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DOPING
Relatos apontam falhas nos processos de controle das competições de atletismo, como frascos com números repetidos
Erros expõem fragilidade de testes no país
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Caixas e recipientes com a mesma numeração -123456- provocaram o cancelamento de um
teste antidoping e jogaram luz sobre a segurança do esquema deste
tipo de controle no país.
A prova ocorreu no fim de novembro, em São Paulo. Após o
primeiro atleta fazer a coleta, técnicos que acompanhavam o processo perceberam o problema e
solicitaram a violação dos frascos.
O do maratonista Franck Caldeira, porém, foi ao laboratório.
Após a coleta, as amostras são
identificadas pelos números de
controle. Se mais de um kit apresentar a mesma numeração, pode
acontecer uma troca de testes.
"Tudo foi documentado. Gostaríamos que o dele também fosse
descartado", declarou o técnico
Jorge Luís da Silva.
Segundo Thomaz de Paiva, diretor jurídico da confederação de
atletismo e membro da Agência
Nacional Antidoping -órgão
criado pela CBAt neste ano para
coordenar o setor-, o erro foi do
Comitê Olímpico Brasileiro, que
enviou kits para teste por engano.
O COB confirmou a falha.
O Ladetec, laboratório credenciado pelo Comitê Olímpico Internacional, informou que se duas
amostras chegarem com o mesmo número, serão testadas. De
acordo com o coordenador Francisco Radler, cabe ao órgão apenas verificar se o processo e os
frascos não foram violados.
O caso mostra a fragilidade da
segurança de provas de rua do
país. Os eventos são de responsabilidade da organização e a CBAt
dá o aval e controla o antidoping.
Pessoas ouvidas pela Folha, que
não quiseram se identificar, relataram algum tipo de irregularidade nos procedimentos de pelo
menos três corridas neste ano.
Em uma delas, as 10 Milhas Garoto, em Vila Velha (ES), foi flagrada com diurético -substância
que ajuda na eliminação de líquidos- Dione Chillemi. No ano em
que o atletismo deixou de fazer
testes fora de competição, ela teve
o primeiro caso positivo.
O formulário com os dados da
atleta foi preenchido de forma incorreta. Não foram colocados os
remédios que tomava, nem medidos o PH e a gravidade da urina.
"Pelas regras internacionais, todos os campos devem ser preenchidos ou rasurados. O PH depende das instruções, mas a densidade é necessária porque pode
indicar que a substância não é urina e ser pedida nova amostra", diz
Eduardo de Rose, da Agência
Mundial Antidoping e do COB.
Como Dione assinou sem fazer
considerações, o papel não conta
como defesa. A responsabilidade
pelo que aparece no corpo e pelo
que ocorre no exame é do atleta.
Na mesma prova, corredores teriam deixado o local da coleta sem
vigia, o que fere o protocolo.
Na prova da Integração, em
Campinas, relatos apontam que
só grades separavam o público
dos atletas selecionados. Pela regra, é necessário que haja recinto
preservado. Na Maratona do Rio,
foram vistos copos de água à disposição dos atletas com perfurações, o que mostra violação.
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