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São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2003

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AUTOMOBILISMO

Após dizer que faria hoje, pela IRL, sua última corrida, brasileiro é sondado e pode completar currículo

Ferran se despede dos ovais de olho na F-1

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SUZUKA

TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Gil de Ferran, 35, faz hoje sua derradeira corrida como piloto profissional. Pelo menos no automobilismo norte-americano.
O cenário é o Texas, às 16h45, onde ele pode ser campeão. As chances, porém, são remotas.
Melhor piloto brasileiro da era pós-Senna tanto em títulos (dois na Indy, em 2000 e 2001) como em vitórias (11, sendo que uma nas 500 Milhas de Indianápolis), Ferran anunciou que pararia ao final da temporada.
Nos bastidores, no entanto, ele ainda tenta concretizar seu último sonho de consumo: correr na F-1.
E as propostas para que esse desejo se realize na temporada que vem já começaram a aparecer. Seu futuro poderia ser a Jordan.
Desde o anúncio da aposentadoria, Ferran tem dito que não decidiu o que fará daqui para a frente. Mas que quer continuar de alguma forma ligado ao esporte.
Geraldo Rodrigues, empresário do piloto, afirma que não existe qualquer tipo de comprometimento oficial com ninguém.
"Hoje, eu diria que no Texas o Gil fará sua última corrida como profissional. Amanhã, não sei", disse o empresário à Folha. "Ele quer tirar uns dias para descansar e depois decidirá o que fazer."
Seria uma forma de superar a frustração que viveu há dez anos, quando perdeu sua grande chance na categoria. No intervalo de um treino pela Arrows, Ferran deu uma cabeçada na porta de uma caminhão, abriu um talho na testa, e tonto, não pôde continuar.
A negociação teria começado em Indianápolis, há duas semanas, quando Rodrigues e Ferran se reuniram com representantes da Petrobras e da Jordan. A idéia do empresário é reativar o patrocínio da Lubrax com a equipe e viabilizar a ida do piloto à F-1.
As chances são pequenas e esse primeiro passo já é complicado. Há dois anos, a Lubrax estampou seu logo nos espelhinhos dos Jordan. A parceria, porém, acabou na Justiça depois que o time usou um patrocínio conflitante.
A segunda alternativa da dupla seria aproveitar o bom relacionamento do pai de Ferran, Luc, com a Ford. Ex-executivo da empresa, ele poderia interceder. Desde o começo deste ano, a equipe compra motores da montadora.
Outro fator seria o interesse das montadoras em conquistar o mercado americano. Com um piloto já conhecido do público, esse caminho seria mais fácil.
O maior trunfo de Ferran, de fato, é a difícil condição financeira da Jordan. Hoje, o time só vive situação melhor do que a Minardi.
Em Suzuka, Eddie Jordan voltou a dizer que, se não tiver ajuda, pode fechar em 2004. O destino da equipe, pelo menos nos próximos anos, é virar um "time de aluguel". É o que aconteceu em 2003.
Nas últimas provas, a equipe arrendou seu terceiro carro para pilotos jovens que quisessem participar dos treinos extras, às sextas.
Ou seja: levando dinheiro, Ferran, ou qualquer outro, pode estar na F-1 no ano que vem. O sonho, na Jordan, custa US$ 5 milhões.


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