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Alertados por morte de zagueiro, clubes adotam exame cardiológico às vésperas do início da temporada
Após Serginho, hospitais vêem boom de check-up
Alexandre Cassiano/'Agencia O Globo'
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O zagueiro Júnior Baiano, participa de avaliação cardiológica a que foram
submetidos todos os jogadores do Flamengo |
EWERTON FRIGO
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A morte de Serginho ainda repercute no esporte brasileiro.
Neste início do ano, a cardiologia
tem se igualado à ortopedia como
especialidade médica de maior
influência nos exames de pré-temporada realizados em atletas.
Hospitais e clínicas especializados na identificação de doenças
do coração têm assistido a um
grande aumento na procura por
testes de esportistas.
Entre ontem e hoje, os elencos
de Atlético-MG, América-MG,
Flamengo, Santos e Vasco serão
submetidos a uma bateria de exames cardiológicos, o que já aconteceu com os atletas de Fluminense e Paraná. São Caetano, São
Paulo, Corinthians e Palmeiras
também têm horários agendados.
"Após a tragédia com o Serginho, houve uma mudança radical
da visão dos dirigentes e dos médicos dos clubes em relação à importância dos testes cardiológicos. E essa reação não é uma "bolha", mas algo que ficará incutido
no meio", acredita Nabil Ghorayeb, coordenador clínico da seção
de cardiologia do esporte do Instituto Dante Pazzanese e do Hospital do Coração de São Paulo.
Para fundamentar a opinião, o
médico cita a lei paulistana, sancionada nesta semana, que obriga
a instalação de desfibriladores em
todos os locais onde aconteça a
aglomeração de mais de 1,5 mil
pessoas e lembra que até academias de ginástica da cidade já
contam com a aparelhagem.
Ghorayeb espera que aconteça
no Brasil um fenômeno similar ao
apresentado pelo presidente da
Comissão Médica da Fifa, o belga
Michel Hooghe, no último congresso médico da entidade, realizado em novembro no México.
Hooghe citou uma lei italiana
que obriga a avaliação cardiológica de todo atleta profissional. Em
30 anos, foram testados 33 mil esportistas e a mil foi recomendado
o afastamento da atividade física.
O aumento da procura pelos
exames do coração não causou
impacto apenas em dirigentes e
médicos. Os esportistas também
mudaram de atitude.
Sem citar o nome do paciente, o
chefe do Hospital do Coração
lembra do caso de um atleta que
ficou-lhe agradecido por ter sido
aconselhado a se afastar do esporte para tratamento. "Isso não
aconteceria antes do caso Serginho", avaliou.
As mortes de atletas por problemas cardíacos também varreram
um dos mais comuns hábitos dos
esportistas durante as avaliações
médicas: o "migué".
A constatação é do médico Bernardino Santi, da Confederação
Brasileira de Boxe (CBB), na semana em que a equipe olímpica
faz sua avaliação no Hospital do
Coração, em São Paulo.
"Antes os atletas achavam um
porre, e a gente tinha que fazer os
exames em vários dias porque alguém sempre dava um jeito de escapar, de adiar um ultrassom",
diz Santi, que é filiado à Sociedade
Brasileira de Medicina Esportiva.
"Hoje não. Estamos fazendo tudo
dentro do programado e a preocupação dos atletas beira a paranóia. Eles se sentem seguros porque estamos cuidando deles."
Segundo Santi, a principal mudança foi a forma com a qual os
dirigentes e treinadores encaram
a avaliação médica dos atletas.
Colaborou Márvio dos Anjos,
da Reportagem Local
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