São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO pvc@uol.com.br

A pressão que resolve

FOI ROBINHO quem começou a jogada mais importante do primeiro tempo do clássico que abriu as semifinais.
Não pedalou, não driblou, não deu um passe brilhante. Tático, como Dorival Júnior diz que o camisa 7 se tornou, roubou na intermediária a bola que iniciou a jogada do primeiro gol do Santos.
Até aquele momento, metade do primeiro tempo, o São Paulo incomodava mais o adversário. Não que obrigasse Felipe a uma sequência de grandes defesas. O que o São Paulo tinha, e o Santos não, era a marcação por pressão, que dificultava a saída de bola com zagueiros e volantes.
Pois a marcação adiantada resolveu a partida no primeiro tempo. O comum é que depois faltem pernas, para seguir no mesmo ritmo a partida inteira. O São Paulo não marcou tão forte no segundo tempo, período em que reagiu e chegou a empatar o clássico.
O antídoto era a qualidade do passe, o ritmo cadenciado, a força do meio de campo. Com dez homens, depois da expulsão de Marlos, Ricardo Gomes contrapôs ao 4-3-3 de Dorival Júnior um meio de campo mais pesado, com Jean, Rodrigo Souto, Jorge Wagner e Hernanes.
Mais solto, atrás de Dagoberto, o único atacante após a substituição de Washington, Hernanes foi quem empurrou o time tricolor. Fez um gol chutando de longa distância, organizou e marcou a subida de Paulo Henrique Ganso.
O meio de campo consistente obrigou Dorival Júnior a abrir mão de seu trio ofensivo. Em vez de Neymar, entrou Madson, autor do passe para o gol do 3 a 2, numa cobrança de falta em que contou com a falha de Rogério Ceni com a boa estatura de Durval.
Até chegar à falta cobrada por Madson, o Santos havia de novo adiantado sua marcação. Robinho, sem o brilho das pedaladas, mas o jogador que Dorival Júnior diz não poder abrir mão, roubou de Rodrigo Souto um minuto antes de a bola parar na linha lateral. De lá, o cruzamento de Madson saiu na medida.
A primeira semifinal não foi do drible nem da goleada. Foi da marcação no campo de ataque. Robinho até respondeu à pergunta feita na coluna de ontem. Você não viu seus dribles, ainda. Mas o viu lá na frente, onde a bola é roubada mais perto do gol.

JEJUM NOS CLÁSSICOS

O São Paulo perdeu o quarto clássico do ano. Para avançar, precisa vencer por dois gols de diferença. Se perder na Vila, fechará o torneio pela primeira vez com derrotas nos clássicos desde 1936, quando estreou no Estadual. Se empatar, ficará sem vitórias em clássicos pela primeira vez desde 1989.

O DIA DE LOVE

Vagner Love fez os dois gols na vitória sobre o Vasco. A receita foi o contra-ataque, responsável pelo primeiro gol, após driblar o goleiro Fernando Prass. O Flamengo melhorou seu meio-campo com Michael. Mas chegou ao segundo gol num pênalti mal marcado de Márcio Careca sobre Leonardo Moura.

PRESSÃO DO BARÇA

Converso por telefone com o italiano Arrigo Sacchi, último treinador a se sagrar bicampeão da Copa dos Campeões, em 1989 e 1990, com o time do Milan. A pergunta é se o Barcelona, candidato ao bicampeonato depois de 20 anos, lembra aquele Milan, que tinha Van Basten, Gullit e Baresi, entre outros, e que Sacchi comandava. "Lembra, sim. Especialmente a maneira como marca por pressão e diminui o campo para o time adversário", diz o italiano.


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