São Paulo, sexta-feira, 12 de junho de 2009

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Ensaio para a Copa não empolga anfitriões

Encalhe de entradas para torneio que testará África do Sul vira preocupação

Fifa considera o percentual de 70% de bilhetes vendidos ruim e fala em "vergonha" caso estádios não fiquem lotados nos jogos deste mês


EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A BLOEMFONTEIN

"Nós não teremos problemas com segurança e transporte. Nossa preocupação maior é com a venda de ingressos. Por isso, quero pedir ao nosso povo que vá assistir às partidas."
O apelo foi feito em rede nacional, numa das maiores emissoras de TV sul-africanas, o Canal E, pelo chefe de comunicação do COL (Comitê Organizador Local), Rich Mkhondo.
As palavras dele soaram como um pedido de desculpas à Fifa, que fez críticas públicas, e pesadas, ao pouco interesse da população pela Copa das Confederações, que começa no domingo, em Johannesburgo.
Até agora, pouco mais de 440 mil entradas, ou 70%, foram vendidas nas quatro sedes da competição. O número foi considerado satisfatório pelo COL, mas ruim pela Fifa.
A partida de estreia da seleção brasileira contra o Egito, em Bloemfontein, na segunda- -feira, por exemplo, ainda tem a maioria dos 45 mil assentos postos à venda disponíveis.
"Será uma vergonha se não tivermos estádios lotados. É uma chance única, algo especial", afirmou o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke.
"Quando seleções como Inglaterra ou Itália jogam, os estádios estão sempre lotados. Aqui não pode ser diferente", disse Valcke, que criticou o sistema de vendas de ingressos pelos sul-africanos. Tanto que a Fifa assumiu o papel e instalou quatro novos pontos de venda.
Na Alemanha, em 2005, as entradas para o torneio que testa o país-sede da Copa se esgotaram em pouco tempo.
O COL sul-africano crê que uma das causas para as vendas abaixo do esperado seja o fato de a maior parte dos espectadores ser de sul-africanos. Diferentemente do Mundial, a Copa das Confederações não atrai os torcedores estrangeiros.
Nem os ingressos a 70 rands (US$ 10 ou R$ 20) atraíram os fãs. A organização do evento também cita a crise financeira como um entrave. Após duas décadas de crescimento, a África do Sul entrou em recessão.
Quem mais aprecia futebol no país de 40 milhões de pessoas são os negros, que representam 80% da população, mas a grande maioria ainda vive em condições precárias.
Além do apelo do chefe de imprensa do COL, nos últimos dias houve uma campanha mais intensificada em emissoras de rádio e TV para tentar impulsionar as vendas, usando imagens de Kaká, Fernando Torres e alguns ídolos locais. Nesse caso, entretanto, a propaganda não tem sido a alma do negócio, como diz o ditado.
"Queríamos os estádios cheios, mas, se isso não ocorrer, temos que considerar que esse é um evento teste para a Copa e dificilmente teríamos público total", disse Irvin Khoza, um dos coordenadores do COL.
Ele descartou a doação de ingressos para preencher estádios vazios durante a Copa das Confederações. E disse acreditar que, se a seleção sul-africana fizer um bom papel no torneio, isso pode ajudar na comercialização das entradas.
Para a Fifa, o bom desempenho do anfitrião é fundamental para o sucesso comercial do torneio. Tanto que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, chegou a dar palpites técnicos sobre o time comandado pelo técnico brasileiro Joel Santana.


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