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FUTEBOL
Desesperar jamais
JORGE KAJURU
ESPECIAL PARA A FOLHA
Por causa do artigo que escrevi no dia 29 recebi manifestações das mais interessantes. Sem
dúvida, foi a coluna de Tostão
(publicada no dia 26) que provocou reações e avais.
Há leitores que estão enojados
com o futebol fora de campo. E
com os poderes. Alguns, como
Carlos Eduardo Afonso Rodrigues, Geraldo Antônio Galazzi e
José Carlos Guedes recorrem a
Rui Barbosa: "Em pouco tempo
teremos vergonha em nos sentir
honestos, tamanhas as ilicitudes
que ocorrem neste país".
Outros entendem que somos
desde cedo doutrinados a assumir
postura passiva diante de atos
imorais. Nesta direção merece ficar público o que escreveu Addy
Félix de Carvalho, outro sem-paciência. Buscou em Martin Luther King a definição que reflete
aos dias de hoje: "O que me preocupa não é o grito dos violentos,
mas o silêncio dos bons". A principal pergunta é até quando vamos
conviver com essa escumalha?
Respondo que precisamos ver o
quanto evoluímos. Quantas não
são as vitórias fora dos gramados.
Se gente como Eurico Miranda
ainda vence no Vasco, em compensação veio das urnas sua
maior derrota quando perdeu a
reeleição como deputado. Exemplos do Ministério Público com a
federação mineira e do obrigatório sumiço de Eduardo José Farah
da entidade paulista são animadores. Torcedor ou jornalista, antes de tudo um cidadão, não pode
perder o direito de se indignar.
Enquanto existir Michael Moore
(autor e cineasta dos EUA, crítico
da era Bush) com impaciência e
coragem para gritar, haverá esperança. Aqui no Brasil tem mais de
uma dezena de "Moores" (Tostão, Datena, Juca Kfouri, Mário
Magalhães, José Trajano, Fernando Calazans, Neto, Armando
Nogueira, Marcos Augusto Gonçalves, Rui Carlos Osterman, Soninha, José Geraldo Couto, Sócrates...) para não capitular. Jamais.
Ainda bem que temos veículos
com espaços (esta Folha, "O Globo", CBN, "Lance!", SBT, "Carta
Capital", "Estadão") para que a
banda podre não se sinta intocável. E aproveito para não ser injusto com aqueles da imprensa,
que se pudessem... Imaginem um
Casagrande podendo falar tudo?
Aos que duvidam dessa realidade, devo relembrar o que revelei,
ao vivo, na Band e em entrevistas:
em fevereiro de 2003 falei pessoalmente com dois dos homens fortes
da Globo. Queriam me contratar
por experiência de seis meses. Minha vontade acabou no terceiro
encontro quando um diretor me
alertou: "Na Globo, você não vai
poder criticar horário de jogo porque é assunto comercial. Nem vai
bater em dirigentes quando a
emissora estiver negociando direitos com os mesmos". Basta?
No meu entender, em que pesem a dureza dos fatos e o ceticismo como trato das coisas do futebol, entre o positivo e o negativo
devo ratificar que continuo tendo, em campo, sentimentos de
amor e paixão. Vinícius de Moraes tem razão: Todo grande
amor só é bem grande se for triste.
Jorge Kajuru, 43, é jornalista
O colunista Tostão está em férias
Conselho e dilema
Desde as 20h29min de 2 de junho de 2004, quando fui demitido no ar, ao vivo, até hoje não
consegui saber ou descobrir os
motivos. Propostas para voltar
e fazer outro modelo de programa tive e tenho. Mas, para um
esportivo e daquele modo, nenhuma emissora me convidou
em sete meses. Em Ribeirão
Preto, por canal fechado, faço
um "talk show". Quase não falo
de futebol. Prazeroso tem sido
ouvir nas ruas o alegre pedido
para seguir assim... não mudar
nada. De repente veio de Felipão o conselho amigo, que em
caso de volta, devo esquecer esse bando todo. Porque eles vão
continuar existindo e roubando. Entre todos que leram e comentaram, só dois discordaram do técnico. Rebelde, com
causa. Só falta mais paciência.
E-mail: jorgekajuru@terra.com.br
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