São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BOXE
Empresários buscam fechar acordo na Inglaterra
Reunião define carreira de Popó

EDUARDO OHATA
da Reportagem Local

Uma reunião envolvendo todos os empresários ligados à carreira do brasileiro Acelino Freitas, o Popó, 24, campeão dos superpenas pela Organização Mundial de Boxe, está prevista para ocorrer entre hoje e amanhã e tem como objetivo eliminar o impasse que emperra a carreira do pugilista.
É a primeira vez que os brasileiros admitem fazer acordo com Arthur Pelullo, reconhecido pela Justiça dos EUA como o único promotor de lutas de Popó.
Ruy Pontes, empresário do brasileiro, vinha afirmando que o norte-americano só atrapalhou a carreira do brasileiro e por isso o substituíram, informalmente, pelo mexicano Ricardo Maldonado, ignorando o norte-americano.
O conflito judicial entre empresários está impedindo o lutador de tentar unificar os títulos, um de seus maiores objetivos, e até pode pôr em risco a defesa do cinturão da OMB contra o primeiro do ranking, o britânico Barry Jones, sábado, na Inglaterra.
""Todos vão estar na Inglaterra para tentar negociar uma solução, Pelullo, Maldonado, Frankie Warren (empresário de Jones)...", disse anteontem o técnico de Popó, Luís Carlos Dórea, antes de embarcar. ""É por isso que o Ruy (Pontes) foi na nossa frente."
A informação de que os empresários têm uma reunião marcada foi confirmada pelo norte-americano Pelullo, que hoje tem embarque previsto para a Inglaterra.
""Primeiramente, terão de pagar o que me devem pelas duas últimas lutas de Popó, realizadas sem meu consentimento", afirma o norte-americano, em alusão à defesa de título contra Anthony ""Maestrito" Martinez, da Costa Rica, em outubro, e à luta contra Claudio Martinet, em dezembro.
O empresário vai propor ainda que alguns pontos no contrato sejam reconsiderados, citando uma possível extensão do documento.
O norte-americano levantou até mesmo a hipótese de o combate contra Jones vir a ser cancelado caso as partes envolvidas não alcancem um consenso.
""Se não chegarmos a um acordo na mesa de negociações, posso tentar barrar legalmente a realização do combate", ameaça.
Nesse cenário, o baiano correria até o risco de perder o cinturão no tapetão, por se tratar de uma defesa de título obrigatória contra o primeiro do ranking, Jones.
O combate deveria ter ocorrido em dezembro, mas o pugilista brasileiro obteve uma prorrogação de prazo especial da OMB.
No final do ano passado, Bob Arum, maior promotor de lutas da atualidade, revelou à Folha que tem interesse no brasileiro e que inclusive já teria conversado com Pelullo e Maldonado.
Arum controla as carreiras dos norte-americanos Floyd Mayweather e Diego Corrales, campeões dos superpenas pelo CMB (Conselho Mundial de Boxe) e FIB (Federação Internacional de Boxe), respectivamente.
Mas segundo o norte-americano, ""enquanto a situação legal envolvendo Freitas não estiver resolvida, não haverá unificação".
O interesse de Arum, que empresaria o ""chicano" Oscar de la Hoya, no brasileiro é explicado pelo fato de as apresentações de lutadores latinos estarem atraindo grande público nos EUA.
O outro campeão dos superpenas é o coreano Jong Dwon Baek, que recentemente ganhou o título da Associação Mundial de Boxe.
Tradicionalmente, os pugilistas do oriente não costumam participar de unificações de títulos.
O desentendimento entre a equipe de Popó e Pelullo teve início após a disputa do torneio Boxcino, organizado pelo norte-americano, em 97, e que reuniu pugilistas de oito países.
Popó ganhou notoriedade internacional ao nocautear todos os seus adversários na competição.
Os vencedores do torneio assinaram contrato de exclusividade com o norte-americano.
Os brasileiros, justificando que Pelullo nunca enviara propostas de lutas para Popó nos meses subsequentes ao Boxcino, adotaram o mexicano Ricardo Maldonado como seu promotor.
O norte-americano Pelullo alega que enviou dezenas de propostas e que nunca recebeu retorno algum dos brasileiros.
Ele abriu um processo contra Popó por quebra de contrato.
O caso foi julgado pela Justiça dos EUA, que deu ganho de causa ao norte-americano Pelullo.
Segundo documentação da Corte de Las Vegas a que a Folha teve acesso, Pelullo é reconhecido pela lei como o único promotor de lutas do brasileiro.
A equipe de Popó, 24, poderia organizar combates do boxeador sem a participação de Pelullo, cedendo 20% dos lucros ao empresário norte-americano.
Essa possibilidade, porém, só seria válida mediante o prévio consentimento de Pelullo.
No caso de Popó, que está invicto em 23 lutas, todas decididas por nocaute, participar de apresentações sem o consentimento do norte-americano, o contrato pode sofrer prorrogações, a exemplo do que ocorreu em 99.


Texto Anterior: Aílton troca a Lusa pelo Etti-Jundiaí
Próximo Texto: Automobilismo: Ameaça terrorista leva o Rali Dacar a adotar ponte aérea
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.