São Paulo, sábado, 12 de junho de 2010

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Seleção da casa fica em segundo plano em Orânia

DO ENVIADO A ORÂNIA

A professora Erika Horn mostra sua vuvuzela sorrateiramente, como se estivesse revelando a arma de um crime. O objeto será levado para o jogo entre África do Sul e França, em Bloemfontein, para o qual ela e sua amiga Anamarie Daubney já têm ingressos comprados.
Mas a corneta será usada para torcer pela França, e não pelo Bafana Bafana. "Somos europeias e temos orgulho disso", afirma Daubney.
Em Orânia, os poucos que acompanham futebol colocam a seleção sul-africana em segundo ou terceiro plano. Não chegam a desgostar da equipe da casa, mas revelam indiferença. "Não quero que o Bafana Bafana seja humilhado. Uma derrota de 1 a 0 estaria bom", afirma Horn.
Os africâneres são majoritariamente descendentes de holandeses que chegaram nos séculos 17 a 19, mas muitos traçam suas origens também em imigrantes alemães, franceses e ingleses e se mantêm fiéis ao país de seus antepassados.
Outros têm motivos mais prosaicos. "Torço primeiro pela Alemanha", diz Carel Boshoff, 19. Quando se pergunta a razão, ele para por alguns segundos antes de responder. "Gosto de carros alemães", justifica.
Seu pai, Wynard, 40, prefere o Uruguai, time que enfrenta a África do Sul na primeira fase. A razão é geográfica. A equipe uruguaia escolheu a cidade de Kimberley, a 160 km de Orânia, como base durante a Copa do Mundo.
A estudante Estella Boshoff, 15, afirma que não tem apenas um time de coração, mas, sim, um continente de coração, a Europa. Para ela, não importa qual equipe vença a competição, contanto que seja europeia. "Gosto do futebol europeu muito mais do que do sul-africano", declara ela. (FÁBIO ZANINI)


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