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COB dá voz, não voto, a atletas
Comissão de esportistas, que faz hoje sua primeira reunião, não terá poder nas decisões da entidade
No COI, membros do grupo da base do esporte integram comissões, como a que avalia as cidades para os Jogos de 2016, e votam na assembleia
RODRIGO MATTOS
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a criação de sua comissão de atletas, o Comitê Olímpico Brasileiro incluiu os esportistas em sua estrutura e, na
teoria, aproximou-os das engrenagens do poder no esporte.
Na prática, porém, adotou
formato que não dá nenhum
poder a atletas e ex-atletas.
O modelo brasileiro é mais
antidemocrático até do que o
adotado pelo COI (Comitê
Olímpico Internacional), que
reduz bastante a ação dos
que formam a base do esporte.
Na comissão nacional, os esportistas terão voz, mas não voto nas decisões do comitê.
"Explicaram para a gente que
essa primeira gestão será mais
limitada. Ainda precisamos organizar a comissão, suas regras,
suas condutas. Precisamos
aprender algumas coisas", afirmou Natália Falavigna, medalhista de bronze no taekwondo
nos Jogos de Pequim-2008.
"Temos interesse no poder
de voto, e acho que isso pode
acontecer com o tempo", disse.
Em 1999, o COI estabeleceu a
eleição direta para uma comissão formada por atletas e ex-atletas. Agiu pressionado por
acusações de corrupção na escolha de Salt Lake City para sede da Olimpíada de Inverno.
Após dez anos, o COB lança
grupo similar em um momento
em que é acusado de excesso de
gastos com dinheiro público.
Além disso, é pressionado por
clubes para dividir a verba da
Lei Piva, que destina dinheiro
das loterias ao esporte.
A primeira reunião da comissão acontece hoje, em Florianópolis (SC). Dos 19 membros,
13 estarão presentes.
O COB afirma ter seguido os
moldes do COI. Mas há diferenças entre as comissões.
Na entidade internacional,
os atletas elegem 12 representantes. Outros sete são escolhidos pela cúpula do COI. Os candidatos têm que ser indicados
por comitês nacionais e ter participado de pelo menos uma
edição dos dois últimos Jogos
-de verão ou de inverno. No
Brasil, o COB indicará quatro
dos 19 membros do grupo.
No COI, no entanto, após serem aprovados, os atletas viram membros da assembleia do
comitê e votam em escolhas de
sedes olímpicas e nas eleições
para presidente, por exemplo
-são 11,2% do colégio eleitoral.
Só o presidente da comissão
brasileira poderá participar da
assembleia do COB, sem direito a voto. O indicado para o posto foi o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman, aliado do presidente Carlos Arthur Nuzman.
Ao descrever as atribuições
do grupo de esportistas, o comitê nacional diz que este vai
"compartilhar informações e
ideias" sobre Olimpíadas, "oferecer sugestões e recomendações" e "representar" os direitos dos atletas. Não há poder
deliberativo descrito.
No COI, a comissão também
não tem poder de fato, mas seus
membros ainda participam de
outros grupos da entidade. O
ex-nadador Alexander Popov,
por exemplo, faz parte do comitê que avalia as cidades candidatas aos Jogos de 2016.
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