São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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FUTEBOL

Veneno contra veneno

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O São Caetano deu um passo gigantesco rumo ao título paulista de 2004. Desta vez, se o Azulão deixar a taça escapar pelo vão dos dedos, poderemos falar em zebra.
Fazer três gols no bem armado time do Paulista não é nada fácil. No atual campeonato, só dois clubes tinham conseguido a façanha: o Palmeiras e o próprio São Caetano. Mais difícil ainda é conseguir virar uma partida que o Paulista começa em vantagem.
No jogo de ontem, quando o time de Jundiaí abriu o placar, pensei: "Pronto. Olha só o São Caetano provando do próprio veneno, como aconteceu contra o Peñarol". E qual é esse veneno? Marcação forte e saída rápida para o contra-ataque. Um veneno que funcionou bem contra o Santos, equipe que joga ofensivamente e deixa brechas na defesa.
Contra o Peñarol e o Paulista, o São Caetano se viu, de certo modo, diante de clones de si mesmo. Como tem mais time que ambos os adversários, sentiu-se na obrigação de tomar a iniciativa e buscar o ataque primeiro -coisa a que não está acostumado.
São Caetano 3 x 1 Paulista foi uma partida interessante, em que uma forte disputa no meio de campo conviveu com pontadas rápidas das duas equipes, já que o forte de ambas são as estocadas incisivas, enxutas, sem firulas.
Mas o São Caetano atacou mais e, graças à qualidade de seus jogadores, com mais eficácia. À objetividade do esquema montado por Muricy, acrescentou-se a categoria de seus jogadores de meio de campo e de frente, com destaque para Marcinho, o grande articulador, e Fabrício Carvalho, um atacante que é tão letal na finalização (o São Paulo que o diga) como na função de pivô, de costas para o gol.
Um capítulo à parte deveria ser dedicado ao incansável Mineiro. Figura essencial na marcação, no desarme e no apoio ao ataque, o meio-campista do São Caetano lembra um pouco o Amaral (ex-Palmeiras e ex-seleção brasileira), mas um Amaral com mais habilidade e passe melhor.
Com um preparo físico e uma garra invejáveis, foi ele que construiu na undécima hora o terceiro gol azul, roubando uma bola que parecia perdida e arrancando para o gol até ser derrubado na área. Esse é um que eu gostaria de ter no meu time. Aliás, não só ele, como também Marcinho, Gilberto, Fabrício Carvalho, Dininho, Triguinho etc.
No segundo jogo da final, o Paulista terá que se abrir, contrariando suas características e deixando inevitavelmente espaços para o Azulão. Se o time de Muricy Ramalho tiver a cabeça no lugar, sairá do Pacaembu com a taça na mão.

O Vasco se preocupou tanto em marcar Felipe que quase se esqueceu de jogar, no primeiro tempo do clássico de ontem, no Maracanã. E o Flamengo mostrou que não vive apenas de um craque, mas de um conjunto entrosado e motivado. O gol do Vasco no fim, porém, foi um alerta aos rubro-negros: nada está definido.

Raposa papa Galo
Outro time azul que está com uma mão na taça é o Cruzeiro, que com a vitória de ontem reverteu a vantagem anterior do Atlético-MG. O Galo fez melhor campanha na primeira fase, mas o Cruzeiro cresceu no momento certo para tentar recuperar a supremacia estadual.

Dr. Jekyll e Mr. Hyde
Ronaldinho fez mais um golaço pelo Barcelona no sábado. Só que depois cometeu uma infantilidade ao tentar tirar a bola das mãos do goleiro adversário e acabou expulso. A essa altura da carreira e da vida, o craque gaúcho já não pode alegar imaturidade para desculpar uma mancada como essa. O que será então? Cansaço? Excesso de holofotes?

E-mail: jgcouto@uol.com.br


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