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Quer pagar quanto?
Logo no primeiro dia de treinos, o vôlei não se entende sobre premiação
LUÍS CURRO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
No primeiro dia de treino da seleção masculina em Atenas, e a
apenas quatro da estréia na Olimpíada, aconteceu justamente o
que Bernardinho temia.
O técnico, que pisou na Grécia
preocupado com a "perda do foco" da equipe na briga pelo ouro,
viu os seus jogadores entrarem
em contradição e se abalarem por
causa da premiação em caso de
conquista. Maiores favoritos da
delegação nacional, os homens do
vôlei tergiversam em torno da recompensa pela medalha quase
certa, mas fica claro que o tema
desvia o foco do grupo.
Desde o título da Liga
Mundial, em 18 de julho,
Bernardinho tem enfatizado que o mais importante até a estréia, no
domingo, era não deixar
que um problema extraquadra surgisse.
"Que não haja distrações, que a gente não incorra em armadilhas",
disse o treinador à Folha na segunda-feira retrasada, um dia antes da
ida para a França, onde
o time fez os últimos
amistosos.
A seleção desembarcou anteontem à noite e
realizou seu primeiro
treino ontem de manhã.
Após a atividade, a Folha questionou o levantador Ricardinho se a
premiação já havia sido
acertada com a confederação brasileira. "Houve
negociação, está rolando normalmente. Teve uma proposta, a gente fez uma contraproposta."
Indagado se uma negociação financeira -que começou na
França- às vésperas dos Jogos
não seria prejudicial, Ricardinho
alterou o tom ameno: "Não tem
confusão com dinheiro. A discussão acontece em todos os torneios, e a gente sempre divide tudo igual, de quem faz a estatística
até o capitão, o Nalbert".
Outros jogadores demonstraram que o assunto mexeu com a
equipe. O ponta Nalbert, eleito
para negociar com o presidente
da CBV, disse que recebeu de Ary
Graça Filho a seguinte proposta: a
entidade faria seis amistosos, e as
rendas iriam para o time.
Segundo Nalbert, a idéia foi
aceita e o único impasse é em relação às datas. A final olímpica é no
dia 29, e 8 dos 12 atletas da seleção
jogam na Itália, cuja temporada
começa em setembro.
Em seguida, um adendo: "O
grupo quer encerrar esse assunto
agora. Antes temos que ganhar,
depois a gente pensa no resto".
Por fim, Giovane, campeão em
Barcelona-1992, deu uma terceira
versão: "Conversamos com o Ary.
Ele decidiu, está decidido".
O atleta ainda demonstrou certa
resignação com o valor a receber.
"A situação na seleção é diferente
da do clube. Aqui você está representando o povo, praticamente
como um voluntário. Não tem como exigir o que a gente gostaria."
Graça Filho disse que "o problema da premiação está resolvido".
"Só faltavam detalhes. Os jogadores estão satisfeitos, sorrindo."
Pelo título da Liga, a seleção
amealhou US$ 550 mil.
Já a seleção feminina tem tudo
acertado, segundo Virna. "O Ary
já determinou: acho que serão
US$ 20 mil [R$ 60 mil para cada
em caso de ouro]. É excelente."
No vôlei de praia, de acordo
com Ana Paula, a premiação também já foi definida com a CBV. A
atleta, porém, não revelou o valor.
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