São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2006

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Tostão

Fazer e pensar

Mais importante ainda que a técnica são a improvisação e a inventividade

ONTEM , logo após chegar à bela cidade de Berlim, assisti pela televisão ao bom jogo entre Holanda e Sérvia e Montenegro. Depois, fui tomar um café próximo ao hotel. O Brasil é a grande atração na cidade para o jogo de amanhã. Há televisões espalhadas por todos os cantos dos bares e restaurantes. Aproveitei para ver no bar o jogo entre México e Irã. Como se esperava, os mexicanos ganharam bem e podem ser uma surpresa no Mundial. Holanda e Sérvia e Montenegro fizeram um jogo equilibrado, como tinha sido a outra boa partida do grupo, entre Argentina e Costa do Marfim. Argentina e Holanda venceram, mas ainda correm riscos. O ponta Robben, pelos dribles espetaculares e pelo gol da vitória, foi o melhor do jogo na vitória da Holanda por 1 a 0. A Argentina, como era previsto, atuou no estilo prudente e cadenciado do técnico Pekerman e do meia Riquelme. Todas as bolas passam por ele. Riquelme toca a bola com classe, raramente erra um passe, mas o jogo fica mais lento. A Argentina tinha poucas alternativas de ataque. Os reservas Tevez e Messi têm mais talento do que Crespo e Saviola. Ao contrário de Argentina e Costa do Marfim, Inglaterra e Paraguai tiveram péssimas atuações na vitória dos ingleses. Com a ausência de Rooney, o time fica sem um excelente atacante. Desse jeito, terá pouquíssimas chances de ganhar o Mundial. A Inglaterra tem vários excelentes jogadores em outras posições, como Gerrard, Lampard, Beckham, Terry, Ferdinand, mas é uma equipe muito burocrática, que não improvisa nem surpreende. Ninguém dribla. Perdem o melhor da festa. Diferentemente do vôlei e de outros esportes, em que predominam a técnica e a repetição dos fundamentos básicos, no futebol, mais importantes ainda do que a técnica são a improvisação e a inventividade. As mais belas e decisivas jogadas acontecem de repente, sem ensaiar, na imaginação dos jogadores, e não na prancheta. O grande jogador europeu treina, pensa e depois faz. O grande jogador brasileiro faz e depois pensa no que fez. E sorri, como Ronaldinho Gaúcho.

tostao.folha@uol.com.br


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