São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2010

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PRANCHETA DO PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

Gol é um detalhe

NÃO IMPORTA que a Espanha tenha se tornado a campeã com pior ataque. Ou que o gol de Iniesta tenha acontecido depois do 16º chute a gol da Fúria. Digo, da Roja, apelido que os espanhóis hoje preferem, por se adequar mais a um time mais cerebral que furioso.
O risco espanhol de demorar demais para definir suas jogadas ficou mais sério à medida que o time caiu na arapuca holandesa, de picar o jogo com faltas, tirar velocidade dele, impedir que a Espanha a afogasse na defesa como fez com a Alemanha na semifinal.
Aí a Holanda passou da medida. Contra um time como a Espanha, que marca por pressão e tem posse de bola, como manda seu DNA herdado do Barcelona, a Holanda mereceu ser chamada de "antifutebol total". O avesso do que fez o mundo admirar seu estilo.
A Espanha não fez seu melhor jogo na Copa. Correu riscos por entrar no nervosismo holandês, foi ameaçada no contra-ataque que, por duas vezes, Robben desperdiçou diante de Casillas. Mas ficou mais forte quando Fàbregas entrou, no fim do jogo. Ganhou um armador, que ofereceu o passe a Iniesta, herói do título.
A Espanha venceu 49 de seus 54 jogos nos últimos três anos, empatou três e só perdeu dois. Os números exigem que se dê a ela o título de melhor seleção do mundo, num tempo em que as seleções perdem para os clubes a primazia de mostrar o melhor futebol. Num tempo em que se repete que não há mais novidade.
Como não? Não é novidade um time que encurrala alemães e holandeses e rouba bolas no campo de ataque aos 25 minutos do primeiro tempo, como aconteceu na semifinal e na decisão? Hoje a Espanha só é Fúria pela ânsia de roubar a bola em qualquer parte do campo. Fora isso, é cérebro. É sinônimo de futebol.

NASCEU NA BASE
Xavi, Casillas e Marchena formam, junto com Maradona e sete brasileiros, um time de 11 campeões da Copa depois de ganharem o Mundial sub-20. A Espanha só virou a melhor seleção do mundo porque trabalhou para isso.

GANHOU A ARTE
A Espanha ganhou com futebol de toque de bola, à velha moda brasileira. Que nunca mais se repita que não se vence Copas jogando bonito.


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