São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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"Amarelão" nada como nunca e se redime

DA ENVIADA A PEQUIM

A reputação de Jason Lezak não era das melhores. Ostentava duas medalhas olímpicas de bronze em revezamentos, pouco para o país com o principal time do planeta. Em provas individuais, nunca havia subido ao pódio. Entre os americanos, tinha fama de "amarelão".
Mas Lezak chegou a Pequim disposto a apagar de vez a má impressão. E nenhuma prova seria tão perfeita quanto o 4 x 100 m livre, chance do segundo ouro de Michael Phelps, para redimir a falha em Atenas-04.
Há quatro anos, Phelps não superou os sete ouros de Mark Spitz na Olimpíada de Munique-1972 porque foi bronze no revezamento e nos 200 m livre.
Lezak caiu por último na água. Os EUA estavam meio corpo atrás de Alain Bernard, recordista mundial até então, que nadava rumo ao recorde em uma das mais impressionantes disputas da história.
O americano, calvo, 33 anos, veterano de um time de jovens, no entanto, não se intimidou. Na última braçada, Lezak venceu a prova, estraçalhou o recorde mundial (3min08s24) e colocou no peito de Phelps a segunda medalha de ouro.
"Não vou mentir. Quando mergulhei, pensei: "Não tem jeito". Mas, no instante seguinte, lembrei que eram os Jogos Olímpicos e que eu não ia desistir. Aumentei o ritmo", diz.
"Nunca perdi a esperança. Não sei como pude nadar tão rápido, porque nunca fui capaz de nadar nem perto disso nos últimos 50 metros."
Em sua parcial, Lezak nadou em 46s06. Na abertura da prova, o australiano Eamon Sullivan bateu o recorde mundial com 47s24. A marca era do francês Bernard, prata no revezamento, à frente da Austrália.
Lezak treina sozinho, sem técnico, desde o ano passado. Seus treinos solitários ficaram famosos e atraíram vários atletas à Califórnia para dividir a piscina com ele. Costuma cair na água no intervalo do almoço.
"Não posso explicar o que aconteceu, foi irreal. Fiz parte dos times nos últimos dois Jogos e fiquei para trás, queria vencer mais do que ninguém, não só por mim, mas para mostrar que somos o time a ser batido no revezamento. Era a chance da minha carreira."
Ele é uma espécie de líder dos velocistas americanos e fez questão de dizer que o resultado era mérito da equipe. "Sempre dizemos que são 400 m, e não quatro nadando 100 m. Não podemos expressar o quanto estamos felizes em fazer parte da equipe", afirma Lezak, que tentará repetir seu tempo nos 100 m livre.
Questionado se iria receber parte do prêmio de US$ 1 milhão oferecido a Phelps em caso de quebra do recorde de Spitz, mostrou que não era prioridade. "Acho que Michael sabe que não fizemos isso por ele. Ele foi parte disso, e nós também. Se ele ganhar oito ouros ou não, não será nossa responsabilidade. Mas ele não será lembrado como o cara do revezamento que não levou o ouro." (ML)


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