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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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FUTEBOL

Foi bom

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Mesmo achando que amistoso não serve para quase nada (você tem de dar tantos descontos para as condições adversas, como a falta de tempo para treinar, que fica difícil fazer uma avaliação para valer); mesmo achando essa Copa das Confederações perfeitamente dispensável (a CBF também achava, mas mandou o Leão embora depois do mau desempenho no Japão...); mesmo sabendo que essa seleção é um pouco "café-com-leite" (porque Parreira teria levado outros jogadores se pudesse), eu fiquei bastante interessada no jogo de ontem na Nigéria.
A idéia de seleção, em princípio, é a reunião dos melhores. Nem sempre é. Não digo isso pensando nos interesses escusos que, suspeita-se, norteariam algumas convocações, mas nas conveniências e crenças dos técnicos, que às vezes decidem: "Vou levar este e não aquele porque este tem espírito de grupo". "Esses dois são bons, mas não combinam, então vou levar um só"; "este tem mais estrela"; "aquele é jogador de clube"; "este tem experiência e autoridade"; "este não me deixou na mão e eu sou grato a ele"... Mesmo sabendo que os escolhidos não são os melhores de cada posição, eles acreditam que são os que, juntos, podem trazer o melhor resultado.
Descontadas algumas "viagens", pode até ser verdade -reunir os 11 mais incríveis pode não dar um bom time, assim como montar no computador uma mulher com os melhores traços pode resultar num troço esquisito.
Também pode ser impossível reunir os melhores por força das circunstâncias: calendários desencontrados, contusões etc. Mas, voltando à idéia original, a seleção seria a realização dos sonhos do torcedor que olha para o próprio time e cobiça -"ah, se nós tivéssemos aquele lateral"; "se esse zagueiro jogasse no meu time..."; "só faltava aquele cara para o nosso ataque ficar perfeito!".
Por isso, quando Parreira anunciou Kléber, Gil e Ricardinho, gostei -na separação, os três perderam um pouco. E ainda tomando por base o Corinthians que levou o técnico de volta à seleção, imagine o eficaz Luis Fabiano no lugar de Guilherme, e Ronaldinho no do aplicado Leandro. No papel, ótima tentativa.
No campo também foi. O jogo não foi espetacular, vibrante, mas vale o clichê: time é time, seleção é seleção. É diferente para quem joga e para quem assiste. Mas vencemos, aleluia, e com belos gols.
O famoso lado esquerdo funcionou. Ricardinho continua com visão aguçada, raciocínio rápido e passes precisos. Gil e Kléber corresponderam. Foi perfeito o cruzamento de "Bellechi" para o cabeceio preciso de Luis Fabiano. E Adriano demonstrou uma fome apreciável em um centroavante.
Podemos melhorar em muitos aspectos: nos primeiros 20 minutos, parecia que a Nigéria tinha muito mais facilidade para jogar do que o Brasil, que estudava demais antes de tomar a iniciativa. Quando eles atacavam, recuávamos demais e só nos fechávamos na entrada da área. Mas estranho seria se desse tudo certo! Vamos ver daqui para a frente.

Vaca Amarela
A imprensa detesta quando acontece, mas em certas ocasiões os jogadores estão certíssimos em não querer falar com os jornalistas. Eles têm o direito, não? Às vezes parece que dar entrevista é um dever constitucional do jogador de futebol... Do jeito que as coisas andam no Palmeiras, cada palavra é uma faísca em um monte de palha seca -o que só faz saltar aos olhos a falta de autoridade no clube (muito antes do Jair Picerni ser o técnico, aquilo já era uma lavanderia em praça pública, com jogadores se acusando a torto e direito). Um silêncio eventual não vai resolver os problemas, mas pode não aumentá-los. (Que a assessoria de imprensa do clube não use isso para justificar sua proverbial falta de jeito.)

E-mail
soninha.folha@uol.com.br


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