São Paulo, domingo, 12 de março de 2006

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PINGUE-PONGUE

"Quero mostrar às meninas que o xadrez é ótimo"

DA REPORTAGEM LOCAL

Alexandra Kosteniuk sabe: se for campeã mundial, algo que a Rússia não consegue desde 1962, ganhará imensa notoriedade. Por sua beleza e pela qualidade de seu jogo. E ela já tem total noção do que fará: "Meu sonho é ser uma mensageira. Quero mostrar às meninas que o xadrez é ótimo". (TT)

Folha - Beleza e inteligência podem andar juntas?
Alexandra Kosteniuk -
(risos) Acho importante que o mundo saiba que isso é possível. E o xadrez é um ótimo instrumento. As mulheres não ficam devendo nada aos homens quando o assunto é intelecto. As garotas podem jogar xadrez de alto nível ou desenvolver boas carreiras nos negócios e na educação.

Folha - Você consegue conciliar o xadrez com a vida de modelo e de escritora?
Alexandra -
Hoje em dia eu me dedico apenas ao xadrez. Só aceito trabalhos como modelo se for para divulgar o esporte. Treino sempre de cinco a seis horas por dia, incluindo também uma preparação física especial, com natação e corrida. Sobre os poemas e livros, evolui pouco desde meus 16 ou 17 anos. Deixei isso um pouco de lado, então. Escrever virou um hobby. Ser modelo também.

Folha - Então você quer usar sua beleza em prol do xadrez?
Alexandra -
Exatamente. Há várias fotos em meu site, e quem quiser comprar alguma ajudará com o fundo que criei para desenvolver o xadrez, especialmente para as crianças. Quando há um bom número delas em eventos que atuo, não cobro nada. A alegria das pequeninas vale mais. Quero ser uma mensageira e mostrar a elas o quanto o xadrez é bom.

Folha - Você dedicou toda sua infância ao xadrez...
Alexandra -
E foi ótimo. Está provado que o xadrez ajuda as atividades mentais, desenvolve o raciocínio e a memória. Sou grata ao meu pai por ter me ensinado a jogar. No começo, não reagia aos treinos dizendo "viva!". Depois eu vi que era aquilo que queria para mim.

Folha - Não é cansativo aplicar tanto tempo no xadrez?
Alexandra -
Às vezes eu preciso fazer algumas coisas para relaxar, mas meu treinamento não é uma tortura. Pelo contrário. Não reclamo por ficar seis horas por dia na frente de um tabuleiro. É um jogo rico de idéias, de desafios infinitos. Faz bem para toda a socidade.

Folha - Você jogou o Mundial sub-12 no Brasil, em 1995...
Alexandra -
Foi especial para mim, era a primeira vez que eu viajava sem os meus pais. A federação russa pagou a minha passagem. Adorei o país e as pessoas, mas o clima [quente] me afetou um pouco [ela afirma ter ficado em segundo na competição disputada em Guarapuava, no Paraná].

Folha - Algumas rivais acham você narcisista. Isso a afeta?
Alexandra -
Nenhuma delas me disse isso pessoalmente. Se falam isso sobre o meu estilo de jogo, sou, sim, bastante agressiva. E não escondo de ninguém.


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