São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2007

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questão de opinião

Lula reclama de quem acha o Pan caro

Presidente afirma que conta com competição deve fechar em cerca de R$ 2,5 bilhões, mas gastos já estão em R$ 3,7 bi

Governo avalia que evento servirá de credencial para Olimpíada e deve criar o mais moderno sistema de segurança para o país


Leonardo Wen/Folha Imagem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acende a tocha pan-americana em cerimônia ontem no Palácio do Planalto, em Brasília


PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em cerimônia de recepção da tocha pan-americana ontem, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou que "tem muita gente que acha caro" o gasto do Pan, mas disse que o evento servirá como credencial para a realização da Olimpíada no Brasil no futuro.
Os custos do Pan já excedem em 793,72% o orçamento de 2002, quando o Rio apresentou sua candidatura: de R$ 414 milhões para R$ 3,7 bilhões.
"No final das contas, deve chegar a mais de R$ 2,5 bilhões, quem sabe um pouco mais. Tem muita gente que acha caro. Só o estádio de Wembley custou por volta de US$ 1,8 bilhão. Aqui, [gastamos] R$ 1,8 bilhão em equipamentos, infra-estrutura, sistemas de segurança, edifícios e complexos esportivos", disse o presidente.
A rampa do Palácio do Planalto foi decorada com imitação de raias de atletismo. O fogo foi levado em duas lanternas. Lula acendeu a tocha e a passou ao ex-nadador Gustavo Borges, maior medalhista em Pans da história do país, e à ex-jogadora de vôlei de praia Sandra Pires, primeira mulher a ganhar ouro para o Brasil em uma Olimpíada, em dupla com Jacqueline, em Atlanta-96.
Os dois desceram para a volta da tocha por Brasília, diante de uma praça dos Três Poderes praticamente vazia. A tocha, acesa no México, no dia 4, vai passar por 51 cidades até chegar ao Maracanã, no dia 13 de julho.
O presidente disse que fará "o esforço necessário para que todos que freqüentarem a Vila do Pan saiam convencidos de que o Brasil tem condições de realizar uma Olimpíada".
Ele aproveitou para criticar os países ricos. "Nós temos poucas chances de disputar uma Olimpíada porque, nas condições que sempre nos impõem, parece que os países mais pobres não têm direito."
Lula chegou até a minimizar a violência aqui. "De vez em quando alegam que no Brasil tem muita violência, como se não tivesse no resto do mundo. Nós vamos montar, para o Rio, talvez o mais moderno e mais perfeito sistema de segurança que este país já conheceu."
E cobrou a conclusão das obras. "A gente não pode deixar para testar no dia em que for começar o Pan. Pelo menos 20 ou 30 dias antes temos que ver se está tudo funcionando."
No entanto o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., disse que a estréia-teste do Maracanãzinho, provavelmente a última a ser feita, ocorrerá só em 30 de junho, a menos de duas semanas da abertura do Pan.
Ao final, duas pessoas pularam uma grade, subiram correndo a rampa do Palácio do Planalto e abraçaram Lula, para surpresa dos seguranças.


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