São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Quer pagar quanto?

Logo no primeiro dia de treinos, o vôlei não se entende sobre premiação

LUÍS CURRO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

No primeiro dia de treino da seleção masculina em Atenas, e a apenas quatro da estréia na Olimpíada, aconteceu justamente o que Bernardinho temia.
O técnico, que pisou na Grécia preocupado com a "perda do foco" da equipe na briga pelo ouro, viu os seus jogadores entrarem em contradição e se abalarem por causa da premiação em caso de conquista. Maiores favoritos da delegação nacional, os homens do vôlei tergiversam em torno da recompensa pela medalha quase certa, mas fica claro que o tema desvia o foco do grupo.
Desde o título da Liga Mundial, em 18 de julho, Bernardinho tem enfatizado que o mais importante até a estréia, no domingo, era não deixar que um problema extraquadra surgisse.
"Que não haja distrações, que a gente não incorra em armadilhas", disse o treinador à Folha na segunda-feira retrasada, um dia antes da ida para a França, onde o time fez os últimos amistosos.
A seleção desembarcou anteontem à noite e realizou seu primeiro treino ontem de manhã.
Após a atividade, a Folha questionou o levantador Ricardinho se a premiação já havia sido acertada com a confederação brasileira. "Houve negociação, está rolando normalmente. Teve uma proposta, a gente fez uma contraproposta."
Indagado se uma negociação financeira -que começou na França- às vésperas dos Jogos não seria prejudicial, Ricardinho alterou o tom ameno: "Não tem confusão com dinheiro. A discussão acontece em todos os torneios, e a gente sempre divide tudo igual, de quem faz a estatística até o capitão, o Nalbert".
Outros jogadores demonstraram que o assunto mexeu com a equipe. O ponta Nalbert, eleito para negociar com o presidente da CBV, disse que recebeu de Ary Graça Filho a seguinte proposta: a entidade faria seis amistosos, e as rendas iriam para o time.
Segundo Nalbert, a idéia foi aceita e o único impasse é em relação às datas. A final olímpica é no dia 29, e 8 dos 12 atletas da seleção jogam na Itália, cuja temporada começa em setembro.
Em seguida, um adendo: "O grupo quer encerrar esse assunto agora. Antes temos que ganhar, depois a gente pensa no resto".
Por fim, Giovane, campeão em Barcelona-1992, deu uma terceira versão: "Conversamos com o Ary. Ele decidiu, está decidido".
O atleta ainda demonstrou certa resignação com o valor a receber. "A situação na seleção é diferente da do clube. Aqui você está representando o povo, praticamente como um voluntário. Não tem como exigir o que a gente gostaria."
Graça Filho disse que "o problema da premiação está resolvido". "Só faltavam detalhes. Os jogadores estão satisfeitos, sorrindo."
Pelo título da Liga, a seleção amealhou US$ 550 mil.
Já a seleção feminina tem tudo acertado, segundo Virna. "O Ary já determinou: acho que serão US$ 20 mil [R$ 60 mil para cada em caso de ouro]. É excelente."
No vôlei de praia, de acordo com Ana Paula, a premiação também já foi definida com a CBV. A atleta, porém, não revelou o valor.


Texto Anterior: Tênis: TV faz Aberto da Austrália ter final noturna
Próximo Texto: Polifonia: Subempregados deram lustre ao brilho grego
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.