São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

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TÊNIS

Que bonito é

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Quem chegou em cima da hora quase não pôde entrar. Quem chegou na hora, achando que estaria de bom tamanho, acabou do lado de fora. Não, não era futebol, nem desfile de moda com Gisele Bündchen. Também não era promoção de Natal, nem culto religioso. Não, não estamos falando de show na praia.
Era tênis, sim, mas mesmo assim não tinha Guga, nem Meligeni. E não era nem fim de tarde, nem manhã. Era meio-dia.
Mais bonito do que ver 4.000 pessoas ocuparem um lugarzinho debaixo de sol forte (quem não se lembra do calor que fez no domingo em São Paulo?) para assistir a um mero jogo de tênis, foi ver o comportamento dessas pessoas.
Em um parque público, com entrada franca, engana-se quem pensa que arruaceiros, bêbados e mal-educados dominaram as arquibancadas do Villa Lobos. O comportamento da torcida foi simplesmente exemplar na vitória de Ricardo Mello sobre Giovanni Lapentti na final do Chal-lenger de São Paulo.
Barulho? Algum, mas nada que comprometesse o jogo. Gritos? Sim, mas só os necessários para festejar pontos de Mello. Xingamentos? Nada. Silêncio? Nas horas certas. Aplausos? Até para os bons golpes de Lapentti. Pessoas andando entre um ponto e outro? Nenhuma! E teve até um ou outro equatoriano simpático festejando Lapentti entre os pontos.

 

Parte do comportamento exemplar e educado da torcida se deveu ao comportamento exemplar e educado de Mello em quadra. Acostumado às vezes a tenistas que exageram nos gestos, nas palavras e nas artimanhas, o público torcia no domingo por um ídolo que respeita o jogo e o rival.
Vi um ou outro com vontade de xingar Lapentti ou quase berrando na hora de seu saque, mas "contidos" pelo "fair play"" que Mello, implicitamente, desfilava em quadra. Nada a ver com "frio" ou tímido, só com um bom jogador. Até nisso ele é do bem.
 

Subir no ranking? Ficar entre os 50 primeiros? Ganhar mais um título? Nada de promessas que rendam manchetes.
"Penso simplesmente em manter o meu ranking atual, jogando apenas Grand Slams, Masters Series e ATP Tours", disse Mello. Talvez ciente até de seus pontos fracos (ainda lhe falta um golpe "matador", por exemplo), ele vai fazendo da insistência e da superação os seus pontos fortes em quadra.
Em São Paulo, no primeiro torneio do ano, chegou a ter dois match points contra já na estréia. Nas semifinais, perdia por 0/4 o set decisivo.
Na decisão, teve um outro match point contra.
"Geralmente os meus jogos são muito disputados, acabam indo para o terceiro set. Passei por momentos delicados, mas soube encontrar o caminho para contorná-los", explica, com português tão correto quanto sua atitude. "Estou com a confiança em alta. Não poderia ter começado melhor. Acreditei sempre na vitória, na superação. Sigo acreditando."

Uma graninha a mais
Gaston Gaudio, Nicolas Massú e Rafael Nadal serão os destaques do Brasil Open, na semana seguinte ao Carnaval, na Costa do Sauípe. Carlos Moyá será o cabeça-de-chave número um se chegar a acordo financeiro com os organizadores do ATP Tour.
Saldo positivo do ano que terminou Fechadas as contas de 2004, a ATP divulga recorde de torcedores. Foram 3,98 milhões em 64 competições disputadas por 30 países.

Sem chance de um "revival"
Kim Clijsters, que voltaria às quadras no Aberto da Austrália, descartou o retorno. Diz que só joga agora em fevereiro, na Bélgica. Evita assim trombar em Melbourne com seu ex Lleyton Hewitt.

E-mail: reandaku@uol.com.br

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