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BOXE
Empresários buscam fechar acordo na Inglaterra
Reunião define
carreira de Popó
EDUARDO OHATA
da Reportagem Local
Uma reunião envolvendo todos
os empresários ligados à carreira
do brasileiro Acelino Freitas, o
Popó, 24, campeão dos superpenas pela Organização Mundial de
Boxe, está prevista para ocorrer
entre hoje e amanhã e tem como
objetivo eliminar o impasse que
emperra a carreira do pugilista.
É a primeira vez que os brasileiros admitem fazer acordo com
Arthur Pelullo, reconhecido pela
Justiça dos EUA como o único
promotor de lutas de Popó.
Ruy Pontes, empresário do brasileiro, vinha afirmando que o
norte-americano só atrapalhou a
carreira do brasileiro e por isso o
substituíram, informalmente, pelo mexicano Ricardo Maldonado,
ignorando o norte-americano.
O conflito judicial entre empresários está impedindo o lutador
de tentar unificar os títulos, um de
seus maiores objetivos, e até pode
pôr em risco a defesa do cinturão
da OMB contra o primeiro do
ranking, o britânico Barry Jones,
sábado, na Inglaterra.
""Todos vão estar na Inglaterra
para tentar negociar uma solução,
Pelullo, Maldonado, Frankie
Warren (empresário de Jones)...",
disse anteontem o técnico de Popó, Luís Carlos Dórea, antes de
embarcar. ""É por isso que o Ruy
(Pontes) foi na nossa frente."
A informação de que os empresários têm uma reunião marcada
foi confirmada pelo norte-americano Pelullo, que hoje tem embarque previsto para a Inglaterra.
""Primeiramente, terão de pagar
o que me devem pelas duas últimas lutas de Popó, realizadas sem
meu consentimento", afirma o
norte-americano, em alusão à defesa de título contra Anthony
""Maestrito" Martinez, da Costa
Rica, em outubro, e à luta contra
Claudio Martinet, em dezembro.
O empresário vai propor ainda
que alguns pontos no contrato sejam reconsiderados, citando uma
possível extensão do documento.
O norte-americano levantou até
mesmo a hipótese de o combate
contra Jones vir a ser cancelado
caso as partes envolvidas não alcancem um consenso.
""Se não chegarmos a um acordo na mesa de negociações, posso
tentar barrar legalmente a realização do combate", ameaça.
Nesse cenário, o baiano correria
até o risco de perder o cinturão
no tapetão, por se tratar de uma
defesa de título obrigatória contra
o primeiro do ranking, Jones.
O combate deveria ter ocorrido
em dezembro, mas o pugilista
brasileiro obteve uma prorrogação de prazo especial da OMB.
No final do ano passado, Bob
Arum, maior promotor de lutas
da atualidade, revelou à Folha
que tem interesse no brasileiro e
que inclusive já teria conversado
com Pelullo e Maldonado.
Arum controla as carreiras dos
norte-americanos Floyd Mayweather e Diego Corrales, campeões dos superpenas pelo CMB
(Conselho Mundial de Boxe) e
FIB (Federação Internacional de
Boxe), respectivamente.
Mas segundo o norte-americano, ""enquanto a situação legal envolvendo Freitas não estiver resolvida, não haverá unificação".
O interesse de Arum, que empresaria o ""chicano" Oscar de la
Hoya, no brasileiro é explicado
pelo fato de as apresentações de
lutadores latinos estarem atraindo grande público nos EUA.
O outro campeão dos superpenas é o coreano Jong Dwon Baek,
que recentemente ganhou o título
da Associação Mundial de Boxe.
Tradicionalmente, os pugilistas
do oriente não costumam participar de unificações de títulos.
O desentendimento entre a
equipe de Popó e Pelullo teve início após a disputa do torneio Boxcino, organizado pelo norte-americano, em 97, e que reuniu pugilistas de oito países.
Popó ganhou notoriedade internacional ao nocautear todos os
seus adversários na competição.
Os vencedores do torneio assinaram contrato de exclusividade
com o norte-americano.
Os brasileiros, justificando que
Pelullo nunca enviara propostas
de lutas para Popó nos meses subsequentes ao Boxcino, adotaram
o mexicano Ricardo Maldonado
como seu promotor.
O norte-americano Pelullo alega que enviou dezenas de propostas e que nunca recebeu retorno
algum dos brasileiros.
Ele abriu um processo contra
Popó por quebra de contrato.
O caso foi julgado pela Justiça
dos EUA, que deu ganho de causa
ao norte-americano Pelullo.
Segundo documentação da
Corte de Las Vegas a que a Folha
teve acesso, Pelullo é reconhecido
pela lei como o único promotor
de lutas do brasileiro.
A equipe de Popó, 24, poderia
organizar combates do boxeador
sem a participação de Pelullo, cedendo 20% dos lucros ao empresário norte-americano.
Essa possibilidade, porém, só
seria válida mediante o prévio
consentimento de Pelullo.
No caso de Popó, que está invicto em 23 lutas, todas decididas
por nocaute, participar de apresentações sem o consentimento
do norte-americano, o contrato
pode sofrer prorrogações, a
exemplo do que ocorreu em 99.
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