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Pan bancará as passagens de cartolas
Pago com dinheiro público, o número de bilhetes aéreos inchou 22%, sendo que cerca de mil deles são para dirigentes
Viagens de participantes do evento no Rio vão custar R$ 22,2 milhões aos cofres do governo federal por conta de acordo feito na candidatura
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Comitê Organizador do
Pan do Rio (Co-Rio) inflou o
número de passagens que pagará no evento e bancará a viagem
de cerca de mil cartolas para o
Brasil. Tudo será custeado com
dinheiro do governo federal,
que vai liberar R$ 22,2 milhões
para transporte aéreo.
Nos eventos esportivos internacionais, como Olimpíada
e Copa do Mundo, é incomum o
organizador pagar pelas passagens de atletas, árbitros e dirigentes dos países participantes.
Tanto que o Brasil foi responsável pelas despesas aéreas
de suas delegações nos últimos
Jogos e no Pan. Essas viagens
também foram bancadas por
dinheiro público, por meio da
Lei Piva ou por investimento
do Ministério do Esporte.
Só que, ao se candidatar a ser
sede do Pan em 2002, o Co-Rio
se comprometeu a custear o
transporte de atletas e oficiais.
Os governos municipal, estadual e federal deram aval.
Na ocasião, o presidente do
Comitê Olímpico Brasileiro,
Carlos Arthur Nuzman, ofereceu "o pagamento integral das
passagens aéreas para 7.500
pessoas, entre atletas e oficiais". Era sua arma na briga
contra San Antonio (EUA),
também postulante ao evento.
Mas, agora, a estimativa do
Co-Rio já totaliza 9.176 pessoas
com viagens pagas. Ou seja, é
um aumento de 22,3%. É mais
um item dos gastos do Pan-07
que cresce desde a candidatura
-o custo total do evento já foi
multiplicado por seis.
Para o pagamento dessas
passagens, foram firmados dois
convênios entre o Co-Rio e o
governo federal, no mês de janeiro. Já foram liberadas verbas em cima desses números
estimados do Co-Rio.
Em um dos convênios, já foram liberados R$ 8,8 milhões
para pagar as viagens de 2.626
cartolas e árbitros. São diversas
as entidades esportivas cujos
dirigentes foram beneficiados
com as passagens.
Entre elas, estão o Comitê
Olímpico Internacional, a Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), federações internacionais, confederações brasileiras e comitês olímpicos nacionais.
No total, são 1.096 pessoas,
entre cartolas e funcionários
técnicos. O restante (1.530) é de
profissionais de arbitragem,
entre os quais também há dirigentes e delegados.
Essas passagens serão emitidas pela agência Tamoyo, que
faz as viagens oficiais do COB.
Foi escolhida em licitação entre 2004 e 2005, quando já
atendia o Comitê. No processo,
o Co-Rio e o COB inabilitaram
a única concorrente por falta de
um aval da Odepa.
Essa agência será remunerada por meio de comissões em
cima das passagens deste convênio com o governo.
Em outro convênio, o governo federal vai dar um total de
R$ 13,382 milhões para pagar
as viagens de atletas e membros de comissões técnicas estrangeiras. Neste caso, serão
6.550 pessoas com viagens
bancadas com recurso federal.
São 4.680 esportistas estrangeiros -os brasileiros estão fora deste contingente.
Não haverá licitação para a
aplicação desses recursos. O
Co-Rio dará todo o dinheiro para a Odepa, que repassará os valores aos 42 comitês olímpicos
nacionais. Isso servirá como
reembolso, já que os próprios
comitês comprarão suas passagens em seus países.
Para os dois convênios, o governo federal diz que haverá
prestação de contas do Co-Rio,
que será analisada pelo Tribunal de Contas da União. Então,
serão descritas todas as pessoas
beneficiadas pelas passagens.
A liberação foi realizada por
meio de plano de trabalho, em
que consta "o valor pesquisado
[das passagens] e a qualificação
das pessoas", informou o Ministério do Esporte.
Pelas estimativas atuais,
51,02% das passagens do Co-Rio serão para atletas. Ou seja,
quase metade das pessoas beneficiadas será formada por
funcionários da organização e
cartolas. São os mesmos dirigentes que não cansaram de
elogiar o Pan do Rio no Seminário de Chefes de Missão, feito
na última semana na cidade.
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