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POLIFONIA
Subempregados deram lustre ao brilho grego
MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
Que as obras dos Jogos-2004 atrasaram não é
novidade. Que os trabalhos foram acelerados neste ano também não é inédito. Mas agora
surgem denúncias de que isso
teria sido feito a partir da exploração de mão-de-obra estrangeira. Nos preparativos
para a Olimpíada de Sydney-2000, um trabalhador morreu.
Atenas já conta 13 mortos e pelo menos 200 feridos nos últimos dois anos, de acordo com
a contabilidade oficial.
Estatísticas que são condenadas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil na Grécia. Segundo o secretário-geral da entidade, Georgios Theodorou, os mortos devem chegar a 40.
O sindicato diz ainda que
70% dos cerca de 11 mil operários que ergueram o "projeto
olímpico" são imigrantes que
receberam remuneração abaixo do permitido, sem hora-extra e sem proteção social. Nos
pés, vestiam sandálias no lugar de botas. A cabeça não recebia capacetes.
Eles não podiam protestar
porque não tinham o visto de
trabalho grego. A mão-de-obra foi recrutada no Oriente
Médio e no Leste Europeu.
Enquanto a legislação determina que todo trabalhador na
Grécia deve receber um mínimo de 30 por dia, muitos dos
envolvidos no projeto Atenas-2004 chegavam a ganhar 15,
por uma jornada de até 14 horas diárias.
Os trabalhadores aproveitam a presença da imprensa
internacional em Atenas para
fazer barulho. O governo do
país mantém distância do assunto e evita elaborar comentários sobre o tema.
A responsável pela organização dos Jogos, Gianna Angelopoulos, quando instigada sobre o assunto, disse que o importante neste momento é ter
"todos os locais e todas as pessoas" preparadas.
Isso ainda não é exatamente
uma realidade. Ontem, ainda
faltavam placas de identificação dos locais de competição
no parque olímpico. A grama
ainda não havia sido colocada
no entorno dos ginásios. Trabalhos de última hora para
centenas de operários.
Para abrigar os Jogos, além
das arenas de competição, foram construídos um novo aeroporto, pontes, estradas e ampliadas as linhas de metrô. No
total, as obras custaram US$
7,2 bilhões.
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