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FUTEBOL
Foi bom
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Mesmo achando que amistoso não serve para quase nada (você tem de dar tantos descontos para as condições adversas, como a falta de tempo para
treinar, que fica difícil fazer uma
avaliação para valer); mesmo
achando essa Copa das Confederações perfeitamente dispensável
(a CBF também achava, mas
mandou o Leão embora depois do
mau desempenho no Japão...);
mesmo sabendo que essa seleção é
um pouco "café-com-leite" (porque Parreira teria levado outros
jogadores se pudesse), eu fiquei
bastante interessada no jogo de
ontem na Nigéria.
A idéia de seleção, em princípio,
é a reunião dos melhores. Nem
sempre é. Não digo isso pensando
nos interesses escusos que, suspeita-se, norteariam algumas convocações, mas nas conveniências e
crenças dos técnicos, que às vezes
decidem: "Vou levar este e não
aquele porque este tem espírito de
grupo". "Esses dois são bons, mas
não combinam, então vou levar
um só"; "este tem mais estrela";
"aquele é jogador de clube"; "este
tem experiência e autoridade";
"este não me deixou na mão e eu
sou grato a ele"... Mesmo sabendo
que os escolhidos não são os melhores de cada posição, eles acreditam que são os que, juntos, podem trazer o melhor resultado.
Descontadas algumas "viagens", pode até ser verdade
-reunir os 11 mais incríveis pode
não dar um bom time, assim como montar no computador uma
mulher com os melhores traços
pode resultar num troço esquisito.
Também pode ser impossível
reunir os melhores por força das
circunstâncias: calendários desencontrados, contusões etc. Mas,
voltando à idéia original, a seleção seria a realização dos sonhos
do torcedor que olha para o próprio time e cobiça -"ah, se nós tivéssemos aquele lateral"; "se esse
zagueiro jogasse no meu time...";
"só faltava aquele cara para o
nosso ataque ficar perfeito!".
Por isso, quando Parreira
anunciou Kléber, Gil e Ricardinho, gostei -na separação, os
três perderam um pouco. E ainda
tomando por base o Corinthians
que levou o técnico de volta à seleção, imagine o eficaz Luis Fabiano no lugar de Guilherme, e Ronaldinho no do aplicado Leandro. No papel, ótima tentativa.
No campo também foi. O jogo
não foi espetacular, vibrante, mas
vale o clichê: time é time, seleção é
seleção. É diferente para quem joga e para quem assiste. Mas vencemos, aleluia, e com belos gols.
O famoso lado esquerdo funcionou. Ricardinho continua com visão aguçada, raciocínio rápido e
passes precisos. Gil e Kléber corresponderam. Foi perfeito o cruzamento de "Bellechi" para o cabeceio preciso de Luis Fabiano. E
Adriano demonstrou uma fome
apreciável em um centroavante.
Podemos melhorar em muitos
aspectos: nos primeiros 20 minutos, parecia que a Nigéria tinha
muito mais facilidade para jogar
do que o Brasil, que estudava demais antes de tomar a iniciativa.
Quando eles atacavam, recuávamos demais e só nos fechávamos
na entrada da área. Mas estranho
seria se desse tudo certo! Vamos
ver daqui para a frente.
Vaca Amarela
A imprensa detesta quando
acontece, mas em certas ocasiões os jogadores estão certíssimos em não querer falar com
os jornalistas. Eles têm o direito, não? Às vezes parece que dar
entrevista é um dever constitucional do jogador de futebol...
Do jeito que as coisas andam no
Palmeiras, cada palavra é uma
faísca em um monte de palha
seca -o que só faz saltar aos
olhos a falta de autoridade no
clube (muito antes do Jair Picerni ser o técnico, aquilo já era
uma lavanderia em praça pública, com jogadores se acusando a torto e direito). Um silêncio eventual não vai resolver os
problemas, mas pode não aumentá-los. (Que a assessoria de
imprensa do clube não use isso
para justificar sua proverbial
falta de jeito.)
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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