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Tostão
Fazer e pensar
Mais importante ainda que a técnica são a improvisação
e a inventividade
ONTEM , logo após
chegar à bela cidade de Berlim, assisti pela televisão ao bom jogo entre Holanda e Sérvia
e Montenegro. Depois, fui
tomar um café próximo ao
hotel. O Brasil é a grande
atração na cidade para o
jogo de amanhã. Há televisões espalhadas por todos
os cantos dos bares e restaurantes. Aproveitei para
ver no bar o jogo entre
México e Irã. Como se esperava, os mexicanos ganharam bem e podem ser
uma surpresa no Mundial.
Holanda e Sérvia e Montenegro fizeram um jogo
equilibrado, como tinha
sido a outra boa partida do
grupo, entre Argentina e
Costa do Marfim. Argentina e Holanda venceram,
mas ainda correm riscos.
O ponta Robben, pelos
dribles espetaculares e pelo gol da vitória, foi o melhor do jogo na vitória da
Holanda por 1 a 0.
A Argentina, como era
previsto, atuou no estilo
prudente e cadenciado do
técnico Pekerman e do
meia Riquelme. Todas as
bolas passam por ele. Riquelme toca a bola com
classe, raramente erra um
passe, mas o jogo fica mais
lento. A Argentina tinha
poucas alternativas de ataque. Os reservas Tevez e
Messi têm mais talento do
que Crespo e Saviola.
Ao contrário de Argentina e Costa do Marfim, Inglaterra e Paraguai tiveram péssimas atuações na
vitória dos ingleses. Com a
ausência de Rooney, o time fica sem um excelente
atacante. Desse jeito, terá
pouquíssimas chances de
ganhar o Mundial.
A Inglaterra tem vários
excelentes jogadores em
outras posições, como
Gerrard, Lampard, Beckham, Terry, Ferdinand,
mas é uma equipe muito
burocrática, que não improvisa nem surpreende.
Ninguém dribla. Perdem o
melhor da festa.
Diferentemente do vôlei
e de outros esportes, em
que predominam a técnica e a repetição dos fundamentos básicos, no futebol, mais importantes ainda do que a técnica são a
improvisação e a inventividade. As mais belas e decisivas jogadas acontecem
de repente, sem ensaiar,
na imaginação dos jogadores, e não na prancheta.
O grande jogador europeu treina, pensa e depois
faz. O grande jogador brasileiro faz e depois pensa
no que fez. E sorri, como
Ronaldinho Gaúcho.
tostao.folha@uol.com.br
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