho, mas provavelmente sim, porque quem poderia reclamar a patente (sic) do símbolo éramos nós mesmos", diz Serdan.
O ex-dirigente da Mancha Verde calcula que a nova torcida já nascerá grande, com cerca de 400 associados. Na próxima segunda, Serdan e "Nandão" irão ao Rio, ter uma reunião com representantes da PM para saber que material poderão levar para a partida.



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