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SÃO PAULO NO MUNDIAL
Disputa antes concentrada entre Europa e América do Sul abre espaço para novos continentes e segue com data no final do ano para não incomodar clubes poderosos
Fifa e Toyota dão as mãos em nome da novidade, mas preservam tradição
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram necessários 45 anos para
a Fifa reconhecer de vez o tradicional Mundial interclubes. A
partir de agora, a disputa adquire
um novo status e tem tudo para
ganhar mais espaço e ser uma espécie de Copa do Mundo anual.
A máxima entidade do futebol
trava ao longo dos anos acirradas
disputas com os clubes. Com seu
calendário priorizando as seleções nacionais, ganhou rivais de
peso, como o G14, grupo que reúne os mais poderosos clubes da
Europa. Por mais que o Mundial
interclubes fosse tradicional no
calendário internacional desde
1960, a disputa ficava aos cuidados de Uefa e Conmebol, confederações dominantes da bola.
Bandeira da Fifa, árbitro da Fifa,
bola da Fifa e presidente da Fifa
quase sempre presente ao jogo no
Japão não davam ao Mundial interclubes uma chancela oficial, o
que mudou nas últimas semanas.
Desde que foi definido o novo
formato do Mundial de Clubes,
torneio que teve uma primeira
edição em 2000 bastante criticada,
a Fifa tem tratado os vencedores
da disputa como campeões mundiais -por vezes até em detrimento do Corinthians, primeiro
campeão do Mundial da Fifa.
Uma história rica que engloba o
Real Madrid de Di Stéfano e Puskas, o Santos de Pelé, o Ajax de
Cruyff, o Flamengo de Zico, o Bayern de Beckenbauer, a Juventus
de Platini, o Milan de Gullit e Van
Basten, o Boca Juniors de Carlos
Bianchi e o São Paulo de Telê, entre tantos outros esquadrões, esteve a ponto de acabar com o surgimento do torneio com todos os
continentes lançado pela Fifa.
Mas a parceria com a Toyota,
empresa japonesa que patrocina
o Mundial interclubes desde 1980,
garantiu a seqüência da disputa.
O Mundial de Clubes da Fifa,
além de sofrer com a falência da
ISL -a Traffic, empresa brasileira que promoveu o torneio em
2000, também se desligou do
evento-, não encontrava espaço
no calendário. A solução foi se
render ao sistema que vinha dando certo e que atraía os milionários times europeus.
Pelo menos até 2007, o Mundial
está garantido no Japão no final
de cada ano. Sem convidados e
sem representante do país-sede, a
disputa ganhou em credibilidade.
Pela história, europeus e sul-americanos tiveram seus privilégios na competição, entrando na
disputa só na semifinal. Também
lucram bem mais com a premiação geral de US$ 15 milhões para
um torneio de apenas dois jogos.
A presença dos demais continentes, por sua vez, é um impulso
para países menos desenvolvidos
no esporte. A disputa revigorada
que começa hoje é mais democrática, estimula novidades e, ao
mesmo tempo, preserva a tradição.
(RODRIGO BUENO E TONI ASSIS)
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