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Seleção da casa fica em segundo
plano em Orânia
DO ENVIADO A ORÂNIA
A professora Erika Horn
mostra sua vuvuzela sorrateiramente, como se estivesse revelando a arma de um
crime. O objeto será levado
para o jogo entre África do
Sul e França, em Bloemfontein, para o qual ela e sua
amiga Anamarie Daubney já
têm ingressos comprados.
Mas a corneta será usada
para torcer pela França, e
não pelo Bafana Bafana. "Somos europeias e temos orgulho disso", afirma Daubney.
Em Orânia, os poucos que
acompanham futebol colocam a seleção sul-africana
em segundo ou terceiro plano. Não chegam a desgostar
da equipe da casa, mas revelam indiferença. "Não quero
que o Bafana Bafana seja humilhado. Uma derrota de 1 a
0 estaria bom", afirma Horn.
Os africâneres são majoritariamente descendentes de
holandeses que chegaram
nos séculos 17 a 19, mas muitos traçam suas origens também em imigrantes alemães,
franceses e ingleses e se
mantêm fiéis ao país de seus
antepassados.
Outros têm motivos mais
prosaicos. "Torço primeiro
pela Alemanha", diz Carel
Boshoff, 19. Quando se pergunta a razão, ele para por alguns segundos antes de responder. "Gosto de carros alemães", justifica.
Seu pai, Wynard, 40, prefere o Uruguai, time que enfrenta a África do Sul na primeira fase. A razão é geográfica. A equipe uruguaia escolheu a cidade de Kimberley, a
160 km de Orânia, como base
durante a Copa do Mundo.
A estudante Estella Boshoff, 15, afirma que não tem
apenas um time de coração,
mas, sim, um continente de
coração, a Europa. Para ela,
não importa qual equipe vença a competição, contanto
que seja europeia. "Gosto do
futebol europeu muito mais
do que do sul-africano", declara ela.
(FÁBIO ZANINI)
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