São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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SÃO PAULO NO MUNDIAL

Disputa antes concentrada entre Europa e América do Sul abre espaço para novos continentes e segue com data no final do ano para não incomodar clubes poderosos

Fifa e Toyota dão as mãos em nome da novidade, mas preservam tradição

DA REPORTAGEM LOCAL

Foram necessários 45 anos para a Fifa reconhecer de vez o tradicional Mundial interclubes. A partir de agora, a disputa adquire um novo status e tem tudo para ganhar mais espaço e ser uma espécie de Copa do Mundo anual.
A máxima entidade do futebol trava ao longo dos anos acirradas disputas com os clubes. Com seu calendário priorizando as seleções nacionais, ganhou rivais de peso, como o G14, grupo que reúne os mais poderosos clubes da Europa. Por mais que o Mundial interclubes fosse tradicional no calendário internacional desde 1960, a disputa ficava aos cuidados de Uefa e Conmebol, confederações dominantes da bola.
Bandeira da Fifa, árbitro da Fifa, bola da Fifa e presidente da Fifa quase sempre presente ao jogo no Japão não davam ao Mundial interclubes uma chancela oficial, o que mudou nas últimas semanas.
Desde que foi definido o novo formato do Mundial de Clubes, torneio que teve uma primeira edição em 2000 bastante criticada, a Fifa tem tratado os vencedores da disputa como campeões mundiais -por vezes até em detrimento do Corinthians, primeiro campeão do Mundial da Fifa.
Uma história rica que engloba o Real Madrid de Di Stéfano e Puskas, o Santos de Pelé, o Ajax de Cruyff, o Flamengo de Zico, o Bayern de Beckenbauer, a Juventus de Platini, o Milan de Gullit e Van Basten, o Boca Juniors de Carlos Bianchi e o São Paulo de Telê, entre tantos outros esquadrões, esteve a ponto de acabar com o surgimento do torneio com todos os continentes lançado pela Fifa.
Mas a parceria com a Toyota, empresa japonesa que patrocina o Mundial interclubes desde 1980, garantiu a seqüência da disputa. O Mundial de Clubes da Fifa, além de sofrer com a falência da ISL -a Traffic, empresa brasileira que promoveu o torneio em 2000, também se desligou do evento-, não encontrava espaço no calendário. A solução foi se render ao sistema que vinha dando certo e que atraía os milionários times europeus.
Pelo menos até 2007, o Mundial está garantido no Japão no final de cada ano. Sem convidados e sem representante do país-sede, a disputa ganhou em credibilidade.
Pela história, europeus e sul-americanos tiveram seus privilégios na competição, entrando na disputa só na semifinal. Também lucram bem mais com a premiação geral de US$ 15 milhões para um torneio de apenas dois jogos.
A presença dos demais continentes, por sua vez, é um impulso para países menos desenvolvidos no esporte. A disputa revigorada que começa hoje é mais democrática, estimula novidades e, ao mesmo tempo, preserva a tradição. (RODRIGO BUENO E TONI ASSIS)


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