São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2008

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SONINHA

Eu não disse?


Não foi no Paulista que o "imponderável" se manifestou... Será que um dia seremos mais prudentes?

ESTE TEXTO é quase uma continuação da coluna da semana passada, apesar de muitas coisas importantes terem acontecido de lá para cá. Ou melhor: por isso mesmo.
Como somos trouxas de presumir o futuro!
Incrível essa teimosia. Parece que o cúmulo da irracionalidade é ter superstições e crendices, mas quer coisa mais irracional do que dar como certo o que ainda não aconteceu? No entanto, fazemos isso o tempo todo, com a maior naturalidade.
O Flamengo já estava na próxima fase da Libertadores. Mais do que isso, estava na final! A questão era apenas se seria campeão ou amarelaria no último jogo da competição. Teria Caio Jr. o estofo necessário para comandar o rubro-negro em partida tão importante? Ou, em previsão mais cautelosa, teria o bom trabalho de Joel solidez para se sustentar por muito tempo depois de ele ir embora? Porque uma coisa era certa: o América já era. Ninguém seria chamado de maluco, irresponsável ou pretensioso por pensar assim.
Mesmo que alguém observasse, com razão, que o campeonato recém-conquistado talvez não servisse como parâmetro, o Flamengo vinha muito bem na Libertadores.
Por coisas assim é que o Palmeiras precisava mesmo encarar a Ponte Preta com seriedade (e aqui está a conexão com a reflexão da outra segunda-feira). Sim, ele podia perder por dois gols em casa. Alguém apostaria que seria goleado pelo Sport?
Aliás, algo profundamente incoerente aconteceu com o alviverde naquela semana. Depois do primeiro jogo da final do Paulista e do "já-ganhou", o perigo era relaxar no Parque Antártica. Mas depois os jogadores disseram que não conseguiram se concentrar como deveriam contra o Sport de tão preocupados que estavam com a Ponte. Ou seja: estavam superestimando o time de Campinas e subestimando o de Pernambuco? Imperdoável. Ainda mais quando se sabe da importância da Copa do Brasil.
A preleção no vestiário da Ilha do Retiro deve ter sido uma porcaria... (Será que os jogadores acreditam mesmo que a entrega de faixas de campeão antes da partida em São Paulo foi determinante?)
O Flamengo também resolveu, como o Brasil em 50, começar a festa antes do jogo. Era como se o confronto com o América nem precisasse acontecer.
Mas, assim como no primeiro Maracanazzo, o oba-oba explica uma parte do fracasso. Razões puramente esportivas também contam. Obina, por exemplo, é um jogador apenas razoável; limitado, no mínimo, por sua própria forma física. Em inúmeras ocasiões, ele foi providencial, decisivo. Os cânticos e os Obina facts são muito divertidos, mas ele não é um craque. Nem Souza.
E Joel tomou decisões equivocadas. Quem precisava desesperadamente fazer gols? O América! Em vez de apertar a marcação e segurar o adversário, abriu o time o foi para cima. Não foi à toa que forjaram as expressões "time copeiro" e "jogar com o regulamento debaixo do braço". É preciso ser "estrategista"!
Reaprendamos a velha lição: com tantas variáveis técnicas, táticas, emocionais (e até o acaso, como lembrou Tostão). O Juca está certo: nada de palpites no Brasileiro por enquanto. Vamos ver quanto tempo eu agüento.


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