São Paulo, sexta-feira, 12 de junho de 2009

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COB dá voz, não voto, a atletas

Comissão de esportistas, que faz hoje sua primeira reunião, não terá poder nas decisões da entidade

No COI, membros do grupo da base do esporte integram comissões, como a que avalia as cidades para os Jogos de 2016, e votam na assembleia


RODRIGO MATTOS
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a criação de sua comissão de atletas, o Comitê Olímpico Brasileiro incluiu os esportistas em sua estrutura e, na teoria, aproximou-os das engrenagens do poder no esporte.
Na prática, porém, adotou formato que não dá nenhum poder a atletas e ex-atletas.
O modelo brasileiro é mais antidemocrático até do que o adotado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), que reduz bastante a ação dos que formam a base do esporte.
Na comissão nacional, os esportistas terão voz, mas não voto nas decisões do comitê.
"Explicaram para a gente que essa primeira gestão será mais limitada. Ainda precisamos organizar a comissão, suas regras, suas condutas. Precisamos aprender algumas coisas", afirmou Natália Falavigna, medalhista de bronze no taekwondo nos Jogos de Pequim-2008.
"Temos interesse no poder de voto, e acho que isso pode acontecer com o tempo", disse.
Em 1999, o COI estabeleceu a eleição direta para uma comissão formada por atletas e ex-atletas. Agiu pressionado por acusações de corrupção na escolha de Salt Lake City para sede da Olimpíada de Inverno.
Após dez anos, o COB lança grupo similar em um momento em que é acusado de excesso de gastos com dinheiro público. Além disso, é pressionado por clubes para dividir a verba da Lei Piva, que destina dinheiro das loterias ao esporte.
A primeira reunião da comissão acontece hoje, em Florianópolis (SC). Dos 19 membros, 13 estarão presentes.
O COB afirma ter seguido os moldes do COI. Mas há diferenças entre as comissões.
Na entidade internacional, os atletas elegem 12 representantes. Outros sete são escolhidos pela cúpula do COI. Os candidatos têm que ser indicados por comitês nacionais e ter participado de pelo menos uma edição dos dois últimos Jogos -de verão ou de inverno. No Brasil, o COB indicará quatro dos 19 membros do grupo.
No COI, no entanto, após serem aprovados, os atletas viram membros da assembleia do comitê e votam em escolhas de sedes olímpicas e nas eleições para presidente, por exemplo -são 11,2% do colégio eleitoral.
Só o presidente da comissão brasileira poderá participar da assembleia do COB, sem direito a voto. O indicado para o posto foi o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman, aliado do presidente Carlos Arthur Nuzman.
Ao descrever as atribuições do grupo de esportistas, o comitê nacional diz que este vai "compartilhar informações e ideias" sobre Olimpíadas, "oferecer sugestões e recomendações" e "representar" os direitos dos atletas. Não há poder deliberativo descrito.
No COI, a comissão também não tem poder de fato, mas seus membros ainda participam de outros grupos da entidade. O ex-nadador Alexander Popov, por exemplo, faz parte do comitê que avalia as cidades candidatas aos Jogos de 2016.


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