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Como ganhar no futebol de hoje (3)
MATINAS SUZUKI JR.
da Equipe de Articulistas
Vimos, nas duas semanas
anteriores, as questões relativas à necessidade de um grande (em número e em qualidade) elenco, da preparação das
categorias mais jovens, as amplas e complexas atividades
médicas e de preparação física,
tudo isso para se montar uma
equipe vencedora no futebol
de hoje.
Vimos também as questões
relacionadas aos aspectos psicológicos da preparação. Terminamos, na semana passada,
tocando no tema da formação
do ""grupo", como se diz aqui
no Brasil.
Muitos treinadores acham
que o comportamento e a atitude dos jogadores está mesmo
acima de suas habilidades técnicas.
Wanderley Luxemburgo tem
se mostrado assim.
Louis van Gaal, ex-Ajax e
atual Barcelona, controla rigorosamente o horário de seus
jogadores e chegou até mesmo
a proibir os jogadores do time
de Amsterdã a usar chuteiras
coloridas.
Já o igualmente holandês Johann Cruyff, no Barcelona, liberou Romário dos treinamentos, porque queria o atacante feliz e fazendo gols.
Coincidência ou não, Romário
teve a sua melhor fase naquele
período.
Relacionada a essa questão
está o que se chama modernamente de ""construção do time"
(""team building", em inglês).
O primeiro grande formulador desse conceito talvez tenha
sido técnico holandês Rinus
Michels, o criador da famosa
""laranja mecânica" da década
de 70.
Aí reside o principal desafio
para técnicos e managers de
futebol hoje em dia -e esse
trabalho demanda tempo, planejamento e paciência, três
atributos que faltam ao futebol brasileiro de uma maneira
geral.
Para Michels, embora o trabalho psicológico seja importantíssimo, o fundamental é a
""construção" do time em campo em termos táticos. Esse trabalho envolve três fases:
1) Organização. É o que chamaríamos de piloto automático. Um time não tem tempo
para pensar em campo. Precisa reagir automaticamente a
cada nova situação de jogo
-e para isso precisa de muito
treino e de muita disciplina tática.
2) Estratégia. É a escolha
fundamental. Seu time vai ser
um time de ação ou de reação.
Ele vai se impor aos adversários ou vai adotar uma estratégia de contra-atacar?
3) Tática. É como vai enfrentar cada adversário em determinada partida. Sob esse aspecto é preciso avaliar o esquema e os jogadores da outra
equipe, sua posição na tabela,
se o jogo é dentro ou fora de casa etc.
Essas escolhas precisam sempre levar em consideração que
o futebol é dinâmico, e todos os
dias um técnico se depara com
fatores internos e externos que
o obrigam a mudar a escalação do time, a tática e, muitas
vezes, até a estratégia.
Mais difícil de mudar são alguns valores perenes que ele
pode criar no time. Vamos
continuar no assunto.
Matinas Suzuki Jr. escreve às quintas e é diretor-editorial adjunto da Abril S.A.
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