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PERSONAGEM
Para jogar, atleta termina colegial em japonês
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos quatro anos, Norbeto
Semanaka Rocha já sabia o
que queria fazer da vida: jogar beisebol. Mas, para concretizar o sonho infantil, não
imaginava que teria de passar por tantas "roubadas".
Aos 15 anos, o adolescente
tímido deixou a família no
Brasil e seguiu para Nagoya,
no Japão. Havia sido convidado para jogar no segundo
time dos Dragons.
Mas, antes de poder se dedicar totalmente ao esporte,
tinha a obrigação de terminar o colegial, em japonês.
"Em metade do tempo
[seis horas por dia], eu tinha
aulas do idioma. No resto, ficava na sala de aula", conta.
"Eu não entendia nada do
que eles falavam. Imagine
aprender geografia, física em
japonês... Eu ficava lá sentado, olhando para a lousa. Às
vezes, acabava cochilando."
Passar de ano foi fácil, já
que Rocha não fazia provas.
Mas as dificuldades de comunicação quase o fizeram
desistir. "Eu tinha de fazer
mímica porque nem inglês
eles entendiam direito. E você também fica com saudade
da família", relembra.
Passado o choque inicial, a
preocupação passou a ser a
possibilidade de viver do
beisebol. Se não conseguisse
se fixar nos Dragons, Rocha
iria seguir a saga de milhares
de decasséguis e tentar fazer
o pé-de-meia no Japão: "Já
que eu não consegui estudar...", resigna-se.
Hoje, aos 19, o brasileiro
sonha mais alto, quer passar
à equipe principal na liga japonesa. Recebe US$ 2.000
por mês e já vive do beisebol.
Se prepara agora para estrear na seleção adulta.
"Cheguei às equipes de base
aos 14 anos, mas nunca joguei na principal. Vai ser legal estrear no Mundial, mas
ainda não sei exatamente o
que isso representa."
(ML)
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