São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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TÊNIS

Cãibras e "cansaço mental" minam estratégia contra o Paraguai, alargam crise e mantêm país distante da elite mundial

Brasil inexperiente cai e avista 3ª divisão

Jorge Araújo/Folha Imagem
Ramon Delgado festeja com companheiros a vitória do Paraguai sobre o Brasil, na Costa do Sauípe, pela segunda divisão da Davis


FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL À COSTA DO SAUÍPE

Sem seus principais tenistas, o Brasil não foi páreo, mesmo em casa, à fraca equipe do Paraguai e agora corre risco de cair para a terceira divisão da Copa Davis.
O ponto decisivo veio logo na primeira partida de ontem, quando Ramon Delgado bateu Alexandre Simoni por 6/1, 7/6 e 6/4.
A queda de ontem deve aumentar a temperatura da grave crise política que ronda a Confederação Brasileira de Tênis, que segue longe de terminar e pode influenciar também o próximo duelo.
Com a derrota por 3 a 2 para os paraguaios, o Brasil encara agora a Venezuela, fora de casa, em julho, pela repescagem da Davis.
Comandado pelo capitão Carlos Chabalgoity, o Brasil foi representado por Marcos Daniel (198º do ranking da ATP), Alexandre Simoni (301º), Júlio Silva (360º) e Josh Goffi (558º) por causa do boicote dos principais tenistas, liderados por Gustavo Kuerten e descontentes com a atuação de Nelson Nastás à frente da CBT.
Com uma equipe de pouca experiência e diante de arquibancadas quase vazias, o Brasil perdeu um confronto que, com Guga, seria considerado fácil. "Nossa estratégia foi certa, mas aconteceram coisas não planejadas", disse Chabalgoity. "E houve toda uma situação delicada, uma tensão. Um cansaço mental em quadra." Apesar disso, o técnico disse ter sido válido o trabalho psicológico feito com a ajuda de Regina Brandão e sessões de filmes.
A intenção do Brasil era minar Delgado, principal nome paraguaio e único a jogar nos três dias de confronto. Mas a tática ruiu logo na primeira partida, na sexta.
Após um início nervoso, Daniel dominava o jogo contra Francisco Rodrigues (396º), mas sentiu cãibras e perdeu, um "imprevisto" que Chabalgoity não esperava. Além disso, a partida durou muito mais do que previsto -cerca de quatro horas e meia. Quando Júlio Silva entrou em quadra contra Delgado, o calor já não era tão intenso, e o rival fez 3 a 0.
Anteontem, o Brasil manteve suas esperanças ao vencer o jogo de duplas com Simoni e Goffi.
O dia decisivo começou com mudanças na escalação. Daniel enfrentaria Delgado, mas, segundo Chabalgoity, estava "mal da garganta" e acordou indisposto. O técnico optou por Simoni.
O escolhido, que só havia jogado simples com os confrontos já definidos, teve chances de quebrar o saque rival logo no início, mas as desperdiçou e viu Delgado fechar em 6/1. O segundo set foi definido no tie-break, de novo em favor do paraguaio, que fez 8/6.
Simoni tentou reagir na terceira parcial ao quebrar o saque do rival. Mas sentiu cãibra no braço e não impediu a derrota por 6/3.
Para cumprir tabela, Silva enfrentou Daniel Lopez, 14, que abandonou quando com o placar em 6/1 e 3/0 para o brasileiro.
Para Chabalgoity, a experiência de Delgado foi determinante. O rival disse que terminou bem fisicamente o confronto.

O jornalista Fernando Itokazu se hospeda a convite da Koch Tavares

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