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FUTEBOL
Veneno contra veneno
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O São Caetano deu um
passo gigantesco rumo ao título paulista de 2004. Desta vez,
se o Azulão deixar a taça escapar
pelo vão dos dedos, poderemos falar em zebra.
Fazer três gols no bem armado
time do Paulista não é nada fácil.
No atual campeonato, só dois clubes tinham conseguido a façanha:
o Palmeiras e o próprio São Caetano. Mais difícil ainda é conseguir virar uma partida que o
Paulista começa em vantagem.
No jogo de ontem, quando o time de Jundiaí abriu o placar,
pensei: "Pronto. Olha só o São
Caetano provando do próprio veneno, como aconteceu contra o
Peñarol". E qual é esse veneno?
Marcação forte e saída rápida para o contra-ataque. Um veneno
que funcionou bem contra o Santos, equipe que joga ofensivamente e deixa brechas na defesa.
Contra o Peñarol e o Paulista, o
São Caetano se viu, de certo modo, diante de clones de si mesmo.
Como tem mais time que ambos
os adversários, sentiu-se na obrigação de tomar a iniciativa e buscar o ataque primeiro -coisa a
que não está acostumado.
São Caetano 3 x 1 Paulista foi
uma partida interessante, em que
uma forte disputa no meio de
campo conviveu com pontadas
rápidas das duas equipes, já que o
forte de ambas são as estocadas
incisivas, enxutas, sem firulas.
Mas o São Caetano atacou mais
e, graças à qualidade de seus jogadores, com mais eficácia. À objetividade do esquema montado
por Muricy, acrescentou-se a categoria de seus jogadores de meio
de campo e de frente, com destaque para Marcinho, o grande articulador, e Fabrício Carvalho,
um atacante que é tão letal na finalização (o São Paulo que o diga) como na função de pivô, de
costas para o gol.
Um capítulo à parte deveria ser
dedicado ao incansável Mineiro.
Figura essencial na marcação, no
desarme e no apoio ao ataque, o
meio-campista do São Caetano
lembra um pouco o Amaral (ex-Palmeiras e ex-seleção brasileira),
mas um Amaral com mais habilidade e passe melhor.
Com um preparo físico e uma
garra invejáveis, foi ele que construiu na undécima hora o terceiro
gol azul, roubando uma bola que
parecia perdida e arrancando para o gol até ser derrubado na
área. Esse é um que eu gostaria de
ter no meu time. Aliás, não só ele,
como também Marcinho, Gilberto, Fabrício Carvalho, Dininho,
Triguinho etc.
No segundo jogo da final, o
Paulista terá que se abrir, contrariando suas características e deixando inevitavelmente espaços
para o Azulão. Se o time de Muricy Ramalho tiver a cabeça no
lugar, sairá do Pacaembu com a
taça na mão.
O Vasco se preocupou tanto em
marcar Felipe que quase se esqueceu de jogar, no primeiro tempo
do clássico de ontem, no Maracanã. E o Flamengo mostrou que
não vive apenas de um craque,
mas de um conjunto entrosado e
motivado. O gol do Vasco no fim,
porém, foi um alerta aos rubro-negros: nada está definido.
Raposa papa Galo
Outro time azul que está com
uma mão na taça é o Cruzeiro,
que com a vitória de ontem reverteu a vantagem anterior do
Atlético-MG. O Galo fez melhor campanha na primeira fase, mas o Cruzeiro cresceu no
momento certo para tentar recuperar a supremacia estadual.
Dr. Jekyll e Mr. Hyde
Ronaldinho fez mais um golaço
pelo Barcelona no sábado. Só
que depois cometeu uma infantilidade ao tentar tirar a bola
das mãos do goleiro adversário
e acabou expulso. A essa altura
da carreira e da vida, o craque
gaúcho já não pode alegar imaturidade para desculpar uma
mancada como essa. O que será
então? Cansaço? Excesso de holofotes?
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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