São Paulo, domingo, 12 de março de 2006

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AUTOMOBILISMO

No Bahrein, que abre hoje o Mundial de F-1, alemão divide atenção com parceiro de time, Massa, o segundo

Schumacher crava a pole e iguala Senna

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SAKHIR (BAHREIN)

No dia em que igualou o mítico recorde de poles de Ayrton Senna, o último que faltava numa carreira que se aproxima do fim, Michael Schumacher dividiu ontem as atenções no Bahrein com uma revelação. Por ironia, brasileira.
Na estréia do novo formato de treino oficial, em Sakhir, o heptacampeão mundial conquistou pela 65ª vez a primeira posição no grid. Alcançou, assim, algo que a F-1, por anos, considerou impossível, impensável. Quase um dogma: a marca estabelecida por Senna um dia antes de sua morte, no GP de San Marino de 1994.
É quase o dobro do que os segundos colocados, outros dois mitos do automobilismo: Jim Clark e Alain Prost cravaram, cada um, 33 poles na categoria.
Punhos cerrados, sorriso aberto, abraçado a mecânicos, o alemão vibrou como poucas vezes. Antiga rotina nos anos de hegemonia ferrarista, largar na frente tornou-se raridade na temporada passada -aconteceu apenas em um GP, o da Hungria. A alegria, porém, logo deu lugar à emoção.
"Igualar o recorde de Senna é especial para você?", perguntou um repórter italiano. "Estou orgulhoso", respondeu Schumacher, rosto contrito, voz embargada. "É especial?". "Não tenho palavras para descrever isso", completou, num quase-choro.
A dois, três metros dali, no paddock do circuito barenita, outro piloto era cercado pela imprensa.
Também de macacão vermelho. E que tinha 13 anos quando o ídolo alcançado ontem morreu.
No seu primeiro final de semana pela Ferrari, Felipe Massa, 24, conquistou a melhor posição de largada de sua carreira na F-1. Sairá hoje do segundo lugar, ao lado de Schumacher. A largada do GP do Bahrein será às 8h30 (horário de Brasília), com TV.
Satisfeito com o resultado, comemorado ao lado dos pais e da namorada, Massa, no entanto, mostrava certo desgosto. Queria a pole. E por pouco não a levou.
Faltando dez minutos para o fim do treino, ele era o primeiro colocado, com 1min31s523. Então, Schumacher foi à pista e, na última tentativa, cravou uma volta 0s092 mais rápida. Também na última chance para tentar, Massa melhorou seu tempo, mas não o suficiente. Terminou 0s047 atrás.
"Acho que é até um pecado eu não estar tão satisfeito, mas foi uma pena o que aconteceu na última volta. Peguei um pouco de tráfego, com o Giancarlo [Fisichella, da Renault]. Largar em segundo na primeira corrida do ano é emocionante, mas foi uma pena porque sei que eu poderia começar em primeiro", afirmou.
Antecessor de Massa na Ferrari, Rubens Barrichello também largou uma posição atrás de Schumacher na estréia pelo time, na Austrália, em 2000. Na ocasião, foi quarto, a 0s027 do alemão.
Resultados normais. Aos 37, recordista de poles, vitórias, voltas mais rápidas, pontos e títulos na F-1, Schumacher é o maior destruidor de marcas da história da categoria. A que foi igualada ontem talvez tenha sido seu último sopro de brilho, já que provavelmente ele parará ao fim do ano.
Mas o choro engolido diante dos repórteres não foi nostalgia antecipada. Foi reconhecimento. Foi a ficha caindo. Foi a percepção de que, entre os 647 homens que já se aventuraram nesse negócio chamado F-1, não há mais nenhum à sua frente. Em nada.

NA TV - GP do Bahrein, Globo, ao vivo, 8h30


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