São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004

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POLIFONIA

Subempregados deram lustre ao brilho grego

MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Que as obras dos Jogos-2004 atrasaram não é novidade. Que os trabalhos foram acelerados neste ano também não é inédito. Mas agora surgem denúncias de que isso teria sido feito a partir da exploração de mão-de-obra estrangeira. Nos preparativos para a Olimpíada de Sydney-2000, um trabalhador morreu. Atenas já conta 13 mortos e pelo menos 200 feridos nos últimos dois anos, de acordo com a contabilidade oficial.
Estatísticas que são condenadas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil na Grécia. Segundo o secretário-geral da entidade, Georgios Theodorou, os mortos devem chegar a 40.
O sindicato diz ainda que 70% dos cerca de 11 mil operários que ergueram o "projeto olímpico" são imigrantes que receberam remuneração abaixo do permitido, sem hora-extra e sem proteção social. Nos pés, vestiam sandálias no lugar de botas. A cabeça não recebia capacetes.
Eles não podiam protestar porque não tinham o visto de trabalho grego. A mão-de-obra foi recrutada no Oriente Médio e no Leste Europeu.
Enquanto a legislação determina que todo trabalhador na Grécia deve receber um mínimo de 30 por dia, muitos dos envolvidos no projeto Atenas-2004 chegavam a ganhar 15, por uma jornada de até 14 horas diárias.
Os trabalhadores aproveitam a presença da imprensa internacional em Atenas para fazer barulho. O governo do país mantém distância do assunto e evita elaborar comentários sobre o tema.
A responsável pela organização dos Jogos, Gianna Angelopoulos, quando instigada sobre o assunto, disse que o importante neste momento é ter "todos os locais e todas as pessoas" preparadas.
Isso ainda não é exatamente uma realidade. Ontem, ainda faltavam placas de identificação dos locais de competição no parque olímpico. A grama ainda não havia sido colocada no entorno dos ginásios. Trabalhos de última hora para centenas de operários.
Para abrigar os Jogos, além das arenas de competição, foram construídos um novo aeroporto, pontes, estradas e ampliadas as linhas de metrô. No total, as obras custaram US$ 7,2 bilhões.


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