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Ensaio para a Copa não empolga anfitriões
Encalhe de entradas para torneio que testará África do Sul vira preocupação
Fifa considera o percentual de 70% de bilhetes vendidos ruim e fala em "vergonha" caso estádios não fiquem lotados nos jogos deste mês
EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A BLOEMFONTEIN
"Nós não teremos problemas
com segurança e transporte.
Nossa preocupação maior é
com a venda de ingressos. Por
isso, quero pedir ao nosso povo
que vá assistir às partidas."
O apelo foi feito em rede nacional, numa das maiores emissoras de TV sul-africanas, o Canal E, pelo chefe de comunicação do COL (Comitê Organizador Local), Rich Mkhondo.
As palavras dele soaram como um pedido de desculpas à
Fifa, que fez críticas públicas, e
pesadas, ao pouco interesse da
população pela Copa das Confederações, que começa no domingo, em Johannesburgo.
Até agora, pouco mais de 440
mil entradas, ou 70%, foram
vendidas nas quatro sedes da
competição. O número foi considerado satisfatório pelo COL,
mas ruim pela Fifa.
A partida de estreia da seleção brasileira contra o Egito,
em Bloemfontein, na segunda-
-feira, por exemplo, ainda tem a
maioria dos 45 mil assentos
postos à venda disponíveis.
"Será uma vergonha se não
tivermos estádios lotados. É
uma chance única, algo especial", afirmou o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke.
"Quando seleções como Inglaterra ou Itália jogam, os estádios estão sempre lotados.
Aqui não pode ser diferente",
disse Valcke, que criticou o sistema de vendas de ingressos
pelos sul-africanos. Tanto que a
Fifa assumiu o papel e instalou
quatro novos pontos de venda.
Na Alemanha, em 2005, as
entradas para o torneio que testa o país-sede da Copa se esgotaram em pouco tempo.
O COL sul-africano crê que
uma das causas para as vendas
abaixo do esperado seja o fato
de a maior parte dos espectadores ser de sul-africanos. Diferentemente do Mundial, a Copa das Confederações não atrai
os torcedores estrangeiros.
Nem os ingressos a 70 rands
(US$ 10 ou R$ 20) atraíram os
fãs. A organização do evento
também cita a crise financeira
como um entrave. Após duas
décadas de crescimento, a África do Sul entrou em recessão.
Quem mais aprecia futebol
no país de 40 milhões de pessoas são os negros, que representam 80% da população, mas
a grande maioria ainda vive em
condições precárias.
Além do apelo do chefe de
imprensa do COL, nos últimos
dias houve uma campanha
mais intensificada em emissoras de rádio e TV para tentar
impulsionar as vendas, usando
imagens de Kaká, Fernando
Torres e alguns ídolos locais.
Nesse caso, entretanto, a propaganda não tem sido a alma do
negócio, como diz o ditado.
"Queríamos os estádios
cheios, mas, se isso não ocorrer,
temos que considerar que esse
é um evento teste para a Copa e
dificilmente teríamos público
total", disse Irvin Khoza, um
dos coordenadores do COL.
Ele descartou a doação de ingressos para preencher estádios vazios durante a Copa das
Confederações. E disse acreditar que, se a seleção sul-africana fizer um bom papel no torneio, isso pode ajudar na comercialização das entradas.
Para a Fifa, o bom desempenho do anfitrião é fundamental
para o sucesso comercial do
torneio. Tanto que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, chegou a dar palpites técnicos sobre o time comandado pelo
técnico brasileiro Joel Santana.
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